Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

sexta-feira, julho 28, 2006

De facto...

o Rui Costa já resolve jogos! Quem disse que ele já não fazia assistências para golo?

terça-feira, julho 25, 2006

Réplica ao Piberman

É verdade. No último post, o Piberman desenterrou o fantasma do Lima, médio ofensivo esquerdino, que não era bem médio, nem era bem ofensivo. Sobrava o esquerdino.
Quero lembrar aos sportinguistas que é sempre possível descer mais fundo. Consulto o Almanaque do Sporting e descubro o seguinte "onze", que nos representou a 1 de Dezembro de 1988.
Rudolfo Rodriguez; João Luís I, Venâncio, Morato e Mário Jorge; Oceano, Silas, Litos (depois Forbs) e Douglas; Eskilson e Jorge Plácido.
Tanta mer** junta! A começar no banco (o brilhante uruguaio Pedro Rocha), passando pelo supervisor técnico (José Bonetti) e pelo presidente, cujo nome não reproduzirei por pudor. Comparado(s) com o Eskilson, o Lima (ou o nosso Tello) era(m) o Maradona!
Recordo que, no plantel, pontificavam ainda o Lima (claro!), o Maside, o Miguel, o Vital, o Portela e - o meu favorito de todos os tempos - o Ali Hassan!
Ao entrar em Alvalade em tardes como essa podia estar perfeitamente um letreiro igual ao que aguardava os condenados ao Inferno de Dante*: Abandonem a esperança todos aqueles que aqui entrarem!

* P.S.: O Dante em causa, talvez desconfiem, não era o Alder Dante, o árbitro. Era o outro.

sábado, julho 22, 2006

A Propósito de La Paglia

Há onze anos, disputou-se no Equador o Campeonato do Mundo de sub-17. Portugal ficou então integrado no grupo da Guiné-Conakry, Argentina e Costa Rica. Na equipa portuguesa, pontificavam nomes como Marco Caneira e Miguel Vargas. E pouco mais! A selecção nacional perdeu (3-0) com a Argentina e com a Guiné (3-2) e goleou a Costa Rica (3-0), qualificando-se à justa para os quartos-de-final, onde voltaria a perder com o Gana (2-0).
Na equipa argentina, brilhavam já Cambiasso, Gatti, Duscher e Aimar. Mas, acima deles tudos, guardei na memória um jovem organizador de jogo chamado César La Paglia. O mesmo que esta semana, sem pompa, aterrou em Setúbal para se vincular ao Vitória. Das duas, uma: ou eu não percebo nada de bola (é bem possível) ou joga no Bonfim um dos craques da próxima edição da Liga.

segunda-feira, julho 17, 2006

Entre Cuecas e Meias

“A Bola”, do cume de uma sabedoria jornalística sem par, difundiu há quinze dias o exclusivo que outros se apressaram a copiar: a comitiva do Benfica que se deslocou ao estágio da Suíça transportou 250 pares de meias de enchimento e 350 pares de cuecas. Secamente, a notícia dizia apenas isso. É certo que o Mais Futebol foi mais ousado e anunciou, com alguma pompa – mas nada que a circunstância não justificasse –, que afinal as cuecas (350 pares delas, recordo) eram todas brancas.
Não me falta vontade para discorrer sobre a tirania da cor e a ditadura desta gente, que acha que, sendo técnico de equipamentos, pode impor aos outros uma cor única nas peças de vestuário mais íntimas. À escala, a notícia faz lembrar a célebre máxima de Henry Ford, que defendia que os seus Fords poderiam ter qualquer cor, desde que fossem pretos. A mesma tirania, o mesmo padrão de arrogância. Mas, convenhamos, a figura de Henry Ford pouco pesa ao lado do estágio do Benfica na Suíça, onde, dizem, voltou a ganhar o prestigiado troféu “Jean Pierre Vient Ici”. Ford, que se saiba, não ganhou nada. Nem usava cuecas brancas.
Os leitores desconfiam que eu não sou doutorado em matemática, mas há uma aritmética que, por muito que me esforce, não consigo encaixar. Para a Suíça seguiram 25 jogadores e sete técnicos [admitindo, como princípio válido, que também eles usaram meias de enchimento e cuecas brancas do mesmo lote]. Permaneceram em terras helvéticas por dez dias. Admitindo que a comitiva trocou de cuecas brancas diariamente [e esta é uma premissa que necessita de confirmação] sobram cuecas no final dos 10 dias de estágio. Em rigor, sobram 30 pares de cuecas. Para onde foram? Para quem foram? “A Bola”, lamentavelmente, omite.
Mas há outro mistério. Se sobejam cuecas, escasseiam meias de enchimento – que eram 250, recordo. Com mais rigor, há 70 meias de enchimento a menos no final do estágio. Só compreendo o enigma se alguns dos 32 membros da comitiva forem pernetas e, consequentemente, necessitarem apenas de uma meia e não do par. A avaliar pelo que vi no jogo de domingo com o Sion, a hipótese é mais que válida: duvido mesmo que, com tanto perneta em campo, os 250 pares de meias tenham realmente esgotado. Mas gostava que os amigos benfiquistas prestassem um esclarecimento.

