Por estes dias, tenho lido a aventura literária de Jorge Nuno Pinto da Costa - "Largos Dias Têm Cem Anos". Admito que a circunstância feliz de o livro não ter sido escrito por Luís Miguel Pereira pesou seguramente na opção de compra. Ao contrário das obras lendárias redigidas pelo apresentador da Sportv, a autobiografia do presidente do FC Porto está devidamente pontuada. Os advérbios de modo, por estranho que pareça, não estão acentuados. As frases, essas, começam e acabam no mesmo tempo verbal. Nos tempos que correm, já não é nada mau.
O livro, em si, mais não é do que o longo desfiar de razões que levaram Pinto da Costa (PC) a penosamente aceitar a sua primeira candidatura a presidente dos "dragões". E a segunda. E a terceira. A quarta. E por aí adiante. Sempre reticente, sempre desejoso de partir, PC foi ostensivamente convencido a ficar por vagas de fundo de adeptos. Como Cristo, PC quis partir depois da missão cumprida. Mas há sempre mais um leproso a curar, mais um filisteu a punir. E PC ficou, amargurado.
Dito isto, confesso que fiquei com a sensação de que o estado clínico do presidente do FCP é pior do que o esperado - PC não está senil, como José Veiga teima invariavelmente em acusar. Ao invés, o presidente dos "azuis e brancos" desenvolveu um caso agudo de memória selectiva, patologia que se traduz na conjugação de recordações precisas de incidentes inocentes ocorridos há 20 anos com o esquecimento ostensivo de casos embaraçosos passados há dias.
Um exemplo: PC queixa-se do golpe baixo que o Sporting de João Rocha lhe infligiu, quando resgatou Jaime Pacheco e Sousa invocando "motivos psicológicos" - lacuna que a lei então vigente permitia. PC discorre detalhadamente sobre esse golpe traiçoeiro, mas esquece que se socorreu dele para recrutar Inácio, Eurico e Futre (ao Sporting) e Rui Águas e Dito (ao Benfica). E, já agora, que o "roubo" de Zahovic ao V. Guimarães foi igualmente clandestino e tão ou mais imoral.
Queixa-se também que um árbitro seguiu na comitiva oficial do Sporting à China em 1980, dias depois de ter apitado jogos decisivos do campeonato que os "leões" ganharam ao FC POrto. O remoque é apropriado, sobretudo para o dirigente da colectividade cuja tesouraria pagou a viagem de Carlos Calheiros ao Brasil em 1995.
Em mais de trezentas páginas, o presidente (que aborda com eloquência e pormenor títulos impressionantes das secções de bilhar e andebol) não se lembra dos casos judiciais em que esteve envolvido. Nem o caso Paula. Nem o caso Calheiros. Nem o Apito Dourado. Nada. Apesar de Pinto da Costa somar mais tempo de detenção para interrogatório do que alguns dos suspeitos dos casos Casa Pia ou FP-25, a memória apaga-se-lhe e a visão tolda-se-lhe. Como um árbitro em dia de clássico...
É pá... a chatear os dragões???? Nem parece teu! Então e o Benfica??? Estás a amolecer.....
ResponderEliminarAgradeço o seu cuidado, caro Berbigão. É reconfortante quando a nossa isenção é reconhecida.
ResponderEliminarEste Berbigão, ainda por cima rott(o), deve ser uma grande merda de homem acho eu de que...
ResponderEliminarAqui nada a dizer excepto, que a factura do Amorim Calheiros não foi paga, foi devolvida a tempo, e a menina da Cosmos que vendeu a reportagem ao fabuloso e saudoso DONOS DA BOLA, foi despedida, tendo sido provado em tribunal que a factura havia sido devolvida pelo que nada aconteceu ao FC Porto, que teria como é obvio descido de divisão se se tivesse provado o pagamento.
ResponderEliminarPinto da Costa tem maneiras mais subtis!