Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

sexta-feira, agosto 29, 2008

Totobola

A Liga de Clubes anunciou hoje um novo concurso destinado a gerar receitas para os tão depauperados cofres dos clubes. Trata-se do totobola do Sporting. Ganha o adepto que conseguir adivinhar a que minuto será assinalado o penalty falso contra o Sporting e em que sector exterior à área terá ocorrido o incidente que não lhe deu lugar. Hermínio Loureiro, presidente da Liga, mostrou-se entusiasmado com o formato e promete, se necessário, criar um sucedâneo destinado a adivinhar em que partes dos troncos do jogador do Sporting batem as bolas que os fiscais-de-linha consideram "extensões naturais do braço". Apropriadamente, o concurso chamar-se-á "É fruta ou chocolate".

Oitavos? Só?


A única questão que merece discussão é qual a vitrine adequada onde colocar o caneco no final do ano. Aquilo de Madrid foi só uma brincadeira.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Como engolir um sapo

Subo hoje ao palco para descrever aos senhores uma das mais cativantes ondas de entusiasmo que varreu o jornal “A Bola” nos últimos doze meses. Não me refiro à Ronaldomania, à Mourinhomania, nem sequer à Telma Monteiromania. Refiro-me à apreciação das prestações de Christian Rodriguez neste último ano.
Para o fazer, recorrerei à elaborada técnica literária a que o José Manuel Delgado chama “jornalismo” e o resto da população trata por “propaganda javarda”. Concentremo-nos nas várias chamadas de capa que o jogador uruguaio mereceu no jornal desde que chegou a Portugal.
Anúncio do interesse do Benfica
Benfica deseja craque Rodriguez

Confirmação da contratação
Benfica contrata novo Francescoli

Primeiro golo do jogador pelo Benfica
Cebola já rende golos

Na melhor exibição pelo clube
Cebolita faz chorar os adversários

Depois dos primeiros indícios de litígio
Cebola dificulta renovação

Ao recusar primeira proposta de renovação
Christian Rodriguez parece mais longe

Perante o anúncio da contratação do jogador pelo FC Porto
O Senhor Rodriguez assinou pelo FC Porto

Depois do primeiro golo do jogador no Norte
Ingrato Rodriguez marca golo polémico

Depois da exibição decisiva que o jogador fará na Luz no próximo sábado
O ogre uruguaio não esteve particularmente mal

domingo, agosto 17, 2008

Campeões martelados

A história do Benfica nos Jogos Olímpicos é longa e dolorosa. Com presenças desde 1912, os atletas do clube da Luz acumularam uma soma gloriosa de... permitam-me que confira os meus apontamentos... é só mais um momento... ahá, cá está... uma medalha de bronze nos Jogos de 1984, a cargo de António Leitão.
A incapacidade olímpica tornou-se um complexo nos últimos 30 anos, à medida que o FC Porto somou uma medalha de ouro em 1996 e outra de bronze em 2000 (ambas por Fernanda Ribeiro) e que o Sporting acumulou uma barbaridade de medalhas: três de ouro (Carlos Lopes, 1984; Emanuel Amunike, 1996; Yuri Bilonog, 2004); quatro de prata (Lopes, 1976; Armando Marques, 76; Francis Obikwelu, 2004; e Ionela Tirlea, 2004); e uma de bronze (Rui Silva, 2004). Na tradição do olimpismo, o Benfica foi, até agora, uma nota (ou nódoa) de rodapé.
É possível que a relação de forças se altere esta semana. O Benfica apostou fortemente num trio de atletas para Pequim e tem a felicidade de contar com um quarto inesperado - Di Maria, no futebol - para obter, por fim, o desejado galardão.
É verdade que a aposta não é sustentada: à excepção de Nélson Évora, Telma Monteiro (no judo) e Vanessa Fernandes (no triatlo) formaram-se noutro lado e, à data da sua entrada no clube, nem sequer existiam secções de Judo ou Triatlo no Benfica. São, por assim dizer, campeões martelados, instantâneos como as papas, que constituem uma aposta isolada num potencial campeão para calar a humilhação. No atletismo, que já foi grande no Benfica, a representação limita-se a Nélson Évora.
Entretanto, Telma já falhou e, como o próximo ciclo olímpico ainda vai longe e a vida não está para despesas, será contemplada rapidamente com um bilhete só de ida para a margem sul.
Aceitam-se agora apostas: se Vanessa falhar amanhã (oxalá não falhe), ainda haverá triatlo para o ano no Benfica?

