Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

terça-feira, junho 30, 2009

Se for verdade...

... o rumor que para aí anda e a FPF se prepara para atribuir derrota aos dois clubes, entregando o caneco ao Benfica, só nos resta repetir a frase lapidar de "A Canção de Lisboa": vamos embora, filha, que isto é tudo uma aldravice.

domingo, junho 28, 2009

Alcochete

Se - e sublinho se - alguma culpa o Sporting ontem teve, foi em não mandar vedar a entrada da Academia de Alcochete com polícia de choque.
Facto: havia um limite de capacidade do recinto que não podia ser excedido. Não cabe ao clube visitante escolher onde se deve jogar - excepto, claro, se o visitado for o Estoril.
Facto: o Sporting usou o mesmo princípio de atribuição de bilhetes que fora colocado em prática nos jogos de andebol e futsal. É pouco justo, mas não há grande moralidade para criticar o sistema já usado no Pavilhão da Luz.
Facto: como já aconteceu noutras ocasiões, não sobraram bilhetes para o clube visitante. É triste, mas é assim.
Facto: quem vai sem bilhete a um estádio que sabe estar lotado vai à procura de problemas. Quem força barreiras, destrói carros e lança pedras indiscriminadamente não merece ser protegido pela GNR.

Admito, sem vergonha, que o Sporting deveria ter endereçado desculpas ao Benfica se Jorge Jesus foi de facto agredido em Alcochete. Mas as declarações de Rui Costa são de uma barbaridade que me espanta, mesmo tratando-se do sucessor de José Veiga.
Costa pode refilar com o recinto exíguo. Pode lamentar a ausência de bilhetes para o Benfica. Assistem-lhe esses direitos. Mas aceitar os conflitos como inevitáveis porque não havia bilhetes sugere que o Benfica já lavou as mãos dos NN e não consegue travar a sua claque fantasma de trogloditas.

Como se sai agora deste embrulho? A solução do jogo em campo neutro é absurda - não foi o Sporting que falhou na organização do encontro e não pode, por isso, ver reduzida a vantagem de jogar em casa, até pelo precedente que isso criaria para resolver futuras deslocações difíceis. A atribuição de derrota a um dos clubes não faz igualmente sentido.
Restam dois caminhos: jogar à porta fechada os minutos em falta. Ou não entregar o título deste ano. Seria o castigo mais pedagógico para quem dá tanta importância a um caneco nos juniores.

quinta-feira, junho 18, 2009

O abcesso do Dragão

"Transferência de Cissokho abortou
PROBLEMA DENTÁRIO TRAVA NEGÓCIO"

Já havia empresários para lixar os clubes. José Veigas. Intermediários. Advogados. Jornalistas. José Veigas. Médicos. Fisioterapeutas. Preparadores físicos. Dirigentes. Ex-dirigentes. Treinadores de bancada. José Veigas. Agora, até os dentistas servem para abortar transferências.
Cissokho já não vai para o Milão. Aparentemente, o problema não é muscular nem financeiro. É dentário. Cissokho ainda tem o dente do siso e não serve para os italianos.
Percebe-se: afinal, aos 41 anos, Maldini já nem dentes tinha.
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Não era o Jesualdo que garantia que, no Porto, ganhar era como lavar os dentes?

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Entretanto, o médico do Leixões explicou ao "Record" que o desequilíbrio da oclusão dentária leva a boca a não fechar bem, os dentes batem de maneira diferente, os ombros adaptam-se, a anca compensa e a perna fica mais curta do que a outra. É gravíssimo! Fernando Campos Mendes poderia ainda ter lembrado que foi uma cárie dentária que provocou a queda de Salazar, a fraude eleitoral no Irão e a extinção do temível Tiranossaurus Rex.

quinta-feira, junho 11, 2009

Dedicado ao comandante Vicente Moura

Marco Fortes bateu ontem, em Huelva (Espanha), o seu recorde nacional do lançamento do peso, passando-o de 20,13 (na época passada) para 20,52, derrotando o recordista espanhol Manuel Martinez (20,03). (Record, 11/06)

E já agora: a prova decorreu de manhã, a altura do dia em que o corpo pede caminha.

quinta-feira, junho 04, 2009

A pistola estava na cueca!


