Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

À rapaziada interessada...

... que se fartou de mandar mails ontem e hoje, informo que ainda não é desta que fechamos a porta. Também não creio que tenhamos sido encarcerados, como sugeriu uma alma bondosa. Pelo menos, falei há bocado com o Sancho e não deu impressão que estivesse atrás das grades.
Caprichosamente, o Blogger escondeu a página de abertura deste serviço por motivos obscuros. Eles dizem que é coisa técnica, mas eu cheira-me que há dedo do Carlos Freitas nesta história. Uma espécie de cortina de fumo para evitar que se saiba que andam neste "muda relvado-não muda relvado" há mais de um mês.
Se me é permitido expressar um primeiro desejo para 2007: que o sorteio da próxima eliminatória da Taça de Portugal dite um jogo em casa (agendado necessariamente para 28/1). Sempre queria ver como descalçavam essa bota.

Em jeito de sugestões de leitura, não percam a teoria da conspiração expressa no King Lizards. Impossível? Veremos.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Natal Puro

the pogues and kirsty macColl

Não é Natal sem ouvir esta música pelo menos uma vez, emborrachados até ao ponto em que já achamos que o coiro da prima da mulher afinal até marchava. Ou, se calhar, é só o meu Natal que é assim.
Boas festas, malandragem. MESMO para os benfiquistas.

Pérola do Atlântico


Segue em baixo a razão pela qual não fiz carreira como poeta: lobbies. O lobby dos poetas tem muita força. E é muito hermético: quem nunca usou um camisolão com cotoveleiras de camurça nem fumou cachimbos ordinários difícilmente ganha acesso ao Grémio Literário. Mas eu não desisto. As minhas rimas, aliás, falam por si.
Por si, leitor. E por elas.

Madeira, Madeira,
Ilha de futebol maçarico.
Das três vezes que fomos à tua beira…
fizemos mais danos qu’ o padre Frederico

Madeira, Madeira
Arquipélago de Dom Jardim, o Velho
Está claro qu’este ano
até basta o Rodrigo Tello!

Que crueldade! Que falta de chá!
Ir à Madeira e não deixar nenhum ponto lá.
Por sorte, já não voltamos mais:
Ainda nos culpavam pela lei das f’nanças regionais.

Ó Ronaldo, desculpa a gente
Pelo atrev’mento que desmoraliza.
Imagine-se: vir do cont’nente…
e jogar com o Tiago na baliza!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

O Funcionário Público

Na vida, estimado leitor, tenho dois pesadelos incontroláveis: há dias em que sonho que uma gigantesca sapateira inverteu a ordem natural das coisas e me dá marretadas firmes na cabeça com um martelo para partir marisco, pesadelo muito frequente entre os apanhadores de amêijoas da costa vicentina e que Sigmund Freud interpretaria seguramente com o seu célebre dichote: bij scheikunde kunnen we altijd met hartelust spieken [N.R.: lá vêm estes piolhosos falar de lagostas e sapateiras outra vez. Rais’parta a vida, que eu não ganho para isto! Bem faz o meu primo Armando, que é guarda-livros em Innsbruck e passa a vida a mandar mails porcos!]
Noutros dias, acordo em pânico, imaginando que o Tiago, eterno segundo guarda-redes do Sporting, vai disputar um jogo oficial. Hoje, soou a primeira trombeta do apocalipse e os piores receios confirmaram-se: Tiago vai mesmo jogar na Choupana, no jogo de Taça de Portugal para ali marcado.
É dramático constatá-lo, mas o Tiago é o jogador com mais anos de Sporting no plantel. Entrou em 1997 e, à excepção de um abençoado empréstimo ao Estrela da Amadora, nunca mais desamparou a loja. Consistente, nunca mostrou particular preferência pelos métodos das dezenas de treinadores que a ele recorreram nestes nove anos: falhou sob as ordens de todos, mostrando notável regularidade em todas as características que definem um guarda-redes moderno. Não desfaz cruzamentos. Vê mal ao longe. Sai mal aos pés dos avançados contrários. Repõe as bolas em campo sistematicamente pela linha lateral esquerda, como um canhão de artilharia indefinidamente mal calibrado. E custa a bonita média de 1,5 golos sofridos por jogo.
Coloca-se, pois, a inevitável questão: como diabo se aguenta esta criatura há nove anos no mesmo clube? Resposta: nunca ninguém deu por ele! Tiago é o funcionário público da Sporting, Sad.
Tenho um amigo que é quadro médio do Ministério da Educação há mais de duas décadas. Nunca exigiu gabinete, nem pediu secretária. Nunca assinou um requerimento. Nunca se lhe ouviu a voz em reuniões. Nunca se fez voluntário para nada, nem deixou de picar mecanicamente o ponto todas as manhãs e fins de tarde. Passa despercebido, como um fantasma moderno, espectro sarcástico de uma burocracia galopante que não repara nos homens invisíveis da engrenagem.
O Tiago é parecido. Colegas e treinadores passam por ele sem se interessarem pelo vulto que lhes é familiar. Decorrem semanas sem que os jornais digam o que quer que seja sobre ele. Uma pesquisa rápida no arquivo do Record (peço desculpa. Da próxima vez, pesquisarei fontes com mais bom gosto) revela três notícias sobre ele desde o mês de Setembro: uma lesão no joelho que não o afastou dos treinos; uma arreliadora gripe que o deixou dois dias acamado; e o regresso triunfal aos treinos depois da arreliadora gripe.
Amanhã, porém, regista-se o pior pesadelo da vida de um homem invisível: alguém descobriu o seu ficheiro e convocou-o para a trincheira da frente. Logo ele, que tem pavor a confusões, vai ser chamado a provar o seu valor à frente de toda a gente. É verdade, não há transmissão televisiva [porta-te bem, Lucílio, que tu trabalhas a dois quarteirões de minha casa!], mas, mesmo assim, as suas limitações ficarão expostas a olho nu. Tenham medo, leões. Tenham muito medo!

