Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

quarta-feira, outubro 05, 2005

O Português Suave

Há treinadores que nascem grandes. Outros, empreendedores, tornam-se grandes. A outros ainda é-lhes atirada a grandeza, mas falham o golpe, esbajam-no por falta de ousadia. Jesualdo Ferreira é um digno representante desta terceira categoria.
Defendo firmemente que o que somos profissionalmente mais não é do que o espelho do que fomos em criança - virtudes e defeitos exacerbados. Jesualdo Ferreira toda a vida foi medroso. Temeu os riscos, evitou-os. Na escola, preferia seguramente entregar o dinheiro e bens aos rufias do que arriscar um confronto. É o típico automobilista que assume a responsabilidade da colisão, mesmo que ela não lhe pertença, só porque sente as pernas fraquejarem sempre que tem de esgrimir argumentos.
Foi professor no ISEF, e a cátedra, sempre incontestada, assentava-lhe como uma luva.
Quis petiscar sem arriscar, eterno desígnio dos pobres de espírito. Raramente o fez. Foi adjunto durante uma eternidade, sem ousar dar o passo seguinte, aquele que inevitavelmente lhe colocaria a cabeça no cutelo. Outros que o fizessem, porque a penumbra é mais confortável.
Faz-me sempre lembrar os gauleses da aldeia de Astérix, temerosos que o céu lhes caia em cima da cabeça, se ousarem desviar-se, um milímetro que seja, da normalidade.
A história do país está repleta destes portugueses suaves, que tremem como varas verdes perante os desafios e recuam em vez de avançar. No banco, aborda o jogo com cobardia. Escuda-se no princípio de que mais vale não sofrer golos do que marcá-los. As suas equipas são maçadoras, sonolentas. Acumulam faltas, jogam mal. Transformam o futebol num jogo de paciência, como o xadrez ou o gamão.
A eliminatória com o Estrela Vermelha foi exemplar. Desde o primeiro minuto do primeiro jogo, Jesualdo lutou por não sofrer golos. A imbatilidade é a sua bandeira. Tapou todos os caminhos, estradas e ruelas para a baliza, mas esqueceu-se de atacar. Um golo cínico dos sérvios em Braga - tão cínicos como Jesualdo, aliás - deitou tudo a perder.
Elogiou-se muito o Sp. Braga do ano passado. A meu ver, as loas foram claramente exageradas. Em seis jogos com os "grandes", o Braga só marcou com o FC POrto (no Dragão, onde os deuses protegeram o ultradefensivo esquema dos minhotos; e em Braga, beneficiando de erros arbitrais). Empatou a zero em Alvalade e na Luz e novamente com o Benfica em casa. A postura da equipa foi vergonhosa e incompatível com um candidato ao título. Tentou fazer o mesmo com o Sporting no Minho, mas o endiabrado Pinilla tirou-lhe as medidas.
Nas trincheiras de guerra, quando é dada a ordem de ataque, há sempre um soldado que fica para trás - receoso, queixoso. Torce o pé quando deve correr. Escorrega quando deve saltar em frente. Essa é a postura de Jesualdo no banco de suplentes. O risco é para os outros, os patetas. Ele é o calculista, eufemismo futebolístico para as sanguessugas que fazem do zero a zero uma religião.
Há três anos, ao comando do Benfica, Jesualdo perdeu com o Gondomar. Abordou o jogo com dois trincos - Petit e Andrade - e perdeu. Teve medo de ganhar. Hesitou. A lei da selva, nesse aspecto, é inquestionável: quando a fera sente medo na presa, salta-lhe para a jugular. Essa é a história da vida de Jesualdo Ferreira.

18 Comments:

At quarta-feira, 05 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

O Jesualdo difere um pouco do tradicional professor no mundo da bola, mantém o mesmo ar de burro a olhar para um palácio que todos os outros ostentam e do qual Queiroz é a figura mais mediática, mas tem talvez um ar abichanado, ainda não visto nos seus colegas de curso e de cadeiras de escola.
Rua com os Professores do mundo do futebol, ou então vão para o seu habitat natural que é treinar meninos e criem as suas próprias escolas
Desculpa José Mourinho, já que esta mensagem não é para ti, porque desde o berço que respiras bola por influência do teu pai, enquanto outros respiram festa brava (Peseiro) e outros coqueiros e palmeiras (queirós, assim mesmo em caixa baixa).

 
At quarta-feira, 05 outubro, 2005, Blogger Bulhão Patodisse...

Ó Juveneno. Esse ódio pelos professores do futebol tem muito que se lhe diga. Se percebi bem, o Queiroz (com letra grande), o Jesualdo e o Peseiro são maus, mas o mourinho (com letra minúscula) já é bom. Mas sentaram-se todos nos bancos de pau do ISEF. Em que é que ficamos?
E, já agora, o professor Neca também é mau?

