Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

segunda-feira, março 30, 2009

Um parágrafo para treinar o fôlego, o grito do velho Lau, torturas lusíadas e Fernando Seara em nu integral *

Tenho um pesadelo recorrente em que estou prestes a sucumbir por motivos que nunca consigo entender, mas que estarão seguramente relacionados com os rendimentos que não declarei em 1994 e que, por manifesta estupidez, não regularizei em 1996 com o Plano Mateus, e agora é tarde, valha-me Deus, Coitadinha da velha, Um dia, eles apanham-te pela calada, filho, Ó mãe, aquilo são favas contadas, E por que diabo não escreves uma frase com menos de seis linhas que toda a gente entenda?, Não sei, diz o narrador de Saramago, que sabe sempre tudo mas não consegue interromper uma oração com um ponto final, nem repetir provérbios que toda a gente conheça, excepto os desgraçados que nasceram na Azinhaga do Ribatejo, O que meu for de Pilar se tornará?, Mau, este parágrafo parece o metropolitano – já tem gente a mais, Precisavas, Bulhão, de uma daquelas operações de coração aberto, como está na moda, Não é de peito aberto que se diz?, Não, estas são com amizade, com o coração aberto ao infeliz que está na marquesa, Qual marquesa?, Aquela de Bovary, Essa não era a Simone?, Ela nunca mais cantou, pois não?, Quem?, A Simone, coitadinha, que bem que ela cantava “Ai chega, chega, a minha agulha”, Essa era a Beatriz Costa, imbecil, E com isto fecho o parágrafo, Cá vai. Rggghhnnn.
(pausa para recompor)
(dão-se alsivaras… alvirassas... alravissas... ahem... recompensas a quem ler a frase anterior sem deslocar um brônquio)
Pois no pesadelo em causa estou quase a transpor o Letes, o rio dos mortos, quando uma voz me traz à vida. É o Venceslau Fernandes que, por algum motivo, berra desalmadamente aos meus ouvidos, acentuando a sílaba tónica: “Correeeee, Bulhãaaaao. Resiiiiste. Ai, que ainda me dá uma coisa, vamos a eles, Vaneeeeesssa.” O xinfrim é de tal maneira que lá acordo, esbaforido, do sono dos mortos e atrasado para o trabalho dos vivos, embora, na repartição, sejamos cada vez menos e a dona Palmeiro, a meio da manhã, entra em modo de screen saver e dormita uns minutitos sem ninguém dar por isso.
Lembrei-me desta história hoje, ao saber que o Hospital dos Lusíadas ameaça os utentes com tratamentos punitivos na Suite Benfica. A notícia não vem na imprensa séria, aquela de sobrolho franzido como o “Expresso” ou o “Record”, mas, mesmo assim, parece verdadeira. No hospital, o doente é atormentado com posteres na parede do quarto, Piçarra no rádio de serviço, o sibilar do Sílvio Cervan na televisão, a “Mística” se quiser leitura e roupa de cama estampada com motivos alegóricos. Dizem que, no leito da morte, mesmo o mais empedernido facínora confessa os seus pecados. Pois ficam a saber que, se me tocar em sorte um tratamento destes, podem chamar um padre que eu confesso o que os senhores quiserem.
Não me admiraria, porém, que a extrema unção ainda fosse dada pelo Fernando Seara.
Diz que quem vestiu a sotaina uma vez nunca mais esquece.

* A parte do "nu integral" era só para vender mais.

terça-feira, março 24, 2009

Sai uma cabecinha de cavalo para a caminha do Lucílio


A ciência moderna reconhece hoje que existem quatro fossas profundas neste belo planeta. A fossa das Marianas, no Pacífico Sul, a fossa das Aleutas, no Pacífico Norte, a fossa séptica no jardim do meu pai e a fossa nasal no comum dos mortais. Aparentemente, segundo os jornais de hoje, há uma quinta: a fossa profunda em que vive desde sábado à noite o pobre do Lucílio Baptista, que não sai de casa com medo que o insultem na rua, o ameacem de morte ou lhe vendam enciclopédias.
Segundo o “24 Horas” de hoje, Lucílio foi ameaçado por carta. Ameaçado por telefone. E ameaçado por e-mail. Abalado, não foi trabalhar ontem, nem planeia trabalhar hoje. Para nós, os que mandámos cartas anónimas, tufonámos às três da manhã e lhe enviámos e-mails com convites para ajudar o Banco Alimentar e fotos da Manela Ferreira Leita au naturel, fica um certo conforto. A mensagem passou.
E nem foi preciso enfiar a cabecita de um cavalo entre os lençóis do Lucílio, como mandam os manuais.

