Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

sexta-feira, julho 31, 2009

Consultório jurídico

Esclareçam-me uma dúvida. Como empatámos a zero com o Twente em Alvalade, precisamos no mínimo de um empate com golos na Holanda, certo?
Se eu interromper o próximo jogo à pedrada, depois de forçar a entrada no estádio, o árbitro interromperá o jogo, certo?
Perante o impasse, o presidente do Conselho de Disciplina da UEFA, que também é presidente da Casa do Sporting de Enscheide, atribuirá derrota por 0-3 às duas equipas, certo?
Com esse desfecho, empataremos o jogo de lá a 3-3, certo?
Nessas circunstâncias, qualificamo-nos para a próxima ronda pela vantagem dos golos marcados fora, não é?

quarta-feira, julho 29, 2009

Onde se fala de Ulf, o apalpa-rabos, e de Gobern, o enfarda-empadas


Em 1843, o padre William Miller, um baptista (embora o tradutor automático do Google insista que era o padre William Baptista, um Miller), previu o regresso de Jesus à Terra rapidamente seguido do fim do mundo. Até ao dia 21 de Março do ano seguinte, de acordo com a previsão, o planeta implodiria.
Ora, um dos problemas da malta que prevê coisas apocalípticas como o fim do mundo, a destruição do planeta ou a nudez da Maya na capa da FHM, é a prova. No dia 22 de Março de 1844, Miller acordou a sentir-se ligeiramente tonto, mas, após olhar pela janela e avistar a manada de gente enfurecida que caminhava no seu encalço com forquilhas e tochas (uma espécie de congresso dos No Name Boys), fez como a Qimonda e prorrogou o prazo por mais um mês, até 18 de Abril. A 19 de Abril, voltou a adiar até 22 de Outubro. A 23 de Outubro, alguém lhe disse que era capaz de ser de mais e Miller concordou que o evento previsto tinha ocorrido no céu, e não na Terra. E era mais metafórico do que literal. No que toca a adivinhos, Miller provara ser o Nuno Gomes da equipa de Nostradamus. Após três falhanços escandalosos, pediu a substituição.
Compreensivelmente, alguns dos militantes que tinham aproveitado o Fórum TSF para expiar publicamente os seus pecados ficaram aborrecidos; outros, comovidos com as três previsões falhadas, fundaram uma fé sobre estes alicerces duradouros. E assim nasceu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
O senhor da foto chama-se Ulf Buck. Segundo uma edição de 2003 do “Correio do Minho”, Ulf é alemão e é cego. Diz também que é parapiscólogo e consegue prever o destino de qualquer cliente desde que lhe possa apalpar a padiola. O “Correio do Minho” não diz, mas é evidente que Ulf tem outra qualidade para além de ser alemão e cego. Ulf logrou cumprir uma das aspirações mais antigas da humanidade: poder viver livremente da apalpação do rabo dos outros e ainda daí extrair rendimentos. Desconheço a designação profissional que Ulf inscreve nos ficheiros das finanças, mas é um trabalho honesto e alguém tem de o fazer. Há muito acidente escondido em pregas, fístulas e verrugas inconfessadas (Não leve a mal esta digressão pelos caminhos tortuosos da proctologia, eu sou como os malucos e digo a primeira coisa que me vem à cabeça).
Em Portugal, aparentemente, também há adivinhos, mas menos requintados. Submeto ao escrutínio dos senhores que João Gobern é o padre Miller dos nossos tempos. Todas as semanas, o cronista do “Record” lida igualmente com profecias escoradas em folclore e palermice e explora a ingenuidade dos tontos que o lêem. Como eu.
Há dias, na televisão, Gobern previu que o FC Porto tem 55% de probabilidades de ser campeão este ano e o Benfica 45%. Deu-me ideia de que se esqueceu de alguém, mas revi o vídeo e fiz as contas várias vezes. Com a certeza matemática que só um estudante de Letras pode garantir, afianço que os números de Gobern completam 100%. Pelo que há um dos três grandes que não tem qualquer hipótese de ser campeão.
Não posso, nem devo, entrar pelo insulto fácil. Gobern, a quem Pinto da Costa chamou em Junho o “cronista obeso do Record”, não o merece. Afinal, ele tem uma relação de peso com as forças do Alem. É o peso-pesado da adivinhação e vale o seu peso em ouro (prometo não abusar).
Ora, João Gordern (foi a última, prometo. Enfim, prevejo que prometo) apostou a avantajada reputação neste cálculo de probabilidades, após observar as pré-épocas dos dois rivais do Sporting. E como sucede com o padre Miller, a previsão terá alguns meses de validade até ser testada pela prova definitiva.
Com pena, não creio que alguém venha a estabelecer uma fé religiosa em torno de João Gobern: a fazê-lo, seria sem dúvida a Igreja Adventista do Sétimo Prato ou a Igreja Universal do Reino da Empada. Melhor seria que Gobern se tivesse dedicado à apalpação para adivinhar o futuro. Dá ideia que o prestígio jornalístico de Gobern é capaz de ter rabos de palha.

quarta-feira, julho 22, 2009

Resposta equivalente

José Eduardo Bettencourt não contava seguramente com um caso destes nas primeiras semanas do mandato, mas a bomba rebentou-lhe na mão e o presidente leonino tem agora oportunidade de mostrar de que fibra é feito. A decisão absurda do Conselho de Disciplina da FPF, à medida e convenîência de quem provocou os desacatos, deverá ter uma resposta proporcional por parte do Sporting.
Passe a temeridade, cá vai o meu contributo: que se recuse toda e qualquer convocatória de jogadores do Sporting para as selecções nacionais nos escalões de formação. Se é esta a linda ideia que a FPF tem do futebol de formação, pois que faça selecções com os recursos dos outros.

Já agora, no último êxito de uma selecção portuguesa em competições internacionais, no já longínquo ano de 2003, os sub-17 sagraram-se campeões europeus com quatro jogadores do Sporting no onze-base. Curiosamente, dos 18 portugueses utilizados nesse Europeu, só três se mantêm no clube de origem - João Moutinho, Miguel Veloso e Carlos Saleiro. São do Sporting.