Agoiro, parte II
Foi com alguma surpresa e relativa incredibilidade que deparei com a traição do meu parceiro de blogue. Com efeito, estive ausente durante uma semana em missão de espionagem - observei, "in loco", a goleada que o Lille espetou ao Nice (atenção, este Lille promete fazer miséria quando receber o Benfica, pelos argumentos que mostrou face a esse monstro que é o Nice) - e não é que, quando dou uma espiadela no blogue, aparece-me um inenarrável post inttulado "O agoiro". Durante minutos, interroguei-me sobre quem seria esse agoiro, mas rapidamente, face aos factos relatados, que era a minha pessoa que estava a ser comentada. Abri a boca de espanto, esfreguei os olhos e não consegui calar a revolta que tomou conta de mim. Como não gosto de ser tão viperinamente denegrido, e como reza o ditado "quem não sente não é filho de boa gente", julgo-me no direito de resposta antes que as calúnias do Bulhão incendeem a bancada que costumo ocupar.
Admito, antes do mais, que assisti ao vivo ou via TV a alguns descalabros do clube, mas porque serei eu o bode expiatório de tudo o que mau acontece? Podemos não ser 6 milhões, mas quantos milhões não assistiram, também, a algumas frustrações colectivas? Relembro, até, que já assisti à conquista de cinco títulos do meu clube - o da primeira liga, não aqueles do quais sou acérrimo adepto mas que militam na segunda B -, além de umas tacitas de Portugal e umas supertaças. Mais: nasci no ano em que o clube conquistou uma taça europeia (será que isto também é agoiro?!). Admito, porém, que durante algumas das minhas ausências do país, a equipa adregou vitórias sonantes, mas será por isso que mereço a fogueira inquisitória? Não meus amigos, no futebol, as coisas acontecem a maior parte das vezes por mera coincidência... Culpem, antes, os verdadeiros agoiros: alguns jogadores, treinadores, administradores, Olegários Benquerenças, Paulos Costas, Antónios Costas, Paulos Paratys e os distintos membros da Liga e Conselho de Arbitragem. E, até, o meu colega bloguista Bulhão Pato. Eu, pelo menos, não me vanglorio de ter defendido com indisfarçável orgulho a camisola de um clube rival.
15 Comments:
Sejas bem-vindo Sancho Urraco, apesar do agoiro que dizem seres e de eu ainda não ter razões para não acreditar no Bulhão Pato, que me confidenciaram ainda hoje ser um ex-anarco-sindicalista ainda dos tempos da distribuição do Jornal A Merda nas ruas lisboetas, mas hoje convertido aos poderes do imperialismo.
Força Sanch, a luta continua mas por favor não vás a Alvalade com o Setúbal, é que o pessoal quer ganhar!
Sancho, este post é um golpe tão baixo que, ao pé dele, a dentada do Tyson na orelha do Evander Holyfield foi um gesto carinhoso.
Julgo que falo por todos quando peço encarecidamente que te dediques a mais missões de espionagem fora do país e te pisgues do estádio de cada vez que a malta joga. Vai espiar o Villareal, o Ferroviário de Luanda ou o Kaiser Chiefs da África do Sul. Compra um bilhete só de ida.
Dizes que assististe ao vivo ou via TV a alguns descalabros. Não sejas modesto. Descalabro é o teu nome do meio. Atrais mais o azar do que a família Kennedy.
Quanto à acusação mais torpe que deixas no ar, reafirmo aos leitores do blogue que representei, de facto, determinada agremiação que me marcou para sempre. Quanto mais não seja porque foi no Pavilhão da Luz que apanhei pé de atleta. Memórias dessas não se compram.
Ao outro leitor, o Juveneno. Ontem, acusou-me de neoliberal. Hoje, sou ex-anarco-sindicalista e convertido ao imperialismo. Porra! Esclareço, de uma vez por todas, que sou um dos catorze que vota religiosamente na Carmelinda e no POUS. E até defendo que o Sporting não devia ter presidente, nem treinador, nem director desportivo. Deveria subsistir em autogestão. Pior do que a gestão da SAD, convenhamos, também não seria.