 
At quarta-feira, 05 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

Jezualdo é o melhor treinador do futebol portuguez. os senhores adeptos dos chamados grandes não podem tolear que os mais pequenos também lhes possam bater o pé.

 
At quarta-feira, 05 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

Bulhão Pato,
O queirós é o maior logro do futebol português, ainda me lembro quando ele falou na porcaria no seio da federação como se ele fosse outro tipo de mosca.
Daqui a poucos anos, mas depois de enganar muitos clubes, vai para o seu habitat, talvez treinar o Desportivo de Nampula, com as minhas respeitosas desculpas aos adeptos deste clube, contra o qual nada me move.

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

Bulhão Pato, devias ter cuidado com o que escreves.
Depois deste curriculo, não me admira que a SAD leonina o vá já contratar como substituto do Peseiro!

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

Peço desculpa aos adeptos do Nampula, afinal o Queiroz vai é para "embaixador" do Ferroviário.
Coitados dos empregados dos comboios moçambicanos, vão ter que aturar este traste prepotente e parvo qb.

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Blogger Bulhão Patodisse...

Esse ódio pelo professor Carlos Queiroz tem qualquer coisa de complexo de Édipo. Não terá sido o meu bom amigo o filho predilecto do professor Queiroz até este o trocar por outro?

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

Não lhes parece demasiado óbvio que a causa primeira de tanto ódio e raiva aqui evidenciado aos professores só pode provir de traumas de infância motivados por alguma sodomização? Isso já lá vai, rapaziada, sublimem...sublimem...:)

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Blogger Bulhão Patodisse...

Caro professor Pardel. Não me diga que também passou pelos bancos de pau do ISEF? Se assim foi, tem seguramente guardado um lugar na Liga Betandwin. Junte-se à irmandade do Jesualdo. Lábia não lhe falta. Agora o jeito...

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Blogger Paulo Rolãodisse...

Plenamente de acordo com o meu comparsa bloguista. Mais: Jesualdo não é somente medroso, é também merdoso. E aquele chatíssimo Braga da época passada só pontuou em Alvalade porque "alguém" não conseguiu vislumbrar que Hugo Viana não estava minimamente em fora-de-jogo.

Quanto ao Juveneno e o seu odiozinho de estimação para com os professores, deve ser por falta de umas reguadas quando andava na escola. Bem que as merecia, em vez de ficar virado para o canto da sala com umas orelhas de burro

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

Caro Colhão Pato,

Não, não passei pelos bancos de pau do ISEF, mas tenho o prazer de conhecer gente de muito valor que por lá passou, e você?

Plenamente de acordo com quem urra que o medroso do Jesualdo é também um merdoso, he'll never make it, será sempre um perdedor!

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Blogger Paulo Rolãodisse...

Caro professor parval,

Falizmente, uma vez na vida, estamos de acordo. jesualdo nunca será um predador, mas sim um perdedor. Parabéns pelo esforço da chalaça, subscrevo-me, atentamente

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Blogger Bulhão Patodisse...

Pergunto: o Sancho urra ou zurra?

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

Este Sancho(a) Urraco(a) só aqui vem de três em três meses para dar uns palpites. Ando desconfiado de ti, porque me confidenciaram de fonte altamente segura que foste amante do Dani aquando da passagem do prof. Carlos Queirós pelo Sporting, correndo mesmo a notícia de seres a namorada inglesa a viver no Algarve que lhe destruiu a carreira

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Blogger Paulo Rolãodisse...

Bulhão,

tento na língua e um pouco mais de decoro, se faz favor. Não deves querer que eu revele aqui alguns dos teus mais secretos segredos, pois não?

 
At quinta-feira, 06 outubro, 2005, Blogger Paulo Rolãodisse...

Caro juveneno (caro é força de expressão, porque disseram-me que até levas bem baratinho...),

Realmente, admito que conheci o Dani quando o prof. Queiroz treinava o Sporting, mas relembro-o que também o conheci a si nessa altura, quando andava entrelaçado com o Nuno Gomes, isto depois de ter abandonado e deixado em lágrimas o saudoso Reinaldo

 
At sexta-feira, 07 outubro, 2005, Anonymous Anónimodisse...

Ó Colhão, parece-me que um urraco URRA, mas com tanta devassidão que por aqui vai, (não só se pegam logo à primeira lasca de verniz, como também são velhas conhecidas de outras sortes!) já nada me admira, caríssimo! ;)

Cada coisa in su sítio, aqui é que está certo, peço imensa desculpa por ter comentado no post acima...;)

 
At sexta-feira, 07 outubro, 2005, Blogger Bulhão Patodisse...

Ora ora. O que é um pequeno lapso entre amigos.

 

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