Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

A Bola em Moldura Amarela

Estive fora na semana passada, mas uma alma caridosa guardou-me a imprensa desportiva. Debruço-me, pois, sobre a reportagem do enviado-especial de “A Bola” ao Dubai. Afinal, não é todos os dias que se pode ler reportagem nos nossos jornais, tão maltratado anda este género jornalístico, regularmente preterido em benefício da crónica, da entrevista ou da notícia.
Leio algumas linhas e pasmo. Já vi aquilo em qualquer lado. Ora comparem a peça de “A Bola” com a reportagem da National Geographic sobre o Dubai, publicada na edição de Janeiro deste ano:

Na NG: «De vez em quando, ao alvorecer, e na companhia do filho, Mohammed, o xeque Rashid bin Saeed al Maktoum passeava a pé pelas docas e desenhava no ar o seu sonho, com palavras e gestos.»
Em “A Bola”: «Mohammed caminhava nas docas, pela mão do pai, e ouvia os planos e ideias, contemplava o sonho que decidiu elevar aos limites do surrealismo (…)»

Na NG: «(…) fui às compras a um centro comercial. Segundo consta, o Dubai possui mais centros comerciais por consumidor do que qualquer outra cidade do mundo, os quais estão sempre cheios, de noite e de dia, com o tipo de multidão habitualmente encontrada no Dubai: mulheres sauditas de véu, inspeccionando peças de lingerie na Victoria’s Secret (…)”
Em “A Bola”: “(…) não deixa de ser curioso ver as mulheres sauditas, de véu, nas lojas de lingerie da Victoria’s Secret

Na NG: “(…) passeando entre fontes e lojas, enquanto dos altifalantes ressalta bem alto o som da música pop ocidental, a banda sonora da globalização. O tema principal do filme Titanic, cantado por Céline Dion, passava tantas vezes no centro comercial Hamarain que os lojistas apresentaram queixa.”
Em “A Bola”: “Pelo que a nossa reportagem teve oportunidade de testemunhar, Celine Dion é famosa por estas bandas. Durante o almoço, ouvimos quase todos os hits da cantora e viríamos a saber depois que, num outro centro comercial, a música my heart will go on, do filme Titanic, passava tantas vezes que os lojistas apresentaram queixa…”

Na NG: “Escolhi o Mall of the Emirates, um dos maiores centros comerciais do Dubai, um colosso com 223 mil metros quadrados, equipado, entre outras coisas, com uma pista de ski interior.”
Em “A Bola”: “Ao entrar no maior centro comercial do mundo, o Mall of the Emirates (223 mil metros quadrados), parecemos esquecer-nos [SIC], por momentos, de que estamos num país árabe (…) O maior centro comercial do globo (Mall of the Emirates) tem uma enorme pista artificial de ski…”

Na NG: “’Percorremos um longo caminho’, conta Alabbar, no local do projecto Burj Dubai, uma estrutura altíssima, em forma de torpedo, que será o edifício mais alto do planeta em 2008.”
Em “A Bola”: “Está em construção, no Dubai, um arranha-céus que será o maior do mundo: o Burj Dubai. Não se sabe ao certo com que altura ficará o edifício, mas (…) a estrutura deverá ficar pronta em 2008.”

Na NG: “O xeque Mohammed administra o Dubai como um director-geral competente. Além de uma agenda preenchida de aparições em público, é frequentemente visto a conduzir o seu automóvel pelas zonas menos conhecidas do Dubai, vigiando os locais de construção, tal como o pai fazia, logo de madrugada. Por vezes, sem aviso prévio, aparece nos locais das obras e faz perguntas incómodas, despedindo os pobres capatazes no próprio local e recompensando os melhores trabalhadores.”
Em “A Bola”: “Mohammed bin Rashid al Makto [SIC] (…) tornou-se num dos homens mais importantes da Arábia, mas nem por isso é um rei fechado no seu castelo. Aparece muitas vezes em público e gosta de acompanhar pessoalmente o andamento das construções do emirado. Muitas vezes, logo de madrugada, surge nos locais das obras sem aviso prévio, com perguntas incómodas, sem problemas em despedir, logo ali, os capatazes no caso de algo não estar a seu gosto.”