P.S.: Brilhante a evocação do jornal "A Merda". Tantas memórias que esse periódico evoca.
A golpes baixos responde-se com golpes baixos. E volto a afirmar: ninguém me tira do meu lugar da bancada! Estaremos lá juntos para comemorar qualquer coisa, 0k?
Assinatura:
Sancho "Descalabro" Urraco
Paparuco, depois de indagar e rebuscar jornais dos lampiões dos tempos idos, já que Bulhão Pato é
hoje homem para mais de 90 anos, descobri que não só contraiu pé de atleta como também rasgou a camisola de tantos beijos dar no emblema do passarão.
Tempo de Antena
Informo que representei, de facto, o clube em causa. E, pior ainda, até ganhei um regional ao Sporting. São gestos e actos ingénuos, próprios de uma criança que não pensa. Eu era jovem, precisava do dinheiro. Aquelas fotos não querem dizer nada!
Para comprovar a minha jura pelo novo credo, proponho uma expedição punitiva para hoje: encontramo-nos à entrada do Estádio da Luz às 2 da manhã e pintalgamos a estátua do Ôsébio de verde e branco. E de caminho sacrificamos o Sancho e este Juveneno que não me larga, aos deuses pagões.
Rogo, no entanto, que fique bem claro que nunca dei beijos na camisola: é assim que se apanha herpes labial!
Quem agora não sai da bancada sou eu... isto tá melhor que as sessões contínuas no Olimpia... pera lá, não que eu saiba o que é isso!!!
Rui, suspeito que estas duas personagens possam ser mais pornográficas do que os filmes que passaram anos a foi pelo Olímpia, que se transformou num cinema de culto e acabou, enquanto este blogue parece que está para ficar, ainda para mais agora que estamos a descobrir a ave de agoiro que é o Sancho e o emblema a que parece pertencer definitivamente o Bulhão.
Acho que entre estes dois velhos escribas ainda estão ressabiamentos da histórica "guerra" Atlético/Belenenses, quando ambos se embebedavam na tasca do Alto de Santo Amaro para irem assistir juntos a este velho derby lisboeta.
Há insultos e há insultos. Eu do Benfica? Nem sequer tenho bigode. E nunca na minha vida disse "Ôsébio", "Ôropa" ou mesmo "chóriço". Que o Sancho é um agoiro ninguém tem dúvidas. Agora, não duvidem do meu clubismo. Que caia um raio em cima do intriguista Juveneno se eu não estiver a dizer a verdade.
Pois, pois... mas não negas o garrafão de 5 litros... isso não negas!!!
Aí apanhaste-me.
Apoio o Bulhão Pato na questão dos Agoiros porque me identifico com ele quando no Restelo a vencer o Sporting por 2-0 aos 85' eu gritei ao Paulo Alves que acabara de entrar, 'GRANDE CEPO, ÉS UM CEPO', daí para a frente tb acho sempre que os adversários são os mais fortes e poderosos do mundo e ainda hoje tenho pesadelos com os 2 golos dele!
Nesse jogo, suspeito que estaríamos em bancadas diferentes, caro Apre. Terá sido um dos empates mais injustos que o Sporting alguma vez conquistou. Até hoje, perguntei-me porque tinha acontecido a reviravolta em cinco minutos. Hoje, percebi. O meu amigo quebrou a regra elementar da superstição. Mais um pormenor: nesse jogo, obviamente, o Sancho Agoiro não pôde ir.
"...eu até nasci no ano que o Sporting ganhou a única Taça europeia". Está encontrada a explicação de nunca mais termos ganho nenhuma! inclusivamente a derrota "inexplicável" do ano passado na Taça UEFA...
Precisamente, Agoiro Júnior, precisamente.
Enviar um comentário
<< Home