Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

quarta-feira, julho 18, 2007

Reforços

Em plena pré-época, mas à beira do início das provas oficiais, é tempo de se fazer o balanço das contratações que agitaram o defeso. Nunca, como agora, o mercado de transferências sofreu tantas convulsões e deu tantas capas de jornal, com uma catadupa de craques a encherem os diários desportivos – sinal de que o futebol português saiu do marasmo e já pode competir com campeonatos europeus que sempre estiveram num patamar mais elevado em termos de condições económicas, casos do macedónio, do andorrenho, do galês e, até, do maltês. Por uma questão de síntese, dissequemos, apenas, os reforços dos chamados três “grandes”, começando pelo campeão em título, o FC Porto.
Ao Dragão arribaram o guarda-redes Nuno, que não vai conseguir, seguramente, substituir o papel carismático que Vítor Baía deteve no banco dos suplentes; foi buscar Lino à Académica, o que não aquenta nem arrefenta; “roubou” Edgar ao Benfica, assegurando um avançado com um percurso irrepreensível no Inter de Piracicaba e confirmado no Beira-Mar; Kazmierczak, o possante médio, também chegou ao Porto apresentando como melhor cartão de visita o facto de os jornais o terem dado como certo nos “encarnados” (ou cor-de-rosa?); e, depois, limitou-se a contratar jogadores para fazer número, recorrendo ao mercado sul-americano e a campeonatos menores, como são os casos do brasileiro, do argentino e do uruguaio. O que interessa se Leandro Lima, Mario Bolatti, Luis Aguiar e Mariano González são internacionais pelos seus países? É o que se pôde arranjar, sabendo-se que os “dragões” não têm capacidade financeira para ir buscar jogadores a países credenciados como a Guiana Francesa, São Vicente e Granadinas e ilhas Falkland. E como perdeu craques como Ibson, Ricardo Costa, Pepe, Ezequias, Mareque, Anderson, Sokota, Alan, Bruno Moraes e possivelmente Lucho González, o saldo é claramente negativo. Muito dificilmente o Porto revalidará o título, a não ser que o apito dourado engasgue outra vez.
Em Alvalade, o tempo é de mudança. Manteve o melhor técnico português de 38 anos que tenha nascido em Lisboa, mas deixou sair Ricardo, Caneira, Miguel Garcia, Carlos Martins, Nani, Custódio, João Alves, Alecsandro e Bueno. Tello, esse, pirou-se e afagou (literalmente) as mágoas nos estágios da selecção chilena. Felizmente, conseguiu manter o prospector de talentos Paulo Cardoso e o técnico de equipamentos Paulinho. E virou-se para o mercado europeu de Leste: o guarda-redes Stojkovic, que se destacou por perder dois dentes da frente num treino com um colega de selecção; o destemido médio russo Izmailov, que nem sabe no que se meteu por ter escolhido a amaldiçoada camisola 7; o avançado Milan Purovic, que é um jogador alto mas que tem de provar que é um alto jogador; e o médio Simon Vukcevic, cujo grande destaque é ter partido os dois dentes da frente ao guarda-redes da selecção sérvia durante um treino. E, do mercado brasileiro, ainda trouxe Gladstone, que está a pensar aproveitar para uma campanha de marketing relacionada com uma marca de pneus (não, não tem nada a ver com Luís Filipe Vieira) e Derlei, que, num gesto audacioso, prometeu solenemente aumentar a sua média de golos em relação à época transacta. E ainda se está à espera que, ao longo do ano, sejam lançados mais umas quantas promessas: Rui Patricovic, Paulo Renatov, Daniel Carriczic, Joan Gonçalvecz, Adrien Silvanic e Adrzej Marks. Balanço negativo entra saídas e contratações, o que poderá impedir de repetir as vitórias no torneio do Guadiana e na Taça de Portugal.
Finalmente, o Benfica, que diga-se desde já, parte na pole position. Primeiro, despachou o fisioterapeuta-médico-enfermeiro-curandeiro-adivinho Rudolfo Moura; segundo, contratou a página 421 do livro do Guiness; terceiro, vendeu Joe Berardo por uma soma astronómica para o Museu de Artes Bizarras de Chernobyl, onde está em exposição até Dezembro de 2014 (www.artesbizarras/berardo.ru; entrada 0,13 rublos). Mas também se reforçou com jogadores de bola: o guarda-redes Butt, que promete feroz concorrência com Moretto e Rui Nereu; Zoro (juro não fazer chalaças cretinas com este nome), Sretnovic, resgatado à segunda divisão sérvia só para não se dizer que é o Sporting o único a contratar jogadores por estas bandas; Fábio Coentrão, porque sim; Yu Dabao, um produto das escolas de formação, apesar de se ter registado aos 13 anos na conservatória n.º 3 de Xangai; o argentino Bergessio (prometo não fazer chalaças idiotas com este nome) e Óscar Cardozo. Só este nome faz tremer os adversários e garante vitórias. Não é por acaso que a sua camisola tem o número €9,2 milhões. E se ao Óscar juntarmos Simão, que o clube consegui resguardar pela 43ª vez do aliciamento do Liverpool, pela 3ª vez do Atlético de Madrid e pela primeira vez do Chernomorets Odessa, está encontrada a mais temível dupla atacante do campeonato. Só é pena que por lá continuem Nuno Gomes e Mantorras, os verdadeiros “dois-em-um” – os dois juntos não dão um jogador a sério. Mas o Benfica parte com claro favoritismo para a época 2007/2008. Pelo menos, já ganhou o campeonato do defeso pela 63ª vez consecutiva e, como apregoam os jornais, está tudo no papo. Vamos ver como será quando for mesmo a sério.