Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Sugestão conceptual para as nossas claques



«Purovic é fulminante. É fulminante. É fulminante.

Purovic é estonteante. É estonteante. É estonteante.
(repetir coro)

Purovic marca com a tola. Marca com a tola. Marca com a tola.

E também de carambola. De carambola. De carambola.
(repetir coro)

Ele vem do Montenegro. Do Montenegro. Do Montenegro.

Joga à bola com' um labrego. Com' um labrego. Com' um labrego.»

A princípio, parece um pouco estúpido. Mas depois tem tudo para ser um clássico. Pensem nisso.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Não fui eu...



A essa hora eu estava num curso de bordado. Para além do mais, não gosto de usar capuzes. Fazem-me comichões na faringe.

domingo, fevereiro 24, 2008

Canalhice...

... a TVI escolher o Rui Patrício para comentar as incidências do jogo.

Falta de amor próprio...
o Rui Patrício aceitar!

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

O Sá está de volta!

– Queres ver a minha colecção de borboletas?
Poucos contestarão que esta é a melhor linha de engate de todos os tempos. Recorrendo a ela, muitos atraíram inocentes donzelas ao seu covil, enganando-as com a perspectiva de observar in loco os mecanismos de sucção das peças bucais destes invertebrados. Quem as censura? O apelo de um lepidóptero é irresistível e, mesmo a mais inexpugnável fortaleza feminina, se persuadida durante horas, pode ser superada com esta técnica. Pessoalmente, eu prefiro dar-lhes uma marretada na cabeça, que dá muito menos trabalho.
Para alguns tibetanos, a borboleta, a coruja e o búfalo são animais sagrados, mas a gente desculpa-os. Estão fechados nas montanhas e está bem documentado que faz muito mal a exposição prolongada à altitude, ao frio gélido da montanha e ao alpinista João Garcia. Seja como for, pela sua capacidade de metamorfose, a borboleta tem lugar cativo na maior parte dos mitos religiosos, muitos dos quais se inspiram nela para prometer a reencarnação.
Eu não costumo acreditar nestas coisas, mas, ontem li uma “Nova Gente” num consultório e a argumentação da reencarnação pareceu-me credível. E não me custa a acreditar que, se um Valentim Loureiro contemporâneo pode amanhã transformar-se num exuberante escaravelho-bosteiro (aquilo a que os informáticos chamam um “update”), outras reencarnações podem ser possíveis.
Submeto, pois, aos senhores que Simon Vuckcevic é a reencarnação de Ricardo Sá Pinto. É verdade que Sá Pinto ainda não morreu, o que costuma complicar bastante as reencarnações, pois dá muito mais jeito que o sujeito a reencarnar já esteja frio e mole, como o presidente do Sporting. Mas, enfim, façam-me a vontade.
Experimentem olhar do topo da bancada para Vuckcevic (eu, que tenho a gamebox dos pobrezinhos, lá nos confins das últimas filas, não tenho mesmo outro remédio que não seja olhar bem de cima. Aliás o meu lugar é tão mau que estou quase ao lado dos jornalistas do “Record”. Bleerk!). Em campo, o montenegrino é a personificação da coragem. Não é particularmente inteligente na gestão do esforço, mas deixa a pele em cada jogada. Faz questão de demonstrar ao público e ao adversário que um mero centímetro quadrado ganho ou perdido pode ser decisivo para o resultado final.
O público, claro, reage. Vê nele a extensão da bancada, o músculo que gostaríamos de ter no relvado. Vuckcevic joga como um adepto – é o melhor elogio que lhe posso fazer. Como Sá Pinto, marca golos decisivos. Como Sá Pinto, corre quilómetros. Como Sá Pinto, luta pelo prazer de lutar. Como Sá Pinto, inspira os colegas pelo exemplo. Como Sá Pinto, magoa-se estupidamente num movimento escusado.
Um dia, passou um pensamento mau pela moleirinha do Sá Pinto e pespegou duas galhetas no Artur Jorge, então disfarçado de seleccionador nacional. Se os tibetanos tiverem razão e a reencarnação reproduzir a rotação sagrada, talvez Vuckevic faça o mesmo.
Pelo menos, ríamo-nos.
É que o seleccionador de Montenegro é o Filipovic.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Leo sénior

Na sede de uma conhecida claque verde-e-branca…
Ultra # 1: Passa a bandeira, Fernando.
Ultra # 2 [em esforço]: Rggghnnn… Não posso.
Ultra # 1: Passa a bandeira, homem.
Ultra # 2: As cruzes, menino. Doem-me as cruzes. Nuno, segura tu no estandarte. Nuno. [grita] Nuno!
Ultra # 3: …
Ultra # 1: O gajo está mouco, coitado. Já não ouve. Deixa cá a bandeira, levamos só os cachecóis.
Ultra # 2: Vamos então. É só levantar-me. Rggghnnn. As costas já não são o que eram. Alguém viu a minha muleta?
Ultra # 1: Está ali, ao lado da minha prótese de madeira.
Ultra # 2: Um é surdo, o outro é coxo. Estou bem arranjado! É verdade, como é que está a tua espondilose?
Ultra # 1: Ai menino, dói-me como se me espetassem punhais. No outro dia, no centro de dia, nem consegui jogar dominó.

