Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

terça-feira, abril 28, 2009

De Southampton

Lembro-me de ouvir o relato deste jogo e de vibrar loucamente com a vitória sobre o Southampton de Keegan. Através das descrições, imaginei como teriam sido os golos. Como o Oliveira teria destruído aquela defesa mesmo sem marcar.
Nunca tinha visto o resumo. Esta semana, o SCPMemoria colocou-o apropriadamente online, uma vez que o futuro do clube inglês está por um fio (aqui).
É estranho. Tinha imaginado uma coisa diferente.

sexta-feira, abril 24, 2009

Foi chuto ou pontapé?

Imaginem este momento televisivo.

Apresentador: Senhor Pol Pot, acabámos de ver estas imagens dos campos de extermínio de Adolf Hitler. O que é que passa pela cabeça de um ditador para fazer uma barbaridade destas?
Pol Pot: Eu, realmente... Vá-se lá saber o que passa pela cabeça de uma pessoa. Isto é uma branca que lhes dá. A gente até diz que o relógio lhes pára por uns segundos e que a pessoa não está bem em si. Não pode estar. Que barbaridade, realmente. Eu, isto... É que nem parece humano. Há gente que só está bem a estragar a vida aos outros, é o que é. Deviam prendê-los ou bater-lhes. Ou arrancar-lhes uma unha. Ou fazê-los ouvir um concerto inteiro dos Madre Deus. Realmente. Eu recomendo vivamente uma sanção exemplar para este senhor.

Não faz sentido perguntar ao monstro o que pensa sobre o ogre, pois não? Pelo menos, sem o inquirir sobre as suas próprias traquinices.

Ontem, o jornalista Manuel Fernandes Silva teve João Vieira Pinto à sua disposição em estúdio. Pediu-lhe opinião sobre a agressão do Pepe. Mas não se lembrou, o alarve, de perguntar ao menino se também lhe tinha parado o relógio na Coreia do Sul em 2002 quando acariciou com o punho o estômago do árbitro?

segunda-feira, abril 20, 2009

Al-Maminha

Já passaram largas décadas sobre os trabalhos lapidares de Leite de Vasconcelos em Portugal. Para quem não sabe, Leite de Vasconcelos foi o pai da arqueologia portuguesa. Foi também o pai da filologia nacional, interessando-se por dialectos regionais como o mirandês, o barranquenho e as pessoas que deitam perdigotos quando falam. É possível ainda que Leite de Vasconcelos tenha sido também o pai de três fedelhos ranhosos não perfilhados, nascidos numa dessas serras anónimas do país, mas não contem comigo para espalhar boatos maldosos sobre a conduta do sôtor. Para todos os efeitos, os fedelhos nasceram por intervenção directa de Nossa Senhora dos Remédios.
Leite de Vasconcelos foi um pioneiro. Coube-lhe, num ensaio sobre poética quinhentista, descobrir a verdadeira motivação do soneto mais famoso de Camões. Na verdade, escreveu Leite de Vasconcelos em Textos Archaicos, “o vesgo do Camões dedicou ‘Alma minha Gentil que te Partiste’ não à amada Dinamene, como dizem esses pseudos-líricos de pacotilha, mas a um árabe abichanado que por cá andou e se pisgou para Marrocos quando viu que o zarolho não desamparava a loja. O soneto deveria ler-se “Al-Maminha, gentil que te partiste”. E Camões deveria figurar, não como expoente da lírica petrarquiana, mas como eleitor do Bloco de Esquerda.”
“A meu ver”, concluiu, “o olho vesgo do poeta não era necessariamente aquele que os historiadores tradicionalmente designam.” Por maldade da academia, infelizmente, este texto invulgarmente franco tem sido esquecido nas revisões da obra de Leite de Vasconcelos.
Ora, apesar dos estudos revolucionários sobre os mirandeses, os barranquenhos e os fanhosos, Leite de Vasconcelos nunca se pronunciou sobre o futebolês. E foi pena. Teria tudo muito com que se entreter. No seu Filologia Barranquenha - apontamentos para o seu estudo, Leite de Vasconcelos descreve como os barranquenhos têm vocabulário sazonal, adequando o discurso à época do ano e à actividade em que estão envolvidos. No futebol, também. Chegados a Abril, entramos inevitavelmente no discursos dos novos. Na proporção inversa do insucesso desportivo, começam a ser discutidos os novos qualquer coisa. Patric, hoje, tornou-se o novo Maicon. Chris será, sem dúvida, o novo Lúcio. Mantorras, agora que festejou finalmente o 20.ª aniversário, será o novo Eusébio. E por aí fora.
Ao estudar o mirandês, Leite de Vasconcelos disse também que o vocabulário de uso agrícola é utilizado noutros contextos da vida social. Disse também que a maior parte das frases são uma algarviada incompreensível e que Miranda do Douro precisava era de um Salazar, com dois filhos iguais ao Alberto João Jardim e ao Avelino Ferreira Torres, que pusessem ordem naquilo. Enigmáticas palavras, estas, mas repletas de sapiência.
Voltemos, porém, à vaca fria.
Também o futebolês recorre a outras linguagens para melhor expressar a sua complexidade. Há alturas da época em que os jornais fervilham de linguagem de ourives. Há jóias da coroa. Diamantes por lapidar. E pérolas preciosas com abundância. Noutras fases, mais técnicas, fala-se de futebol como se fôssemos todos funcionários dos serviços fiscais. Há jogadores que são abonos de família e outros que se tornam o seguro de vida da sua instituição. Com jeitinho, ainda verei o dia em que se dirá que o Moutinho é a retenção na fonte do Sporting ou que o Lucho é o artigo 56º do Código de IRS do FC Porto.
Até lá, porém, vale a pena considerar o Olegário como o benefício fiscal do Dragão.

