Tinta Invisível
No Sporting, a atribuição do prémio Stromp costuma ser pior do que o tradicional beijo da morte dos mafiosos italianos. Tradicionalmente, o feliz contemplado com o galardão do futebol marcha no ano seguinte para outro emblema, tão cioso da causa leonina como do primeiro par de sapatos.
Ainda cheguei a propor, numa roda de Stromps, que se atribuísse, com grau de urgência, o galardão ao Rodrigo Tello, na esperança de que o desengonçado defesa esquerdo seguisse a corrente e desaguasse noutro clube. Debalde. Ninguém me escutou.
Hoje, sinto-me no direito de propor um corte radical com a tradição.
Os estatutos do Sporting limitam a entrega do prémio a personalidades do mundo leonino, cuja actividade atlética, técnica ou directiva os tenha notabilizado na época anterior. Mas se lerem as letras miudinhas, inscritas no verso do documento fundador com sumo de limão, encontrarão outro tipo de informação. Há quem diga que isso não tem fundo de verdade, pois necessitaria de validação científica. Recomendo vivamente que não faça caso dessa gente. São pessoas que dizem qualquer coisa para atrair a sua atenção!
Submetendo, dizia eu, os estatutos ao calor de uma combustão, é possível ler aquilo que os membros fundadores queriam efectivamente dizer. E o resultado é perturbador. No verso da primeira página, por exemplo, são identificáveis mensagens provocatórias: "Os orks do Cosme Damião estão podres de bêbados", lê-se distintamente no documento.
"E quem não salta é sifilítico" ou "Na farmácia Franco fundou-se um clube que não paga ao banco" são outros exemplos de cânticos que, por um motivo ou por outro, não pegaram em 1906. Enigmática é a mensagem “O neto do visconde vai dar cabo disto daqui a 90 anos!”. Ou mesmo a proclamação “Tânia love G Machine”.
No capítulo das relações do Sporting com as outras colectividades, então, é evidente a discrepância entre o texto dos estatutos conhecidos e as revelações secretas escritas em sumo de limão. Onde o texto fundador advoga uma colaboração franca e sã com todos os agentes desportivos, o texto secreto acrescenta: “Um bom tripeiro é um tripeiro empalado”. “Em cada sócio do Sport Lisboa há um proxeneta”. E “o presidente do Nacional da Madeira daqui a 100 anos vai ser um alternadeiro”.
As informações que agora revelo comprometem um tudo-nada a imagem impoluta com que os fundadores do Sporting passaram à posteridade. Pessoalmente, acho que há grande nobreza nos insultos gratuitos e anónimos. Difamar alguém abertamente é um acto rotineiro. Escrever insultos em sumo de limão nas costas de um documento é obra de artesão, que merece aplauso e vénia. Que atire a primeira pedra aquele que nunca utilizou um pseudónimo na blogosfera para difamar o vizinho.
Bem me parecia…
Revelações destas levam-nos a repensar o clube. Ou, pelo menos, levam os leitores a repensar se voltarão a navegar por este blog. O que é saudável, só por si.
Ciente destas revelações extraordinárias, creio que está na altura de pensar seriamente em quebrar a tradição. Chegou a altura de homenagear uma personalidade que, embora não trabalhe no clube, tem ajudado imenso o Sporting e prejudicado brilhantemente o Benfica. Não me refiro a José Veiga, bem entendido, embora o percurso do anónimo accionista do Estoril o torne um bom candidato ao prémio a curto prazo.
Creio, dizia, que Marco Aurélio já fez mais do que suficiente para ganhar o seu Stromp. Raro é o jogo com o Belenenses em que o Marco não dá um contributo vital para a nossa causa. Ele é uma estirada ligeiramente atrasada. Ele é uma saída a destempo. Ele é uma reposição de bola deficiente. Como grande artista, o Marco esforça-se por dar a entender que os erros são fruto da distracção ou do infortúnio. Ora, ora, Marco. Ninguém é assim tão azarado.
O mais meritório desta atitude do Marco é a sua abnegação quando chega a altura de defrontar o Benfica. O guarda-redes do Belenenses guarda para essas noites as exibições da época. Voa, salta, esbraceja, empurra como se desse jogo dependesse um título. Defende com a perna, a mão, o joelho ou o ombro. E normalmente assegura pontos.
O Marco é o nosso joker, a arma secreta, o agente infiltrado nas linhas inimigas. Ele é o nosso Pina Moura, ministro português à superfície, mas agente camuflado dos interesses espanhóis. Por isso, senhores Stromps, recompensem este homem. E lembrem-se da estranha profecia inserida invisivelmente nos estatutos:
“E das brumas virá
um guarda-redes singelo.