No estádio…
Ultra # 2: Dá-me uma broca.
Ultra # 1: Já não trago disso para o estádio, menino.
Ultra # 2: Por causa da polícia?
Ultra # 1: Por causa do meu médico. Diz que interage com os comprimidos para a gota e cria-me alucinações.
Ultra # 2: Mas que claque vem a ser esta, Nuno? Hein, Nuno? NUNO? [grita]
Ultra # 3: …
Ultra # 1: O gajo está mouco.
Ultra # 2: Já sei, já sei. Ui, que frio que está. Alguém trouxe uma mantinha? Queria pôr uma mantinha sobre as pernas?
Ultra # 1: Eu trouxe. Somos ou não somos uma grande claque?
Ultra # 2: E farnel? Há farnel? Gostava de trincar qualquer coisa.
Ultra # 1: Eu trouxe uns filetes num tupperware. Tenho de comer coisas moles porque os dentes já não vão para novos.
Ultra # 2: Ai menino, a quem o dizes. Já vou na segunda placa. O meu neto mais novo partiu-me uns dentes praticamente novos.

Mais tarde…
Ultra # 2: Olha, olha, foi golo. Aquele não é o Yazalde?
Ultra # 1: Esse já não joga, menino. Este é o Liedson.
Ultra # 2: Ai os meus olhos… Eu tinha uma visão de lince, menino. De lince. Mas porque é que ele está só com um braço levantado?
Ultra # 1: Esse é o fiscal de linha. Parece que anulou o golo.
Ultra # 2: Que maçada! Eu levantava-me para protestar, mas tenho os joelhos cheios de líquido.
Ultra # 1: Cantamos um tifo de protesto?
Ultra # 2: A ver se não me esqueço da letra, que a memória agora prega-me partidas. Vamos embora, Sport… aaaaiiii.
Ultra # 3: O que tem o Fernando?
Ultra # 1: Parece que deslocou uma vértebra quando se levantou para cantar.
Ultra # 3: Hum?
Ultra # 1 [grita]: PARECE QUE DESLOCOU UMA VÉRTEBRA.
Ultra # 3: Que maçada, que maçada!
Ultra # 2 [pensativo]: Tenho estado cá a pensar. Acham que 20 anos à frente da claque será de mais? Será que estamos gastos?
Todos [em coro]: Não!

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Ctrl + Alt + Delete

Reiniciar a temporada, por favor.
Pelo menos, e isso que eu faco quando estou a jogar CM2 e perco em Belem.
Nao se pode cair mais fundo do que isto.

(post sem acentos ortograficos porque o blogueiro esta na estranja a lutar pela vida)

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Ganhar à Benfica


Eu sou ateu. Pelo menos, era. Até domingo passado.
A Bernardette, em Lourdes, viu uma senhora vestida de branco em 1858 e jurou a pés juntos que o vulto de Maria lhe ditara três segredos: que a comuna de Paris estava por um fio; que o bacalhau à gomes Sá ganha mais gosto com coentros; e que o 4-4-2 é bastante vulnerável se a equipa adversária jogar com apenas um médio de contenção. Bernardette, naturalmente impressionada, tornou-se crente.
Eu, que sou mais sofisticado, precisei de uma demonstração de hora e meia. Durante 90 minutos, a equipa do Sporting foi tratada pelo adversário como o calceteiro normalmente trata as pedras da rua: com marretadas persistentes e dolorosas. Mesmo assim, ganhámos. Aliás, jogos houve no passado em que bastou uma oportunidade em todo o jogo para os senhores marcarem o golito da ordem e arrebatarem a vitória, sem honra nem glória. Desta vez, não. E eu fiz como o comentador Rui Santos: entre atribuir um pedaço de mérito à exibição do Sporting, admitindo assim que Paulo Bento até acerta as agulhas uma vez por outra, e entregar toda a responsabilidade pelo resultado à fortuna, ao acaso ou à virgem, preferi a virgem. Sempre faz companhia.
Experimentei assim, pela primeira vez em tantos anos de sofrimento, a sensação de ganhar à Benfica. Confesso que é muito agradável. A teoria que sustenta que as recompensas sabem melhor depois de árduo trabalho não passa de um mito capitalista, que visa impedir que os meninos copiem ou que os pastores abusem repetidamente das suas ovelhas. Por isso, adoptei novo lema: façamos ovelhas moucas… ahem… orelhas moucas e paremos de assobiar o Farnerud. Habituem-se, já lá dizia o Vitorino: ganhar à Benfica é muito reconfortante.