domingo, dezembro 17, 2006

Do site do Portsmouth (rigoroso exclusivo)


Official communication 1/2006
To: Sport Lisboa e Benfica
Aljube's Prision
Convict José Veiga

Dear sir,

We regret to inform you that the we find the player Manuel Henriques Tavares Fernandes, a.k.a. Manelelé, useless in the multiples job we've offered him. Not only he limps in the playing field, as he can't walk on a straight line, neither functions as the club's cook, gardener or mime.
Please don't send us this trash anymore nor pretend that you have a youth player politics.
Hope to hear that in the near future your prision sentence is cut short.
Yours trully,

(assinatura ilegível)

Quatro pontos!


Desde já proponho que qualquer vitória obtida pelo Sporting em jogos arbitrados pelo Bruno Paixão mereça da Liga um ponto adicional de bonificação. O que é justo é justo!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

TLEBS… Também no Mãos ao Ar

Carlos Xistra, o árbitro responsável pela excitante e rigorosa narrativa redigida no final do jogo entre o Benfica e o Estrela da Amadora (original "aqui" ), será o novo coordenador da controversa Nova Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS). A notícia foi confirmada ao Mãos ao Ar por um porta-voz do Ministério da Educação: “Carlos Xistra desmonstrou notável domínio sobre as artimanhas da língua, movendo-lhes perseguição desempachada e forçando-a a desempedernecer”, comentou Bernardo Santareno, escritor falecido há 26 anos e, como tal, ligeiramente queixoso com o frio que se faz sentir nesta altura do ano. “Para o meu amigo, que é mais largo de ossos do que eu, este taró está muito bem. Mas, para mim, está bem de ver, custa muito”, acrescentou o autor de “A Traição do Padre Martinho”.
Visivelmente satisfeito, o jovem árbitro de Castelo Branco agradeceu: “Os pós-materialistas reivindicavam a herança de Gilles Deleuze, desbracejando e procurando deslargar-se da filosofia histórica de Michel Foucault e da semiologia crítica de Roland Barthes aplicada à gramática. Naturalmente, derivado da minha função de juiz de partida, não permiti veleidades e travei todo o tipo de movimentos tendentes à prosecução de uma situação de desaperto, aplicando a primeira recriminação prevista nos termos da lei.
Eles continuaram a teimar, insistindo que a linguística, tal como está, tem todas as condições para se desmandar em velocidade e desobstruir-se de adversários, não necessitando para o efeito de lexicografias correspectivas. Descordei e evitei posteriores destemperos, desfrechando um golpe certeiro nos contendores e aplicando a TLEBS exigida pelo regulamento.”
Registe-se que Eduardo Prado Coelho já se apressou a contestar a nomeação, chamando-lhe “une folie ni tout à fait leurre ni tout à fait identité, como nós dizíamos numa brasserie de Xabregas, enquanto encomendávamos petits plats de consommé de poulet avec ris et abattis. Monsieur Xistra é, como dizíamos na Sorbonne, uma gigantesca besta que deve achar que uma certidão de óbito é uma declaração passada pelo Frodo Baggins. Irra!”