terça-feira, julho 11, 2006

Tempos Modernos

Acabou a bola. As mulheres saíram finalmente do sofá em frente à televisão. Não voltaremos tão cedo a ser incomodados por gritinhos histéricos nas jogadas perigosas, nem teremos de responder vinte vezes a questões maçadoras:
- Sim, depois de três cantos, é penalty.
- Não, o Simão é tão pequeno na vida real como parece na televisão.
- Sim, o Pauleta tem mesmo amnésia temporária e esquece-se frequentemente de onde está e do que deve fazer.
- Pela milésima vez, não sei porque é que o Maldini não foi chamado! É possível que o Lippi não tenha de convocar sempre os jogadores mais bonitos.
Este Mundial foi, a exemplo dos anteriores, uma decepção. Contam-se pelos dedos de uma só mão os jogos verdadeiramente cativantes: o Itália-Gana, o Gana-R. Checa, o Alemanha-Suécia, o Argentina-Sérvia, o Holanda-Portugal (apesar de tudo) e, com favor, o Espanha-França [é verdade, as minhas mãos têm seis dedos, como as do Álvaro!]
Uma vez mais, tal como nas provas anteriores, o campeão do Mundo não demonstrou, para lá de qualquer dúvida, ser melhor e mais capaz do que os outros. Teve pela frente apenas uma tarefa espinhosa – a meia-final com a Alemanha –, resolvida com mais sorte do que engenho. De resto, passeou até à final, defrontando adversários menores. Ganhou à Austrália com un colpo di Grosso e atropelou uma Ucrânia demasiado espantada por ainda ali estar. Na final, imitou um urso-pardo e hibernou durante 120 minutos, aguardando tenazmente pelos penalties.
Talvez a minha memória pregue partidas involuntárias, mas os Mundiais de há 20 anos coroavam quase sempre a melhor equipa. A Itália de 1982 teve de ultrapassar Argentina, Brasil e RFA para chegar ao título. A Argentina de 1986 superou a Inglaterra e a RFA em batalhas épicas antes de poder gozar o título. O caldo começou a entornar no Itália’90, campeonato em que a cobardia se tornou a palavra-chave. Desde então, raro foi o campeão do Mundo que teve de ultrapassar sucessivamente escolhos da sua dimensão no tempo regulamentar, demonstrando, no processo, a sua superioridade. A Alemanha (1990), o Brasil (1994 e 2002), a França (1998) e a Itália (2006) foram campeões sem passar por uma verdadeira prova de fogo como as da mitologia grega. E nós, os papalvos, seguimos 64 jogos transmitidos em directo sempre à espera do jogo lendário, do jogo para a história.
Mais triste ainda: a verdade incómoda é que, passados dois dias sobre a final do Campeonato do Mundo, o leitor dá por si como o proverbial Charlie Chaplin de “Tempos Modernos”, que continuava freneticamente a aparafusar mesmo depois de o turno de trabalho já ter terminado. É triste confessar, mas, chegadas as 20 horas, ainda se senta no sofá e aguarda impacientemente pelo grande jogo do Mundial que nunca mais virá.
Em literatura, isto chama-se uma hipérbole, pois exagerei a verdade das coisas para produzir impressão mais forte. Se, de facto, o leitor ainda se sentar em frente à televisão para ver um jogo que não será transmitido, será sinal de que está a desenvolver lentamente uma esquizofrenia e precisará de um psiquiatra. Ou de um exorcista. Em qualquer dos casos, lavo daí as minhas mãos.

quinta-feira, julho 06, 2006

Forza

A opinião expressa é unicamente de minha autoria - o Bulhão não tem de se rever nela - mas é só para dar conta do que me vai na alma: oxalá, na final do Mundial, a Itália encave a França forte e feio.

terça-feira, julho 04, 2006

Para Ler em Caso de Vitória com a França

(ver abaixo)
Felipão. Nobre Felipão. Mais hábil do que o corcel de Adrastus, que em tempos salvara o seu amo quando ele estava prestes a tombar em batalha. Mais bravo do que Antino, aquele que aguardou serenamente e desarmado pelo feroz leão. Mais bravo do que Adriano e a sua lança implacável de bronze.
Ferido, és como uma onda que investe contra o mar tempestuoso, como uma nuvem cinzenta que se insurge contra o céu, seu amo.
És digno de todos os encómios, de todas as honras. Fica desde já prometido que te poderás alambazar com as duas irmãs do Sancho, como bem te aprouver. O próprio Sancho não esquece que fizeste mais pela pátria do que Tifeu, o Velho, contra Zeus, o assassino de gigantes, e coloca-se inteiramente à disposição. Com ou sem sevícias incluídas.

Para Ler em Caso de Derrota com a França

(ver acima)
Felipão. Pulha Felipão. Tu, anão infernal, serás condenado às chamas do inferno pelas chamas da purificação! Arderás na fogueira dos pecados sem piedade nem compaixão! Ardei, vil pecador
Tu, alva vilandade, foste condenada a renegar, com humilhação os teus vilipêndios! Despi-vos e arrependei-vos sob pena de excomunhão.
És o conde Andeiro da nossa selecção. O Bellido Dolfos de Zamora que, depois de teres ganho a nossa confiança, nos assassinas no sono. És o infame Dom Rodrigo, o último godo que, abrindo as portas do estreito aos cães muçulmanos, nos obrigaste a sete séculos de árdua reconquista.
Fica desde já prometido que serás o petisco principal dos dois irmãos do Sancho, pedrastas do bairro da Bica, que te manipularão como bem lhes aprouver. O próprio Sancho, apesar da espondilose, é bem capaz de te dar uma perninha, se me faço entender. Garanto-te que as sevícias estão já incluídas.