Por fim:
Na NG: “Entre eles, o xeque escolhe a dedo a próxima geração de executivos do Dubai, incluindo numerosas mulheres.”
Em “A Bola”: “O inverso também acontece, ou seja: recompensa todos aqueles que entende serem os melhores trabalhadores. É ele quem escolhe, com pinças, os executivos do Dubai, entre os quais estão muitas mulheres.”

No dia 10 de Janeiro, os portugueses tiveram duas hipóteses: ou liam a edição desse mês da National Geographic ou liam o “Best of” da reportagem da National Geographic, rearranjado pela pena do repórter [Gonçalo Guimarães]. Tem menos encanto, mas também está bem.

24 Comments:

At segunda-feira, 15 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Acho que A Bola e a NG deviam fazer uma fusão. A NG tem muitas imagens mas ninguém a lê, enquanto a Bola tem muito texto mas não
precisava, porque os lampiões não sabem ler.
De qualquer forma, não percebo o motivo do Bulhão se referir à NG. Será que é biólogo, geólogo, ou antropólogo? Começamos a descobrir-te a careca.

 
At segunda-feira, 15 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Ora isto só prova que os leitores da Bola, apesar de benfq..., benfic..., enfim bermelhos, além de conseguirem juntar letrinhas são malta dada a viagens e cultura! Ou se calhar compraram a NG para descobrirem onde fica o Dubai (ali para os lados da Finlândia, não é?)

 
At segunda-feira, 15 janeiro, 2007, Blogger NLdisse...

E o outro é que foi acuasdo de plagio. Tambem está bem...

 
At segunda-feira, 15 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Qual é o espanto? O bom do Goncalo ao ser informado q ia acompanhar o benfica tratou de se documentar sobre o clube numa revista especializada no mundo animal...Por sorte também vinha nessa edição uma reportagem sobre o Dubai. Não se pode levar a mal!

 
At segunda-feira, 15 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Também já os apanhei nalguns plágios. Uma só não era cópia integral porque tinha uma gralha.

 
At segunda-feira, 15 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Esse sr. da Bola teve azar, pois um dos poucos leitores dessa revista é o escriva deste blog, como é óbvio ninguém no seu perfeito juízo está à espera que um leitor dessa pérola do jornalismo portugues, perca tempo a ler coisas sobre animais, para isso já existe o jornal do sportinhac, (até custa a escrever).
Os colaboradores dessa revista deviam sentir-se honrados, pois finalmente tiveram a atenção de mais do que 5 leitores.

 
At segunda-feira, 15 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

processa o gajo, pá

 
At terça-feira, 16 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

hmmm...será que nesse inculto pasquim benfiquista sabem que o Gonçalo Guimarães passou o fim de semana nas odaliscas e que na viagem de regresso, encharcado em guronsan, plagiou a revista que lia no aviao,e toma lá artigo dá cá a guita...??

 
At terça-feira, 16 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

ai o National Geographic a plagiar A Bola!

 
At quinta-feira, 18 janeiro, 2007, Blogger João Paulo Menesesdisse...

http://ouve-se.blogspot.com/2007_01_01_ouve-se_archive.html#116913937627038420

 
At sábado, 20 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

O que ninguém sabe é como é o texto original na bola e na ng! Os puritanos deste blogue, pelos vistos não foram assim tão fiáveis pois como já li noutros blogs isto está pouco... ipsis verbis.
lha que giro. Os acusadores de plágio orgulham-se de serem jornalistas mas sofrem de falta de rigor!
Deve ser por isso que a vossa profissão está como está.
Já agora: se falam desse tal Gonçalo e identificam o jornal dele, por que motivo não revelam os vossos verdadeiros nomes e os jornais para os quais trabalham?
Acharão que o que fazem e deontologicamente incorrecto? Ou o que dizem aqui é diferente do que dizem nos vossos jornais?E se é diferente é porquê? Lei da sobrevivência? Não pode um jornalista ser livre?
Pena que todos vós não pensem nisto antes de andarem por aí a falar sobre os outros.
Os moralismos desta gente são mesmo anedóticos.

 
At sábado, 20 janeiro, 2007, Blogger Bulhão Patodisse...