terça-feira, dezembro 12, 2006

Assim nao dá…



A imprensa tradicional está a fazer concorrência desleal aos blogues satíricos.
Tenham paciência, mas assim não consigo competir. Nunca me passaria pela cabeça notícia tão brilhante.
Assim, retiro-me humildemente para a minha anterior profissão: voltarei a ser o ventríloquo de Carrazeda de Ansiães.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Eu, Carolina


Em rigoroso exclusivo nacional, publicamos um excerto do livro “Eu, Carolina Salgado” por incúria não incluído na obra agora à venda em todas as grandes superfícies comerciais. Pelo manifesto interesse público do excerto, e depois de garantido o consentimento da autora, reproduzimoze-le-o… reproduzimo-si-o…reproduzimo-li-e-o… enfim, pomo-se-le-o já a seguir. Arre!

«10 de Abril
O Jorge Nuno está inquieto. Os nervos estão à flor da pele e já me assentou duas lambadas sem motivo aparente. Mas eu sei a causa. O FC Porto vai receber o Riopele para a Taça de Portugal e, sem caldinhos com os árbitros, ele desconfia que vai perder. Ofereço-me para mandar espancar o presidente do Conselho de Arbitragem da Liga. Diz-me que não, que dá muito nas vistas. Está a amolecer com a idade. E não me refiro só às capacidades para dirigir o clube.

11 de Abril
O alternadeiro do talho, aqui no Ameal, disse que não me fia mais nada sem ver dinheiro. Mandei espancá-lo com um barrote cravejado de parafusos, claro está. Eu não sou dura. Foi a vida que me fez assim.

14 de Abril
Está-se mesmo a ver: sexta-feira à noite e, em vez de sairmos, sua excelência quer jantar em casa com árbitros. E os ares sebosos dos tipos? Um é careca, o outro tem um bigode que me faz lembrar um azeiteiro que trabalhava no Calor da Noite. Só falam de foras-de-jogo e penalties. E só comem fruta e doces, os alarves! Há semanas que não se come outra coisa cá em casa.
Ao menos, não se perdeu tudo. O Jorge Nuno prometeu-me que me levava este fim de semana ao estrangeiro para ver monumentos e coisas assim. Vai ser tão romântico!

15 de Abril
Grande besta! O fim de semana romântico no estrangeiro, afinal, foi só eu, ele e… mais 300 Super Dragões em Gelsenkirschen. E a o monumento era o estádio dos alemães. Nunca fui tão apalpada na minha vida. Esta gente não sabe que eu sou uma senhora.

17 de Abril
As finanças recusaram a minha declaração de IRS: não me deixam deduzir a aquisição de um varão Inox nas despesas de “material profissional”. Sabem eles que isto custa os olhos da cara? Ou pior.
Conheço um rapaz que é trolha em Freamunde. Muito jeitoso de mãos. Pedi-lhe para espancar o chefe do 13.º bairro fiscal do Porto.

18 de Abril
Afinal, era engano. O varão pode ser deduzido no IRS.
Se o chefe do 13.º bairro fiscal ainda tivesse nós dos dedos, poderia ser ele a fazer a dedução.

19 de Abril
O Jorge Nuno revelou-me hoje que vai voltar para a primeira mulher. De súbito, a minha memória reavivou. Estou a lembrar-me de tudo.
Tenho provas de que o Jorge Nuno esteve envolvido em todas as trapaças do século XX, desde a falsificação das notas do Alves dos Reis até ao atentado falhado contra o Salazar em 1930. E se a TVI me pagar mais, ainda posso comprovar que foi ele quem trouxe a peste negra e o maestro António Vitorino de Almeida para Portugal. E que o terramoto de 1755 só escavacou Lisboa e arredores porque ele mandou.

domingo, dezembro 10, 2006

Importa-se de repetir?

«O Dr. Vale e Azevedo é um homem sério, até me provarem o contrário.» - José Capristano, ex-vice-presidente do Benfica.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

2 Shots on Goal?...


... qual foi o outro?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Uma algália, por caridade

