Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Que Consolo!

Ainda sou do tempo em que "A Bola" tinha quase um metro de altura e, para a folhear em dia de nortada, eram necessários três leitores: um para segurar as páginas da esquerda, outro para agarrar com firmeza as da direita e um terceiro - o especialista - para tentar avançar. "A Bola", como sabem, tinha sido desenhada por um torcionário fanático, que retirava prazer da incapacidade de alguém ler o seu jornal. Quem esquece os memoráveis "continua na pág. 14", que obrigavam a repetir todo o processo para ler um parágrafo que sobejara da página 2?
Nestes tempos, registo, não havia televisão ou, se havia, os resumos dos jogos de futebol tinham dois minutos e eram filmados a sessenta metros de cada área (aquilo que, em cinema, se chama o plano inútil!). Com essa limitação, naturalmente, a televisão não servia para esclarecer controvérsias. "A Bola", sim, era o tira-teimas da nação. Por fantástica coincidência, decerto alheia às preferências clubísticas de jornalistas, administradores, cooperantes, secretárias, contabilistas e pessoal da limpeza do jornal, nesses tempos "A Bola" só se pronunciava sobre lances controversos quando uma arbitragem lesava o Benfica. Por definição, portanto, só o Benfica era prejudicado. E a nação vivia alegremente, dependendo de "A Bola" para se indignar.
Um dia, porém, a televisão começou a prestar atenção ao futebol. Com todos os ângulos potencialmente cobertos pela transmissão, o país deu conta de que, afinal, não precisava de "A Bola". Foi nesse mesmo dia, aliás, por inacreditável coincidência, que outros clubes começaram a ser lesados pela arbitragem.
Como é próprio dos monopólios - sobretudo os do saber -, "A Bola" deu-se mal com a perda de autoridade. Tornou-se risível como um velho que ainda usa polainas sem dar conta do escárnio que provoca.
Todavia, ao contrário de si, leitor, eu não tenho um coração de pedra e ainda me comovo com a decadência do jornal que aprendi a odiar.
Por circunstâncias que para aqui não são chamadas, já vi os dois suplementos de "A Bola" e "Record" dedicados à abertura da temporada futebolística. Nesse capítulo, como em tantos outros, "A Bola" fez história com os célebres Cadernos. Nesse capítulo, como em outros, "A Bola" afundou-se.
É sem prazer que reconheço que os Cadernos de "A Bola" estão para a publicação do "Record" como a Carolina Salgado está para a Eva Longoria, como a Leonor Pinhão está para alguém que consiga articular uma ideia que não seja cretina, como o Manuel Serrão está para... enfim, qualquer criatura de Deus, incluindo as amibas unicelulares que sobrevivem apenas durante meros segundos.
Soou o toque de finados para o modelo empresarial familar que vinga em "A Bola" há décadas. Querem apostar que até final do ano há surpresas?

7 Comments:

At segunda-feira, 07 agosto, 2006, Anonymous Anónimodisse...

A Bolha fechar???? Daqui a pouco, estão a insinuar que o glorigozo pode descer de divisão...
Ou o Oliveirinha também compra a Bolha???
Desde que nos livrem da Leonor Melão e das capas com "manelélés", todos agradecemos...

 
At segunda-feira, 07 agosto, 2006, Anonymous Anónimodisse...

Houve uma altura em que só entravam jornalistas do Benfica. Òbviamente que se afundou agarrada aos lampiões que só compram jornais quando ganham.

 
At terça-feira, 08 agosto, 2006, Anonymous Anónimodisse...

Tal como o Avante, ate os correligionarios chegam a conclusao que comprar "A Bola" so serve para fazer aguentar os amigos dentro do partido e sobreviver mesmo com o descredito que toda a comunidade lhe atribui.
Aquilo nao e um jornal e um manifesto propagandistico do SLB.
Devia ser distribuido gratuitamente nos transportes publicos e locais de movimento para dar realce ao fim que se destina, promover um clube que nada tem para oferecer, mas continua a ser de "parodia Nacional".

 
At terça-feira, 08 agosto, 2006, Anonymous Anónimodisse...

A Bola é um verdadeiro deleite para quem acorda de manhã a achar que os lampiões têm uma equipa vulgaríssima, mas que depois de a folhear chega à conclusão que afinal estava errado e que o SLB é verdadeiramente fabuloso, tem um "maestro", ainda por cima jovem, um avançado de categoria internacional como o Micoli, qeu o Petit é um manancial de técnica, etc....
Enfim, tudo isto para dizer que a Bola deve ter muitos mais anos de vida, porque assim os lampiões andam contentes e precisampos de auto-estima num país tão triste. Viva os garrafões e as sandes de courato!

 
At terça-feira, 08 agosto, 2006, Anonymous Anónimodisse...

O que acaba por ter mais piada é os lampiões afirmarem que: "A Bola só sabe dizer mal do Benfica" e só se safa "a" (não será "o"?) Leonor Pinhão!

 
At quinta-feira, 10 agosto, 2006, Blogger Apredisse...

Estás a sugerir que a Bola vai falir?, ou passar a ser isenta?!?

 
At quinta-feira, 10 agosto, 2006, Blogger Bulhão Patodisse...

Eu sugiro que A Bola vai deixar de ser uma cooperativa sem fins lucrativos, pelo que o jornal pode ser vendido brevemente a um dos grupos económicos já existentes. O Meios e Publicidade noticiou que a Dra. Margarida Ribeiro dos REis vendeu a sua quota (era uma das maiores) a Argui Lima. Neste momento, um dos entraves históricos para a venda de A Bola esfumou-se: o jornal já não pertence maioritariamente a seis ou sete pessoas. Está concentrado numa quota principal. E de um homem que, ao que dizem, quer mesmo vender.

 

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