Pontos de ordem, dona Marta:
1) Faculto-lhe com todo o gosto os respectivos originais, se deles necessitar. Está ipsis verbis, sim senhora: os cortes de texto estão marcados com a indispensável pontuação e são a única diferença entre os artigos publicados e os textos aqui afixados.
2) Jornalista, eu? Em nome de quê? Não tenho interesses velados nesta história. Escrevi o texto como leitor aborrecido porque, pelos vistos, comprei duas vezes o mesmo produto: a NG e a réplica da NG.
3) Já tive oportunidade de escrever no blogue do João Paulo Menezes que espero que o processo termine com um puxão de orelhas ao repórter. A publicidade que o caso teve servirá seguramente de emenda e basta.
4) Moralismos? Não levo lições de quem julga os outros sem ter tido sequer o trabalho de procurar os originais. Se mora em Lisboa, experimente a Hemeroteca.

 
At segunda-feira, 22 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

O autor deste blog não é jornalista. E a prova disso é o post que me vejo obrigada a comentar. Quanto aos demais comentários aqui colocados, não foram também certamente escritos por jornalistas - efectivamente, "senhor Roastout", que estranho é o jornalista d' A Bola estar no Dubai e aproveitar para visitar o maior centro comercial do MUNDO (!!!)... Mas adiante... Acontece que a Internet é uma fonte de informação jornalística, como é um livro, uma enciclopédia ou um programa de televisão. E, se o jornalista d' A Bola leu a National Geographic (mau profissional seria caso não o tivesse feito) isso só prova que se tentou informar sobre o local para onde iria como enviado especial. Certamente, não se ficou pela NG e consultou várias sítios on-line plenos de informação sobre o Dubai. Exactamente os mesmos que o excelso jornalista dessa grande publicação - National Geographic, bem entendido - terá também visitado. Mas que importa isso, se a ideia é crucificar o escriba desse pasquim avermelhado que é A Bola??? Meu amigo, sou jornalista há uns anos, não tantos que me permitam saber o que era praticar a profissão nessa idade longínqua que conhecemos como a. I. (nada de ligações ao filme de Spielberg, falo mesmo dos idos em que a Internet não estava à nossa disposição ou não existia sequer). Não raras vezes, ouvi alguns camaradas de profissão relembrarem esses tempos, em que ser jornalista era bem mais difícil. E em todas elas pensei e comentei que, muito provavelmente, sem esse instrumento não saberia como desempenhar o métier. Mas não falemos mais de mim. O meu objectivo é mesmo fazer-vos pensar um bocadinho (e quando me refiro a pensamentos não quero que se dispersem, uma vez mais, em considerações bacocas e mesquinhas sobre odaliscas e guronsans – “bons velhos tempos, aqueles em que redacção de jornal sem uma garrafa de whisky não era redacção de jornal”, diriam certamente os veteranos de que vos falei). Ora então alguém acredita mesmo que o jornalista da NG viu His Highness Sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum (como vêem também me dei ao trabalho de pesquisar) passear a pé pelas docas? Não! Claro que o leu em alguma parte. Tal como leu que o xeque aparece de surpresa nos “locais de construção” e que escolhe amiúde mulheres para integrarem as fileiras dos novos executivos do Dubai (aliás, basta ir a http://sheikhmohammed.ae/, para ter acesso a um extenso documento que comprova a importância que, progressivamente e ao longo dos últimos 25 anos, tem sido dada às mulheres naquela parte do mundo). Crucifiquem-no também (isto se ainda acharem que têm razão)!
Para acabar… Percebo que Gonçalo Guimarães tenha caído em tentação e aproveitado, para pintalgar a sua estória, alguns dos destaques publicados na NG sobre o Dubai. E aqui estou a falar na Victoria Secret e nas cantorias da Celine Dion (sim, porque quanto à pista de esqui – que existe, e é digna de nota, que querem fazer quanto a isso?! – e ao edifício mais alto do mundo – talvez tivesse sido boa ideia retira-lhe uns metros, assim não ficava igual (?!) – acho que nem vale a pena alongar-me). Mas acredito verdadeiramente que, se o fez, foi por considerar, e bem, que o devia para com os leitores. Sim, porque por muito que tenha bebido inspiração na NG, o jornalista d’A Bola não estava certamente sozinho no Dubai. E se escreveu que ouviu o My Heart Will Go On, ouviu certamente o My Heart Will Go On e haverá quem o comprove! Tal como se redigiu que viu e lhe causou estranheza ver dezenas de mulheres cobertas até aos olhos em lojas de lingerie sensual, viu com certeza dezenas de mulheres cobertas até aos olhos em lojas de lingerie sensual! Para acabar: se fosse eu a escrever, teria acrescentado ainda mais uma coisinha, pesquisada à pressa nessa grande invenção que é a Internet. Então não é que o Cirque du Soleil está no Dubai, e por lá vai ficar até dia 10 de Fevereiro?! Tivesse tido tempo para assistir a um espectáculo e talvez Gonçalo Guimarães tivesse feito uma peça sobre a forma como os sauditas, no Dubai, se deleitam com o mais belo espectáculo do mundo. Talvez aí fosse bestial e não besta, como aqui o tentam fazer. Mas aí - e disso tenho eu a certeza - ninguém se iria dar ao trabalho sequer de gastar duas linhas com o assunto, porque o que está a dar é maldizer. É um dos grandes perigos desta grande invenção: nasceu para todos e a todos deixa impunes...