Dizem que o pirata Barba-Negra, corsário da pior espécie, ao pressentir o ócio entre a sua tripulação, puxava do fuzil e despachava aleatoriamente para o Além um dos seus servidores. Com a sua travessura juvenil, Barba-Negra garantia a motivação dos sobreviventes. O medo sempre foi um dínamo fantástico… Dínamo, não, que me faz lembrar russos… Correcção: o medo sempre foi um factor de motivação fantástico.
Ocorreu-me ontem, enquanto berrava a plenos pulmões para o Paulo Bento “fazer qualquer coisa”, instrução rigorosa e conhecedora à qual não falta um certo encanto, que o treinador do Sporting podia e devia seguir exemplo tão edificante. Talvez aqueles camafeus que ontem subiram ao relvado corressem um bocadinho mais se vissem… sei lá… um Carlos Paredes tombado, em posição fetal, procurando reintroduzir a custo as vísceras dilaceradas no espaço idealizado pelo Criador.
Vou confessar uma coisa: estou um bocadinho farto de ser enxovalhado sempre que o Sporting vai disputar um jogo decisivo. Este ano, já troquei três vezes de ritual supersticioso, portanto não me podem acusar de agoirar. Desta vez, creio, não está nas minhas mãos. É bem possível que a responsabilidade pelos maus resultados também se deva à falta de qualidade da equipa. Ou à Opus Dei e à marcenaria – ou coisa assim – que tomou conta dos destinos do clube.
Ronny, Custódio, Paredes, Romagnoli, Moutinho, Nani, Martins, Bueno, Liedson… Ninguém remata no Sporting. Esta equipa é, perdoem-me os mais impressionáveis, uma gigantesca bexiga inflamada, que não vaza (ler: não remata) nem por decreto. Enche, enche, enche. Mas, vazar, nada. Por amor de Deus, arranjem uma algália ao Paulo Bento no mercado de Inverno.
E, já agora, ninguém quer comprar o bilhete para o jogo de Setúbal que o anormal que subscreve estas linhas adquiriu há semana e meia, antes de tomar violentamente contacto com a realidade?

terça-feira, dezembro 05, 2006

Serafim Decide Ajudar

(ou como carpir mágoas em público sem assumir que a derrota com os trolls foi um vexame. Em retrospectiva, aliás, parece absurdo que tenha ficado gente à porta do estádio, a berrar toda a noite, em tronco nu, contra a equipa, a direcção, o clube e os travestis que representaram o Sporting. E eu sei porque fiquei lá a berrar sozinho)

Serafim é barbeiro. Barbeiro à antiga, acrescento. “Não há cá lâminas novas na navalha a cada corte, que isto não está para arraiais”, diz, cofiando o cabelo grisalho, quando lhe perguntam se não vai limpar o sebo, a brilhantina ou o sangue vertido pelo último escalpe que a navalha a custo sulcou.
Há quem não goste de Serafim. Quem? Os inspectores do Ministério da Saúde que lhe fecharam a barbearia no mês passado, por exemplo. Ou os senhores das Finanças que lhe perguntaram há dias se planeia entregar algum dia uma declaração de rendimentos. Nesses momentos, Serafim responde automaticamente com a frase lapidar que Pinto da Costa desferiu numa tertúlia portuense na confeitaria Petúlia: “Largos dias têm 100 anos”.
A Albertina, lá em casa, já lhe pediu que parasse com a lengalenga. “Estás a ficar parecido com o Toninho, aquele que era maluco e dava com a caixa de esmolas na cabeça quando não lhe faziam as vontades.” Vexado, Serafim cala-se, mudo e quedo. “Ela verá. Largos dias têm 100 anos.”
Mesmo trabalhando no coração de Lisboa, Serafim é portista. Portista de clara, gema e salmonelas. Adaptável como poucos aos ziguezagues da política portista, já o ouviram referir-se a Carolina Salgado como “a dona Carolina”, mas também o escutaram a vociferar: “Aquilo é que é uma p*** que ali anda!”. Aos seus olhos, Miguel Sousa Tavares já lhe mereceu incontida veneração: “um doutor que faz inveja aos outros doutores no parlapiê dos palanques”. E já lhe mereceu fúrias nervosas: “Pois se não é um gigantesco alarve, hein?”, resmunga, contrariado, a cada Nortada.
Calhou em destino que o meu escalpe e a tesoura de Serafim travassem histórico duelo três dias depois do Sporting-Benfica.
Serafim: Olá, menino. Então o paizinho tem saído?
Eu: Não, sôr Serafim. Ainda lhe faltam três meses para a primeira precária.
Serafim: É verdade, é verdade. Como o tempo passa! Hrum hrum. Viu o joguito?
Pausa.
Eu: Vi, vi. Queria o corte do costume: um caldinho à Paulinho Cascavel.
Serafim: Hrum hrum! Aquilo é que foi um sarilho! Era pespegar-lhe um par de açoites.
Eu: A quem? Ao Custódio?
Serafim: Não, menino. Ao árbitro. Foi um penalty que até um invisual marcaria. Mas o malandro ia bem encomendado.
Eu: Quem? O árbitro?
Serafim: Não, menino. O Custódio!
Eu: Os miúdos estão cansados, sôr Serafim. Aquilo é rapaziada que ainda trabalha a recibos verdes.
Serafim: Pois é, pois é. Em vez de dinheiro, dão-lhes recibos verdes e depois querem merenda.
Eu: O que custa, sôr Serafim, é ter jogado com os gajos com punhos de renda.
Serafim: Com quê, menino?
Eu: Com punhos de renda.
Serafim: O homem nem é muito mau, menino. Mas que sai mal dos postes, lá isso sai.
Eu: Olhe, sôr Serafim. Não era o Malhadinhas do Aquilino que dizia que “somos almocreves e na estrada andamos. Não paga a pena apeguilhar!”?
Serafim: Ó menino, eu isso não sei, que eu não me dou com essa gente. Mas largos dias têm 100 anos, isso garanto eu!

