Alegoria do Trabalho
Considero-me relativamente pouco preconceituoso em relação aos funcionários que trabalham no meu clube. Não faço questão de seleccionar o género dos trabalhadores – basta-me que se saiba se fulano é funcionário ou funcionária, que isto dos sexos já não é o que era, como aliás o Nené bem sabe. Não vejo motivos para privilegiar um credo religioso em detrimento dos outros, embora até ache que há poucos adventistas do sétimo dia integrados na estrutura do Sporting. As convicções políticas também não devem ser motivo de privilégio ou discriminação na altura de seleccionar um funcionário. Já lá tivemos de tudo, dos mais perigosos anarquistas aos mais peganhentos conservadores. O clube abanou, mas não caiu.
A idade também não deve ser motivo de exclusão, embora, como nota para o futuro, talvez fosse de bom tom remeter os casos evidentes de Alzheimer para sectores de menor importância da estrutura, como a área financeira, a contabilística ou a gestão de activos. Enfim, qualquer área onde se pudessem entreter.
Gozamos de injusta fama relacionada com as origens elitistas do clube, mas creio que qualquer instituição é elitista se comparada com uma agremiação de malfeitores nascida numa farmácia. Imaginem a cena:
Cosme Damião vai à farmácia Franco e trava histórico diálogo com o farmacêutico Pedro Augusto Franco.
- Ó sôr Pedro. Como vai passando?. A modos que os meus vasos sanguíneos da região anal se dilataram e me causam dor, desconforto e prurido..
- Ó diabo, sôr Cosme. O senhor não tem tino. Aquela bicicleta é para ser montada com selim.
- Bem sei, bem sei. Mas de maneiras que me faço esquecido.
- Pois é, mas a hemorróida é mais levada da breca do que sua alteza, o rei D. Carlos. A modos que o meu amigo deve lavar a região anal com água, após a evacuação, e deve enxaguar com toalha felpuda. Além disso, se o meu bom e viril amigo utilizasse roupas íntimas de algodão em vez dessa tanga de pele de leopardo, talvez lhe doesse menos.
- Essa da toalha felpuda fez-me lembrar que há muito tempo que não fundo um clube.
- Ora, ora. Catita! Estando o meu amigo em Belém, como vai chamar ao seu clube?
- Pode ser... Benfica. Faz todo o sentido.
É evidente que o diálogo é ficcional, até porque não são muitos os farmacêuticos com conhecimentos de proctologia. E o único indício que temos de que Cosme Damião poderia sofrer de hemorróidas é o seu bigode voluptuoso. Indício ténue, é certo, mas revelador.
Mas dizia eu que também não faz sentido seleccionar a força de produção com base no pedigree social. Excepto, claro, se a medida servir para afastar do Sporting a linhagem de Jorge Gonçalves. Nessa caso, o pedigree deve ser utilizado abundantemente na triagem.
Tudo isto para contar que esta manhã, no Multidesportivo do Sporting, decidi na minha ingenuidade que desejava comer uma sanduíche de fiambre. Arrogância a minha! "Não trabalhamos com fiambre", anunciou a funcionária. Lá me convenceu a aceitar uma sanduíche de manteiga porque com lacticínios, felizmente, o Sporting trabalha. Ocorreu-me, enquanto dava graças pela feliz coincidência de o Sporting também trabalhar com café, que há funcionários no clube claramente deslocados das funções para as quais estariam habilitados. A senhora em causa, por exemplo, poderia escrever discursos para o ex-presidente Dias da Cunha. Piores do que a lengalenga do sistema não deveriam ser.
9 Comments:
Ó Bulhão. Tu tens ideias do caraças. Esta história da farmácia tem algum fundo de verdade
É verdade Jonathan, de farmácias o Bulhão, depois do Rodolfo Moura é das pessoas mais habilitadas para falar.
Consegue recuperações excelentes de periquitos caseiros em fase pós-operatória para substituir a águia Derrota, tal como o "milagroso" fisoterapeuta dos lampiões consegue recuperar os jogadores do milhafre mesmo que sejam amputados como o Mantorras, retirando-lhes peças novas por outras usada em bom estado de conservação.
Ó agruras. O saber não ocupa lugar. A fonte da informação prestada neste autêntico serviço público foi a Associação Brasileira de Proctologia. Precisas de uma toalha felpuda?
Gostei particularmente do pormenor de masculinade medida na proporção inversa da capacidade literária. Nesse particular, convenhamos, Luís Filipe Vieira deve ser o cavalheiro mais masculino do país.
Entretanto, ontem, numa livraria, vi que saiu mais um livro sobre disfunção eréctil. Já deves ter lido.
Com sinceridade, já esperava que ao relato frio e subjectivo de uma situação histórica ocorrida na farmácia Franco correspondesse um feed-back boçal de leitores incompreendidos e condoídos. Com doídos e com ardores. Sobretudo daqueles com infecções localizadas ao nível das criptas e glândulas anorrectais.
Cabe-me expressar solidariedade nesta fase difícil e esperar que a fissura rapidamente prolabe. E que a sigmoidoscopia seja pouco dolorosa.
Fim de serviço público proctológico Não percam amanhã: Alimentos prebióticos e probióticos e a flora intestinal – o Fim do Dilema.
Eu não considero o bigode um indicio ténue, acho o post ultra fundamentado, parabéns.
Nesse caso, Apre, o Veloso, o Toni e o Humberto Coelho também devem sofrer do mesmo problema. É caso para encomendar uma tonelada de toalhas felpodas.
Humberto Coelho?
É o mesmo que ontem gritava "Ui! Ui!" na Sport Tv depois de se aperceber que o golo de Nuno Gomes não contara?
Esse mesmo.
E já agora, Jonathan, esqueceu-se do Bento.
Pedisse o meu amigo uma sandwich de roast beef...
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