 
At terça-feira, 23 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Bom dito!!

 
At terça-feira, 23 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

BEM Dito minha cara Patricia! Queria eu dizer!

 
At terça-feira, 23 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Deves ter a mania! Se não tivesses que ler e editar a NG, nem tinhas dado conta do pretenso plágio...

 
At terça-feira, 23 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Vão todos levar no CU!
Respeitem os colegas e olhem para o espelho primeiro. Errar é humano. Não crucifiquem o rapaz. Gonçalo Guimarães ao poder!
Quem o quis tramar deve ter muitos complexos

 
At quarta-feira, 24 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

E já que tanto se fala de plágios, que tal lançar a debate a coincidência diária de textos do Record e do Público sobre o Apito Dourado?
Dá-me ideia de que as fontes dos jornalistas casam na perfeição! É preciso ter sorte

 
At quarta-feira, 24 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

E plagiarismo obvio e tenho pena que alem do plagio haja jornalistas que nao percebam a diferenca entre plagiar e usar fontes de informacao de uma forma honesta.

 
At quarta-feira, 24 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

"Quem o quis tramar deve ter muitos complexos"
Parece que sim, só uma mente maquiavélica para pegar num texto da NG, publicá-lo na Bola e assinar com o nome do pobre coitado do rapaz.

 
At quarta-feira, 24 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

"Quem o quis tramar deve ter muitos complexos"
Parece que sim, só uma mente maquiavélica para pegar num texto da NG, publicá-lo na Bola e assinar com o nome do pobre coitado do rapaz.

 
At quarta-feira, 24 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

"Quem o quis tramar deve ter muitos complexos"
É mais que evidênte que a citada mente maquiavélica estás nos complexados que estão a tentar tramar alguém que tenta fazer o seu trabalho! Olhem-se bem ao espelho! Gastem as vossas energias a fazer algo de positivo! Talvez se pudessem sentir um pouco mais realizados!

 
At quarta-feira, 31 janeiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

ou será que são os jornalsitas do Record e do Público que casam? Na perfeição é que já não sei...

 
At terça-feira, 13 fevereiro, 2007, Anonymous Anónimodisse...

Ponto nº 1 - Gonçalo Guimarães nunca foi um repórter. Foi e é um recórter...
Ponto nº 2 - Gonçalo Guimarães é discípulo de Sousa Tavares. O que ele fez com a National Geographic, fez MST com «Esta Noite a Liberdade». E os seus defensores bacocos também usaram a tese maquiavélica dos dados históricos. É cópia e ponto final!
Ponto nº 3 - Fantástico esse post escrito por um jovem jornalista que aqui vem dizer, candidamente, que sem Internet não conseguiria ser jornalista. Pois fique sabendo, meu jovem: você não é jornalista. E nem tente sê-lo. Dá para perceber que nunca irá conseguir. Até pela forma como escreve. Vá à revisão!

Rui Santos

 

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