Por uma vez, alarves, ganhem hoje um jogo decisivo!!!

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Os Merdinhas - Parte 4 (e final)

(redigido pela pena nobre e honrada do Férenc Meszaros, terceiro colunista convidado do Mãos ao Ar, depois do José António Lima e do António Lobo Antunes. Peço desculpa, Férenc, por misturar-te com gente desta, mas os parceiros de blogue são como as sanitas de serviço público: a gente nunca sabe quem se vai sentar a seguir)
Sem mais delongas, cá vai então a parte 4 da avassaladora série "Os Merdinhas".

«Há muito, muito tempo, ainda antes de haver Internet, o anjo da luz, criado por Deus e um dos Seus preferidos, numa ataque de birra, ambição e ciumeira, manda Deus às urtigas, faz-lhe um pirete e diz preferir renegar o seu criador e ir para um sítio mais quentinho, onde pode ser chefe à vontade e deixar crescer livremente um belo par de cornos a ser mais um de muitos anjos abichanados, cheios de azinhas e caracolinhos doirados.

Uns dias mais tarde, numa galáxia muito, muito distante, um tal de Anakin Skywalker, valioso e promissor guerreiro Jedi, mando o seu mestre às urtigas, faz-lhe um pirete e diz preferir renegar a Força e ficar deficiente, desfigurado e com um capacete enfiado na cabeça o resto da sua vida a estar ao pé do Yoda sem lhe poder dar um chuto nem corrigir-lhe as frases.

Sensivelmente pela mesma altura, e numa galáxia ainda mais distante, a Dona Zita Seabra, eminente militante do Partido Comunista Português, cansada da luta do proletariado contra os ideais capitalistas, manda a internacional socialista às urtigas, faz-lhe um pirete e diz preferir renegar quem lhe deu protagonismo e ser deportada para o Tarrafal a ouvir mais uma vez o Janita Salomé na Festa do Avante.

Um pouco mais tarde e no lado bom da Segunda Circular, o Sr. Laranjeira, ilustre jogador de futebol profissional do Sporting Clube de Portugal e ex-capitão de equipa, manda às urtigas o clube que o havia formado e conduzido até à Selecção Nacional, faz-lhe um pirete e diz preferir ingressar num cube onde não tenha que usar placa, aceitando ser incluído numa transferência com o Botelho para o Benfica, por troca com Eurico e Fidalgo.

O certo e o errado, o bem e o mal, Monthy Python e Malucos do Riso. A Luz e as Trevas. A bipolaridade do universo permite a opção. E até podemos compreender que já se esteja farto dos dreds da Festa do Avante, da sintaxe de caca do Yoda ou das harpas dos mariquinhas com penas. Mas são insondáveis os mistérios que levam um homem como o Sr. Laranjeira a renegar o seu criador como fez o diabo, rejeitar a Força como fez Darth Vader e abandonar quem lhe conferiu notoriedade como fez a D. Zita. Ainda por cima pelos Malucos do Riso. É impossível não nos sentirmos como se nos tivessem traído com o Emplastro.

Reza a lenda que o Sr. Laranjeira era um bom homem. Talvez por isso, num momento de lucidez, tenha tomado consciência do seu erro e da desilusão que provocou numa massa adepta sem meias de raquete e com alguma dentição não cariada, que o idolatrava. Envergonhado, emigra para os Estados Unidos onde ainda hoje se encontra, escondido. Consta que nas próximas eleições voltará a votar nos Republicanos.»
Por Férenc Meszaros. Clap clap clap.