Ensaio Sobre a Cegueira
Retirado de "A Bola" de ontem. Dispensam-se comentários.
«À beira de um ataque de nervos
NÃO é fácil abordar um tema tão delicado quanto os prejuízos e benefícios de uma equipa em matéria de erros de arbitragem. Numa Liga em que os equívocos se têm sucedido, muitas vezes de forma grosseira, na Luz já ninguém disfarça a revolta. A BOLA faz uma análise objectiva de todos os casos. José Veiga, Ronald Koeman e os jogadores do Benfica parecem estar à beira de um ataque de nervos. Na Luz entende-se que o clube tem sido sistematicamente prejudicado, com claro reflexo na actual pontuação e posição classificativa. Com ou sem razão? O nosso jornal responde a esta pergunta através de uma análise objectiva dos factos. O ponto de partida reside nas apreciações feitas por A BOLA ao trabalho dos árbitros, em cada jogo do Benfica, nas quais são enunciados os erros cometidos e as decisões acertadas. Esclarece-se ainda que aqui não é feita qualquer relação erros de arbitragem/ perda de pontos/ classificação actual. Em boa verdade ninguém pode fazer contas tão subjectivas pois é impossível saber ao certo que rumo tomariam os jogos no caso de as decisões terem sido tomadas ao contrário. Por outro lado há erros em jogos que o Benfica venceu. A conclusão é de que o Benfica tem realmente razões de queixa em várias situações, num total de seis penalties não assinalados (três contra o Gil Vicente, um com o E. Amadora e dois com o Belenenses), três golos sofridos em fora-de-jogo (Naval, Rio Ave e Sp. Braga) e três expulsões perdoadas aos adversários (Carlitos, do Gil Vicente, Luís Loureiro, do Sporting e Barrionuevo, do Penafiel). Do outro lado da balança estão a grande penalidade (inexistente) frente ao Sp. Braga e a não expulsão dePetit pela entrada sobre Targino, no jogo com o V. Guimarães. Uma referência ainda para o fora-de-jogo mal tirado anteontem a Romeu, do Belenenses, embora no âmbito deste trabalho não sejam contabilizados os foras-de-jogo mal assinalados (também aí os encarnados têm motivos para protestar), mas sim os não assinalados e que resultaram em golos. Outras situações houve em que o árbitro mereceu o benefício da dúvida: casos do golo anulado ao E. Amadora na Luz.
Uma última nota para referir que, nas restantes competições nacionais, o golo que valeu ao Benfica a conquista da Supertaça foi obtido na sequência de uma falta de Geovanni que não foi assinalada.»