Tiroleses em Suspensórios
Hordas de comentadores credenciados (e, para além desses, o José Peseiro) interrogam-se sobre os motivos para as habituais quebras de rendimento da Espanha nas grandes provas de selecção.
Creio que guardo a solução. Estou convencido há muito tempo de que o problema da selecção espanhola é exclusivamente musical. Alguns leitores dirão que a opinião é bastante idiota, mas eu não aprecio particularmente esses leitores.
Somemos dois e dois. Não falta talento à selecção. Tem garra para dar e vender. Dispõe de um maestro no banco de suplentes e de um goleador no eixo do ataque. O problema, repito, é musical: falta-lhe um hino de guerra.
Os alemães começam cada jogo depois de urrarem que a Alemanha está acima de todos, particularmente da Polónia. Os ingleses prestam vassalagem à rainha e animam-se com isso (ele há gente para tudo!). Os franceses gabam-se de pisar rios de sangue vertido pelos inimigos, como se nós não soubessemos que a França perde todas as guerras em que se envolve, incluindo aquelas em que, não querendo envolver-se, apanhou na mesma. E os portugueses inspiram-se com a excentricidade de marchar destemidamente contra canhões imaginários (livra!).
Ora, o hino espanhol não tem letra. Enquanto o mundo futebolístico grita palavras de ordem e exulta com a descrição das suas virtudes, os jogadores espanhóis inspiram-se cantarolando... Lá lá lá lá, pum pum pum (procurar aqui).
O hino espanhol está para os hinos civilizados como os cantares tiroleses estão para as marchas militares. De certa forma, os espanhóis apresentam-se como tiroleses, de calções justos e suspensórios, no dia da batalha. E naturalmente levam forte e feio na corneta.
4 Comments:
está muito bem visto!
(embora, assim sendo, os recentes (bons) resultados dos espanhois possam ser vistos como uma tendência para o "DESPALAVREAR" da música..)
mais um post ao nível que nos habituaste. Antes de um exame, ler um texto teu é um bom tónico para relaxar. 6ª tenho outro exame, trata lá disso.
Boa sorte, João.
Cá por mim, se fosse espanhol (livra!), adaptaria aquela musiquinha das touradas que é tocada com corneta quando o touro entra na arena. E a letra, invariavelmente, seria "Olé, Olé". Ou seja, é a mesma letra com que o público de Alvalade brinda os "encarnados" sempre que há um Sporting-Benfica (ou Benfica-Sporting, tanto faz).
Ha, e boa sorte João. Contra os exames, marchar, marchar
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