sábado, abril 18, 2009

Ah, se eu mandasse neste país...

Colecção Paixão, Delírios. Ensaio n.º 4. 2009.
(estou ansioso pela explicação dos especialistas para o golo anulado)
Adenda: Para já, segundo o Cajuda, "há uma falta perfeitamente coise. Perfeitamente coise". Espero mais contributos.

terça-feira, abril 14, 2009

Se o António Barreto escrevesse sobre futebol, o texto dele seria assim…

Reuniram-se ontem na Luz as eminências para discutir a Crise. A contragosto, descobriram que falta dinheiro para o Verão. Dinheiro previsto, dinheiro necessário. Aqui d’el rei! Antigamente, não se contava com a pele do urso antes de o esfolar. Agora, fazem-se orçamentos projectando caçadas mirabolantes. Se tudo correr sobre carris, vamos abater presas aos magotes. Mas falta dinheiro. Falta sempre. Nada corre sobre carris.
Vira-se do avesso a caixa registadora. Não cai uma moeda de cobre. Reviram-se os bolsos, mas só se tacteia o forro. Nada mais. Começam as acusações. Gestos feios. Palavras incómodas.
Foi o Rui que gastou de mais. Foi o Rui que pensou com o coração.
Foi o Enrique que não percebeu onde estava. Foi o Enrique que pediu caricaturas de atletas.
Foi o João que falou de mais e nas alturas erradas. Foi o João que projectou objectivos inalcançáveis.
Dividem-se facções, escavam-se trincheiras. Toda a gente corre em busca de abrigo. A música começa a soar. Quando parar, haverá gente sem cadeira para se sentar.
É sempre assim.
Foi o Paulo, que é assessor jurídico, mas dá erros de ortografia.
Foi o Bento, que é médico, mas parece veterinário.
As palavras endurecem. Há rostos empalidecidos pelo medo. Procura-se um bode expiatório. Aceite pelos sócios e plausível para a opinião pública. Em Setembro, há eleições. É preciso vender ilusões.
À cabeça da mesa, o presidente pondera qual dos delfins vai deixar cair. Já gastou rios de dinheiro. Pior do que isso: já lá pôs dinheiro do dele. Está farto. Não compreende porque falha. Quer a volta olímpica a que julga ter direito.
Chama um contínuo e pede uma refeição ligeira. A reunião de direcção vai demorar. Amanhã, estará nos jornais palavra por palavra. Será soprada, como sempre, pelo líder da banda, que transmitirá cuidadosamente a sua versão. As eleições ganham-se nos jornais. Sempre foi assim.
O contínuo traz comida. Olha em volta. Abana a cabeça. De memória, cita uma passagem da imortal Crónica Indiscreta dos Mandarins: “Eram oito letrados ilustres, mais o filho de Yang Tche-Tchung, atrasado mental, o que fazia um total de nove.”
Fecha a porta com cuidado ao sair.

segunda-feira, abril 13, 2009

O Cunha na oposição? O Franco no contra-ataque? O velho Fialho explicava-os bem...



"Dúzia e meia de ratões que se juntaram para envelhecer, suportando uma vez por semana, a sensaboria dos vinhos do Bragança e a chateza deprimente dos menus. À sobremesa, habitualmente, os vencidos da vida dizem mal, com mais ou menos verve - o que é uma vingança lícita, na boca de indivíduos de quem se tem dito mal, sem verve nenhuma. Um terço é celebre, o outro dá-se ares de o ser, e enfim o último faz um fundo de comparsaria pagante, destinado a fazer o talento maquillé dos outros dois. Mal humorada sempre, a opinião pública, ao ler no "Tempo" as descrições dos seus banquetes, pergunta o que é que esse grupo pretende, e intenta, e mira longe. A resposta é simples. Os Vencidos da Vida, quando juntos, o que pretendem é jantar; depois de jantar, o que intentam é digerir; e digestão finda, se alguma coisa ao longe miram, tanto pode ser um ideal, como um water-closet. Não há portanto razão p'ra sobressaltos. Que os Vencidos jantem em paz. E se a obscuridade os consola das amarguras sofridas na via pública, fiquemos nisto - a história nem sempre fixa os nomes dos que bebem champagne."
Fialho de Almeida, "Os Gatos", 1890