quarta-feira, agosto 13, 2008

A Supertaça está no papo


Quem lê este blogue com alguma regularidade reconhece, sem favores, os três pilares fundamentais do nosso estatuto editorial: a imparcialidade rigorosa na defesa do fenómeno desportivo, em geral, e do fenómeno Jesualdo Ferreira, em particular; a defesa feroz da receita de caldeirada à algarvia isenta de berbigão, esse agente do mal que se esconde em muitas das nossas cataplanas; e uma integração muito perspicaz de fenómenos do Além nas explicações futebolísticas.
Alguns leitores recordar-se-ão de uma estranha sequência de eventos ocorrida em Janeiro de 2006 e aqui relatada com minúcia. No dia 27, dei meia dúzia de piruetas na auto-estrada do Algarve, proeza que me deu oportunidade de conhecer os simpáticos senhores da brigada de desencarceramento da Brisa. Dois dias depois, o Sporting ganhou por 1-3 na Luz, com exibição memorável de Liedson, Sá Pinto e Moretto. No dia seguinte, nevou em Lisboa, embora alguns jurassem a pés juntos que eram meras penas a esvoaçar. Fenómenos isolados? Bahh! É necessário um avançado estado de paranóia para não reconhecer a evidente interligação destas ocorrências rodoviárias, futebolísticas e meteorológicas.
Ontem, com a graça que Deus me deu, rachei a cabeça numa placa de metal que a CM Loulé distribui com volúpia pelas ruas de Vilamoura, sinalizando destinos úteis como restaurantes, bares e centros de enfermagem para suturar eventuais cabeças rachadas. À primeira vista, a placa ganhou por cinco pontos no escalpe a zero, mas ainda falta a segunda mão e, como diz o Cajuda, estas eliminatórias têm sempre dois jogos. Se ao menos eu tivesse marcado um pontito fora, ainda teria esperança. Fora de casa, como se sabe, os pontos valem por dois.
A maior parte dos leitores caminha seguramente, olhando em frente, o que, em retrospectiva, parece ter a enorme vantagem de evitar colisões frontais com placas de metal de sinalização. Em contrapartida, eu caminho sempre a olhar para o chão, procurando não tropeçar em buracos na calçada e evitando pisar dejectos, mas não evitando a ocasional rachadela craniana. Poder-me-ão dizer que é uma solução bastante estúpida, mas, no dia em que os senhores que caminham a olhar em frente se precipitarem para um buraco disfarçado na calçada que os levará, aos gritos, para os confins da Terra, quero ver quem rirá por último.
Enquanto isso não sucede, cá me aguento, com um penteado que fará sensação nos salões de cabeleireiro desse país a partir de Setembro: risco ao meio, dividindo irrepreensivelmente as madeixas da direita e da esquerda, e pelada ao centro.
Ora, não é difícil adivinhar que a sutura do meu escalpe foi apenas uma primeira (e dolorosa) manifestação do Oculto. Seguir-se-á um fenómeno meteorológico invulgar – provavelmente aparecerá das brumas um indesejado heterossexual no Sasha Bar. E, naturalmente, o Sporting ganhará a Supertaça ao FC Porto no sábado, o Jesualdo fará aquele ar desolado, próprio de quem foi espezinhado outra vez, o Bruno Alves verá um cartão amarelo na sequência de uma agressão bárbara e o Quaresma tomará conhecimento do resultado no dia seguinte quando folhear distraidamente a imprensa italiana.
Que eu esbarre com uma placa de metal se as minhas previsões falharem.