Com os seus frangos ajudará
a ganharmos no Restélo.”
(o acento agudo procura diminuir os danos provocados pela poética rude dos nossos fundadores).
17 Comments:
Muiiito bom!!!
*****
Bulhão,
Estou com uma dificuldade técnica.
No seguimento do teu post borrifei o ecran do meu PC com o sumo fresco de 4 limões... agora o conjunto aparece-me todo esbranquiçado, existem teclas que não funcionam e no proprio ecran existem áreas onde nem imagem tenho.
Que posso fazer?
PS. Apareceu-me uma mensagem estranha no cabeçalho do blog... em vez de Mãos ao Ar agora aparece em garridas letras vermelhuscas "Sou benficagay com muito gosto".
É um virus?
É pá, desde a escala d'O Barbas que não me ria tanto!
Roy,
Se seguiste todos esses passos, falta só pegar chama ao conjunto informático. Acredito que o problema se resolverá com uma pequena combustão.
Aproveito esta altura para sublinhar que a empresa Mãos ao Ar e todos os seus accionistas não são judicialmente responsáveis por danos causados em qualquer computador. Ou limoeiro.
Na senda de Marco Aurélio, proponho também, para futuras atribuições dos prémios Stromp, a duas mentes iluminadas: Carlos Secretário (por aquela fabulosa desmarcação para o Acosta) e Michel Preud'homme (por aquela magnífica reposição de bola direitinha para os pés de Balakov e... "chapéu"). Bem hajam!
Há anos que reclamo o prémio Stromp para João Vale e Azevedo. ANOS!!!
Estiveste à tua altura. Para prémio Stromp quem eu não proponho é mesmo o Franco. Quanto ao Vale e Azevedo não me parece mal.
Odeio dizer isto, mas já tinha pensado sobre esse assunto e chegado à mesmissíssima conclusão: aquele frangueiro de merda só defende contra o Benfica! Já para o Sportém só lhe falta abrir as perninhas...
Estou a escrever uma coisa em tinta invisivel. Consegues ler?
Vai-te foder, lagarto.
Tens de ir ao geneticista. tens de retirar rapidamente esse gene do Benfica, que te faz falar mais de nós do que do teu clube.
No dia 28, na Luz, resolve-se já o teu problema. Campeões somos nós.
Eu encarrego-me de lhe entregar o prémio STROMP nas TROMBAS.
FDP do Marco Aurélio, está sempre a enterrar-nos com o Sporting, e com alguns outros amiúde.
Ele merece porque fez do Sporting dos ultimos 20 anos o CLUBE INFERNO para o Belenenses, sãoquase sempre os 6 pontos mais facilitados do campeonato para o Sporting.
Excelente post.
Escândalo!
Esta não vem nos jornais!
Divulguem!
E confiem na objectividade da análise jornalística!!! Confiem neles!!!
É mais um escândalo. Agora com os JORNALISTAS!!!
Porque é preciso ter os jornalistas na mão…
… O subsistema de saúde destes pardais é INTOCÁVEL!!!
A caixa de previdência e abono de família dos jornalistas é dirigida por uma comissão administrativa cuja presidente é a mãe do ministro António Costa e do Director-Adjunto da Informação da Sic, Ricardo Costa (Maria Antónia Palla Assis Santos - como não tem o “Costa”, passa despercebida…).
O inefável Ministro José António Vieira da Silva declarou, em Maio, último que esta caixa manteria o mesmo estatuto! Isso inclui regalias e compensações muito superiores às vigentes na função pública (ADSE), SNS e os outros subsistemas de saúde. Mas este escândalo não será divulgado pela comunicação social, porque é parte interessada (interessadíssima!!!) pelo há que o divulgar ao máximo por esta via!!!
Agradeço a todos os que comentaram o post, com um carinho especial para o JJ e para o Chalana. Um blog mede-se pelo nível de sofisticação de quem o consulta. Os senhores contribuem largamente para manter este blog ao nível do solo. O meu agradecimento.
Nem Dan Brown tem tanta imagiação...
Ocorreu-me agora que deves ser funcionário público e que deves escrever estas merdas no tempo que eu, contribuinte, te estou a pagar. E se calhar no computador que eu, contribuinte, estou a pagar.
À genialidade do Bulhão Pato opõe-se a eterna alarvidade tão própria do adepto Benfiquista - coitados, ainda estão atrasados no processo de evolução humano.
Um grande bem haja, Bulhão Pato.
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