Mourinho, artista português
José Mourinho é o maior bluff do futebol português. Digo-o com a convicção das coisas evidentes. Em primeiro lugar, o treinador do Chelsea falhou redondamente como tradutor. Ao fim de ano e meio no Sporting e mais dois no FC Porto, Bobby Robson falava tanto português como no dia em que chegara. Qualquer bife que cá viva mais do que dois meses já sabe articular a língua de Camões. Robson não.
Fizeram-no treinador adjunto. Rapaz simples, sem ambições desmedidas, rapidamente deu a facada em Manuel Fernandes e em Augusto Inácio, colegas adjuntos do simpático inglês. Seguiu para Barcelona, onde teve a honra de guardar a bola no final dos treinos de Robson e Van Gaal. Suprema honra. Aprendeu imenso.
Um dia, o doido perigoso que comandou os destinos do Benfica resolveu entregar-lhe o comando da equipa de futebol. Em poucos meses, Mourinho acumulou sucessos: tornou-se o primeiro português eliminado pelo Halmstads da Suécia, equipa poderosa e de nome feito na Europa do futebol. Acumulou outras honrarias, como o mérito de ter sido o primeiro a perder por 3-0 no Funchal. Ganhou um jogo e agigantou-se. Quis mundos e fundos. Foi corrido, pois claro.
Aceitaram-no em Leiria. Seguiu certinho, ao leme de uma equipa construída por Manuel José, que não teve receio de lhe chamar Tarzan. Quando as coisas começaram a doer, pisgou-se para o FC POrto. Mesmo a tempo de evitar uma goleada em Allvalade (4-1). Não foi culpa dele, disseram os senhores dos jornais. Claro que não. Cinco dias depois da sua saída, já a equipa estava descaracterizada.
No FC Porto, pegou na equipa pelos cornos (sem piada). Sofreu três no Restelo, mais três em casa do Beira-Mar. Uma alegria. No ano seguinte, beneficiou do caos do Sporting pós-Jardel e do Benfica de Jesualdo, o tal que conseguiu perder em casa com o Gondomar. Foi campeão, claro, por exclusão de hipóteses.
Mais um título obtido no ano seguinte, esmagando mortos e beneficiando dos campos inclinados para o outro lado. Tornou-se popular com o episódio da camisa rasgada de Rui Jorge. Leviana mentira.
Em Londres, fez uma lista de compras astronómicas, paga, sem pestanejar, por Abramahovich. Com tantos recursos, menos do que o título não seria de esperar. Mesmo assim, logrou perder a Taça de Inglaterra e a Liga dos Campeões. Este ano, perderá mais.
Em traços largos, eis o currículo do maior mito do futebol nacional. Baixem as corcundas e tirem o chapéu. Cumprimentem-no com subserviência. Eis Mourinho, o tonto que subitamente foi levado a sério.
P.S.: Desde já me comprometo solenemente a descer a Rua do Carmo a fazer a roda enquanto canto A Marselhesa se Mourinho ganhar qualquer troféu esta época. E a supertaça não conta...
11 Comments:
oube lá, tu tens é inbeija ó carago! Ide-bos...
O Mourinho é um mau tradutor, mas segundo as más (ou as boas) línguas poderá ter sido um bom "amante" de sir Bobby Robson.
A culpa desta merda chamada Mourinho, então um reles professor de ginástica aparecer no futebol, foi de um senhor chamado Manuel Fernandes. Pois é um grandes senhores por vezes também falham e o Manel falhou
Hummm....
Gostei muito! GOSTEI MUITO!!!!
Esse Mourinho é de facto um merdas, mas temos que lhe reconhecer o mérito. Um merdas. Com mérito! Não deixe de ser verdade, porém, o ditado popular que diz: "Com as calças do meu pai sou um homem"
Vão fazer-lhe uma estátua (que fala, por sinal) no Madame Tussaud's em Londres, não acham que deviam fazer-lhe uma também para o ego???
Agradeço os gentis insultos que me endereçaram. É com leitores assim que se constroi a cidadania. Desde já vos convido para o meu espectáculo na Rua do Carmo.
Espectáculo na Rua do Carmo?
Disseram-me que era no Conde Redondo às 03 da matina e de saia travada,em que ficamos?
Caro Juveneno, a saia travada já não me serve.
Concordo com quase tudo excepto a memória selectiva que esqueceu os titulos europeus de 2003/2004.
Ou então o mérito foi todo do Pinto da Costa.
Procurei apagar da memória os anos de 2002/2003 e 2003/2004. Para efeitos deste post, interessava-me que esses titulos não contassem... Recursos de um blogger sem consciência.
Contribuo eu para tal exegese:
(e sim, que orgulho não o termos deixado pôr o pé em Alvalade depois da carapuzada de corrida que fez a essa boa alma do Vilarinho!)
A taça UEFA va-que-não vá, que lhe valeu as primeiras hosanas, aconteceu após uma derrota por dois a zero na Polónia, outra em casa com o colossal Panathinaikos, com o belo espisódio de um treinador que impede um lançamento lateral como se isso fosse uma praxis defensiva normal, contra a Lazio (consultar registos históricos atinentes, cépticos) e ganhar à solidíssima defesa do Celtic com um homem a menos (em jogo cuja análise da arbitragem me fez retirar onze anos de insultos aos jornalistas italianos devidos à parcialidade pacóvia). Mas, lá está, esta é a vá que não vá.
No ano seguinte temos (para além da supertaça perdida sem apelo nem agravo, banho táctico incluído) do 1-3 com o Real Madrid, três clamorosos episódios de favorecimento arbitral pró Andrades (promoção do EURO?): A anulação do 2ª do Man U. antes do intervalo, penalties claros com 0-0, em casa, contra O. Lyon (os gamados permanentes da CL, cfr. época transacta) e Dep. La Coruña. Isto sem falar da expulsão de Keane nas Antas ou do "penalty" galego (era f-o-r-a).
Mas há mais: o Chelski, bem antes da chegada do bosta, já vinha experimentando um regresso ao topo (onde nunca se demorou muito, como se sabe). Ranieiri tinha perdido estupidamente a meia-final da CL (entregando o título ao sucessor) e o Chelsea já ganhou duas taças europeias, assinalando a última o regresso do clube ao topo, porque acompanhada de duas taças de Inglaterra (e todos sabemos da importância relativa destas no Olimpo da bola albiónico).
Para acabar: sou só eu que acha que o que ele quer é (elegante como sempre) o lugar do Sven?
Caro Antão Bordoada. Substituiu-me com mérito e distinção.
A minha chapelada pela sua página, emérito artista-gastrónomo; "A escala do Barbas" merecia publicação na Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
P.S. Na referência à Lazio do texto precedente, saltou o seguinte fragmento: "...mais fraca da década." É que para mais, eu vivi onze anos em Itália (adepto do Inter) e conheço aquela gente de gingeira. Tenho dito.
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