quarta-feira, abril 08, 2009

Inveja


Não é comum, mas acontece. Senti inveja da exibição do FC Porto ontem, em Manchester. Senti inveja da garra e entrega daquela gente. Senti inveja de quem não baixa os braços quando o azar lhe bate à porta. Senti inveja de quem, apesar de treinado pelo Jesualdo, superou o Manchester em todos os registos comparativos. Por isso, durante 90 minutos, tiveram em mim mais um adepto.

domingo, abril 05, 2009

Este rapaz vai longe


Qualquer dia, o Hugo Miguel vai arbitrar uma final da Taça da Liga!

Adeus, sonho lindo

Já se murmurava nos bastidores, mas ninguém o confirmara. Afinal, é verdade. Alexandre Pais vai deixar a direcção do "Record" e assumir o mesmo cargo na "Playboy" portuguesa.
O velho sonho de publicar "As Memórias de Bulhão Pato" na famosa revista do coelhinho esfumou-se. E o de ter acesso em primeira mão a pornografia fresquinha também.
Em tempos, chamei a Alexandre Pais o "pateta-mor da terra". Creio que também lhe chamei "desorientado" e "canastrão" noutra ocasião. E é possível que a palavra "palerma" tenha saído também da minha pena.
Alexandre, agora que subiste ao topo da carreira e vais ter acesso privilegiado aos melhores presuntos da Nação, ofereço-te as minhas sentidas desculpas.
É verdade que deixaste o "Record" nas ruas da amargura, com a pior circulação dos últimos 15 anos, mas a editora Fresta (a sério, a editora da "Playboy" chama-se mesmo Fresta. FRESTA...COM. E o javardo sou eu?, perguntaria o Scolari) viu em ti méritos para afundar um barco ainda mais prestigiado.
A minha mãe sempre me encorajou, apelidando-me de "Norman Mailer do Lumiar", "Nabukov da Musgueira" ou, em ocasiões de festa, "o camelo do meu filho". Afinal, o meu triste limite será sempre o de medir forças com o Pacheco da Marmeleira.

sexta-feira, abril 03, 2009

E eis que ele emagreceu de ontem para hoje


Já não percebo nada disto. Voltou a rejuvenescer. E a emagrecer na capa do "Record".
Como diz a Rádio Popular, eu é que não sou parvo! Cá para mim, ele compete em idade com o Matusalém, que penou até aos 960 e tal anos, se eu me lembro bem do Génesis, do Antigo Testamento.
Os leitores lembrar-se-ão seguramente que, nesta fase, os Génesis ainda tinham o Peter Gabriel e o Pedro Souto tocava ferrinhos.

quinta-feira, abril 02, 2009

Este começou a comer...






































Há três dias, Pedro Souto era um desconhecido. Mas também era elegante. Tinha poucos cabelos brancos e era magricela. Três dias depois, o peso da candidatura à presidência do Sporting provocou estragos gigantescos.
A imagem não mente: Pedro Souto envelheceu abruptamente, como a Joan Collins, e ganhou 30 quilos. Das três, uma:
1) a pressão da candidatura levou-o a assentar arraiais na Mealhada onde deglutiu quilos de leitão com molhanga – não é uma hipótese impossível. Faço notar que a minha prima Lenita engordou vinte e três quilos quando soube que ia ter gémeos;
2) as duas fotografias foram captadas com 20 anos de distância;
3) "O Jogo" enganou-se, e o Pedro Souto de há três dias não é o Pedro Souto de hoje.

Sinto-me defraudado No Pedro Souto atlético de segunda-feira, eu até votava. Agora, este velhote gorducho já não inspira tanta confiança!

quarta-feira, abril 01, 2009

Ora aqui está uma manchete jeitosa, mas...


... fica em aberto a natureza do 1% que falta.

Será morfológico? Espinoza está quase todo no Benfica, só falta passar o imbigo.
Será contratual? Está tudo acertado, só falta definir o detalhezito do salário.
Fico a aguardar por mais exemplos desta vaga de jornalismo quantitativo, sugerindo, na minha humildade, manchetes igualmente prometedoras.
Por exemplo: "FC Porto: assegurados 68 por cento da condenação na justiça comum"
Ou: "José Peseiro: a 0,005 por cento de regressar ao Sporting".
Melhor ainda: "A Bola: 1% do valor de mercado que tinha há uma semana."