Por esta altura, 506 textos depois, os leitores já me conhecem de ginjeira. Guardam-me no íntimo da mesma maneira que o Sancho guarda aquela doença venérea que apanhou em João Pessoa e que agora nunca mais o larga. Somos inseparáveis. Eu e o leitor. O Sancho fará o que entender com a doença venérea.
Como os leitores sabem, há 35 anos deu-se o 25 de Abril de 1974. [Nota para os leitores mais juvenis deste blogue: o 25 de Abril foi mais ou menos igual ao episódio em que o Doraemon teve de voltar atrás no tempo para ajudar a extirpar do país do Nobita Nobi os verdugos que reprimiam a liberdade de Shogakukan, pequenada].
Um dos meus episódios favoritos de 1974 prende-se com a imagem que ilustra esta crónica. Em finais de Abril desse ano, na ânsia de vingança, muitos foram os que apanharam os antigos algozes a jeito. A imagem ilustra uma revista que deixou um Pide tal como quando veio ao mundo. Enfim, não como quando veio ao mundo, mas com uma cueca branca tão desajustada à situação que eu quase diria que seria preferível que ele estivesse como quando veio ao mundo. Eu DISSE QUASE, cambada!
Ora, para os jornais da época, era indisfarçável o gozo destas vinganças populares. Por isso, o jornalista que teve de legendar esta imagem não encontrou melhor solução do que explicar que a pitoresca situação se devia a uma necessária revista em busca de armas, terminando com o dichote que ficaria célebre: a pistola estava na cueca!
Por algum motivo, lembrei-me desta fotografia ontem à noite. É verdade, acontece muito: quando tenho insónias, lembro-me de Pides em cuecas. É um método internacional de repouso que já o psiquiatra Jean Piaget aconselhava.
Durante três dias, a candidatura da Lista C divertiu-se com o episódio Ericson, anunciado como potencial treinador do candidato da Lista A. Que não podia ser, pois o sueco almoçara com Toni e já confidenciara que não estava disponível; Que não podia ser, porque o empresário do técnico nem sequer conhecia o candidato; que afinal podia ser, mas já não seria porque Ericson dera uma “nega” ao candidato [manchete de ontem de “A Bola”]. Independentemente do que suceder amanhã ou até de Ericson vir a ser, ou não, o treinador do Sporting (prefiro Bento), não deixa de ter alguma piada acordar hoje com a prova fotográfica de que Ericson se encontrou, de facto, com Paulo Pereira Cristóvão.
Mas não me custa a acreditar que Bettencourt também tenha resposta para isto: é seguramente uma montagem, poderá dizer.
Afinal, a pistola também estava na cueca!

quarta-feira, junho 03, 2009

Transplante-me um comentador, por favor


Paulo Pereira Cristóvão, candidato à presidência do Sporting, foi ao “Prolongamento” da TVI24, cópia repetida até à exaustão dos programas televisivos de debate futebolístico, com um representante boçal de cada clube e um moderador com óculos para dar seriedade ao programa. O pudor não impediu a estação de impedir que o “representante do Sporting” fosse “um candidato da Lista C”, o “cirurgião” Eduardo Barroso. Aparentemente, após pesquisa rigorosa e por coincidência esmagadora, as televisões escolhem sempre como “representantes do Sporting” neste fóruns “candidatos da Lista C”, já que Dias Ferreira e Rui Oliveira Costa compõem o tridente pateta dos fóruns televisivos. Sobre imparcialidade, portanto, estamos conversados.
Permitam-me uma declaração de interesses: não gosto de Eduardo Barroso. Entre os meus cirurgiões, tenho tendência a gostar mais daqueles que não se esquecem de compressas dentro dos pacientes depois de os fechar. Mas isso sou eu, que sou maniento. Há muito boa gente que até agradece a compressa e segue feliz até ao fim da vida. É verdade que essa vida é dramaticamente encurtada pela infecção provocada pela compressa, mas é uma vida muito feliz, graças a Deus.
Durante o debate, Eduardo Barroso teve apenas um objectivo: irritar o candidato. Soltou frequentemente pigarreios que, com boa vontade, seriam entendidos como sinais de anuência, mas que poderiam ser apenas notas de catarro. Descreveu os três últimos anos como “dos melhores dos últimos tempos no Sporting” [cito de cabeça]. Concordou enquanto o debate esteve na generalidade e atacou brutalmente quando ele desceu à especialidade.
Retive duas notas: com o rigor de quem nada tem a temer, comentou que Pereira Cristóvão teria muita facilidade em fazer os outros falar, insinuação delicadíssima sobre o passado do candidato como inspector da PJ. Foi lembrando entretanto que o candidato estaria apenas a promover-se, procurando benefícios pessoais pelo serviço ao Sporting. É uma acusação digna e justificada. É pena que tenha vindo do ex-presidente da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação que, por acaso, no quadro das suas funções, entendeu remunerar-se num só mês de 2007 com 30 mil euros de incentivos pela realização dos seus transplantes. Outros serviços hospitalares em Coimbra, com noções tontas de serviço público e espírito cívico, não receberam nada. Eduardo Barroso não será muito sério, é verdade, mas é fofinho, valha-nos isso!, como um urso de peluche, que apetece abraçar. Embora com cuidado, não vá ele pespegar-nos uma compressa nas entranhas.
À despedida, depois de metralhar insistentemente o candidato, interrompendo-o, acusando-o, babando-se com tanto entusiasmo, Eduardo Barroso piscou o olho a Fernando Seara. Choca-me esta cumplicidade porque vejo nela a satisfação das elites por barrarem o acesso a um gentio. Não estava em causa um programa eleitoral ou uma questão clubística. Era bem mais feio. Estava em causa um membro alheio ao grupo que teve a distinta lata de tentar aceder ao pódio. Um marrano a querer fazer-se passar por cristão-velho, querem lá ver? Naquele piscar de olhos cúmplice, esteve a metáfora da influência arrogante das elites nos destinos de Sporting e Benfica.
Ou então Barroso precisava de uma compressa para limpar olho. Foi uma das duas.