Ohrwurms ou Vermes nos Ouvidos
Uma boa definição para insanidade é fazer hoje a mesma coisa que ontem e esperar um resultado completamente diferente. Em semana de FC Porto-Benfica, o espaço público tornou-se irrespirável, a exemplo de outros «clássicos» entre os mesmos protagonistas. A falta de decoro é tão grave que até um carroceiro ruborizaria de vergonha, mas, sejamos francos, da polémica exala sobretudo o enorme medo de qualquer uma das partes em sair vencida.
Multiplicam-se os editoriais de indignação, verdadeiros testemunhos de hipocrisia jornalística, publicados três páginas depois da manchete incendiária. Cronistas persignam-se receando o dia em que uma faúlha como esta provocará combustão no mar de gasolina criado pelos presidentes do segundo e terceiro maiores clubes portugueses. Apela-se à calma, essa arte tão portuguesa de exigir dos outros a disciplina que não sentimos em nós. E exige-se o protagonismo dos artistas, como se os artistas não fossem as animálias regurgigantes por todos reconhecidas, incapazes de articular mais do que quatro palavras monossilábicas.
“Pinóquios”, “ex-associados”, “engavetados”, “café com leite”, “fruta da época”, “cavalgadura”… Os alemães chamam “verme no ouvido” a uma canção ou som que não nos sai da cabeça. Desconheço se na virtuosa língua alemã existe alguma expressão para qualificar o “ouvido transbordante de sons”. Mas, em rigor, os alemães também não sofrem com estes filmes.
Perante o espectáculo, eu, que não tenho o menor sentido de estado, sorrio. Antigamente, metiam-se os microcéfalos nos asilos ou, no mínimo, escondiam-se-lhe os defeitos do público. Hoje, os microcéfalos são dirigentes do Benfica e do FC Porto. Parece-me apropriado. Sugiro até que, à porta das respectivas sedes, se escreva, como antigamente nas tabernas, cautela com estes animais! E que se fardem os accionistas de domadores, não vá o Diabo tecê-las.
Madail, Laurentino, Hermínio e demais figurantes vieram a público lembrar que se estão «talvez a cometer excessos verbais». A cautela dos órgãos de soberania em qualificar, sem reservas, a semana como um festival de tabernas envergonha governantes e governados. Nesta situação, caríssimos, impõe-se clarificação urgente: são taberneiros ou não são?
Na minha terra, diz-se apropriadamente, embora com um ponta de boçalidade que em nada destoa do chinfrim da época, que uma mulher não pode estar só ligeiramente grávida. Ou está grávida ou não está.
18 Comments:
Não quero ser desmancha prazeres, Bulhão, mas... primeiros, acho que taberneiro é elogioso. E segundos, há mulheres só um bocadinho grávidas, sim. Uma tia minha - só para que vejas - que decidiu, sabe deus porquê, casar à pressa, aos 17 anos, engravidou e pariu logo ao segundo mês de gestação. Não sei o que chamas a isso, mas a mim parece-me que ela só esteve um bocadinho grávida.
Resta-nos um consolo: a falta que originou a expulsão de Miccoli foi uma tentativa de esbofeteamento... Se o impresivo petiz tentava imitar o Zidane, a esta hora ainda tínhamos um desgraçado do Estrela agarrado aos joelhos.
Como sempre, Guitarrista, encontras brechas na argumentação mais socrática. Após reflexão, concedo o ponto: pode-se estar só um bocadinho grávida.
Como um castelo de cartas, a minha argumentação desmorona-se pesadamente. Considerem, pois, o post sem efeito.
NMB: correndo o risco de voltar a ser tomado como o José António Lima, sublime pensador dos nossos tempos, eu acho o segundo amarelo aceitável. E o primeiro também. E qualquer falta assinalada contra o Benfica. E qualquer lançamento. E... glu glu glu... Já bebi o xarope, estou a ficar melhorzinho.
O problema é por mais grávida que esteja, vai parir mais um rato...
Como diria o Ferenc (que tem particular queda para estas coisas dos provérbios), à mulher parida e à teia ardida não lhes falta comida...
Ou coisa assim.
Citando José Veiga em declarações à imprensa na 3ª feira: "Eu ouvo o que você ouve".
Acaba por também dar para rir, não achas?
São sentimentos contraditórios, acabo por gostar destes imbecis! Sofrerei do síndroma de Estocolmo?
Por acaso acho que o José Veiga é um bocadinho paneleiro...
Estocolmo na Noruega, correcto, JLAF?
Então mas...não é na Escócia?
(porque é que não consigo deixar de lhes dar uma alfinetada??)
Ups! O Anonymous sou eu! Não me escondo, nem sob a capa do anonimato nem atrás das orelhas do Vieira!
E da laca do Zé Veiga?
Benza-os Deus!
E ainda ninguém começou a pregar taipais nas orelhas para o que aí vem amanhã. É o último dia, quem disser em último "tu é que és estúpido", ganha.
Isso sim, Bulhão, era serviço público.
Um pau de marmeleiro nesta gente toda, ainda era um favor!
Bulhão,
Se é certo que se pode estar um "bocadinho grávida", não se pode ser um "bocadinho paneleiro".
O meu amigo não quer esclarecer o Anónimo que anda, aparentemente, a correr riscos desnecessários?
Bê ÚÚÚÚÚ
Bê AAAAA
BÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚBAAAAAAAA...
"fazer hoje a mesma coisa que ontem e esperar um resultado completamente diferente"
é tudo o que espero depois de 3 bons jogos que dão 1 derrota e dois empates. dass!
vai ter de ser o bayern a pagá-las
Estocolmo é na Suécia, salvo melhor opinião... Guitarrista, eu a isso, confesso, inclino-me a chamar aldrabice - ou um bocadinho de aldrabice, vá lá.
Estou contigo Helena, parece-me que o pinoquismo se contagia. Mas deixa-o andar: Aldraba-se o burro à vontade do dono...
Cara Helena, Estocolmo é onde um homem quiser, é como o Natal!
Quanto ao que o bardo disse, minha amiga, é a torto e a direito, e o bardo nem referiu aquele exemplo em que a minha cunhada já tinha recebido um e-mail, um telefonema, um fax e uma garrafa com mensagem,
O facto é que o puto nasceu.
E de quem é a culpa.....
Raisparta, quebrando a emoção, foi mesmo o meu irmão que lhe deu uma queca.
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