segunda-feira, março 23, 2009

Lucílio no Wikipedia – Memória futura

Ontem à noite estava lá, que eu vi. Hoje, a entrada sobre Lucílio Baptista no Wikipedia já foi modificada e bloqueada. Para memória futura, aqui vai.

"Lucílio Baptista
Lucílio Cardoso Ladrao Gatuno Corrupto Cortez Baptista (also known as Gatuno do Algarve (born April 26, 1965 in Lisbon) is a Portuguese thief. He is known for robbing his favourite club, Sporting Clube de Portugal (not Sporting Lisboa), and to single-handedly winning a cup final against a team of 11 players, which is an impressive feat.
Besides his international matches, he is very known in Portugal for his low capabilities when judging football matches.
When his club, Sport Lisboa e Benfica also known as Lampiursos, plays and he is the referee, he is unable to hide his red shirt, as it has been proved once again in the last Portuguese Carlsberg Cup final, between Lampiursos and Sporting Clube de Portugal, where he acted in clear jeopardize of Sporting. Despite not having expelt a big ammount of Lampiursos players after they have tried to rip of some Sporting players' legs, he was able to see a penalty of a Sporting player claming that the ball hit his hand, when no one had a doubt that the ball went to the chest of Pedro Silva.
This wrong decision of the referee, was worth the second yellow card for the Sporting player and consequent red card (incomprehensibly, the first yellow card of the match was shown to Pedro Silva, after Luisão has done several fools, and David Luiz had played the ball with the hand quite a lot of times), and changed competely the match, since Lampiursos were able to draw the game with the penalty, and took the game to the penaltys decision.
After this great exibition of Larápio Baptista, aka Lucilio, it is expected that he renews his contract with Lampiursos for the next five seasons, with a big wage increase, passing to the level of other big names of the Portuguese referee world"

domingo, março 22, 2009

"Foi um erro, uma análse mal feita",


diz o animal. Em alguns países do Médio Oriente, cortavam-te as mãozinhas por um furto destes, prática essa desaparecida, com muita pena, dos nossos bons hábitos e tradições.
Verdade seja dita que, no final da primeira volta, já não haveria árbitros em Portugal com os membros superiores intactos. Antevejo, porém, uma vantagem: quando roubassem como o Lucílio, pelo menos já só punham o coto em frente da boca para a malta não ler os lábios na televisão.

sábado, março 21, 2009

Perante isto...


... resta devolver por via postal as medalhas à Liga e recusar a participação na próxima edição.
Roubava-se assim, roubava-se, mas costumava ser antes do tempo da televisão, quando só eram enganados os 30 mil que estavam no estádio. Roubar assim, com 18 câmaras no estádio, é sinal de duas coisas: coragem de Lucílio Baptista e costas quentes.

terça-feira, março 17, 2009

Ecos liliputianos ou uma espécie de Twitter ao ralenti

Como se previa, a onda Menezes Rodrigues encapelou, formando uma maré viva imparável que só terminará quando o candidato Menezes Rodrigues assumir o seu destino. Se 2008 foi o ano de Barack Obama, 2009 tem tudo para ser o ano de Menezes. Até porque, na tradição chinesa, este é o ano do chihuahua.
Cumprindo o prometido, aqui segue o compacto das propostas ontem lançadas por vários fregueses. Entendam este esforço como uma espécie de Twitter ao ralenti e não nos culpem pelo nosso info-atraso. Ficam a saber que até há poucas semanas o Sancho pensava que o Twitter era um chocolate. E eu cuidava que o Firefox, as firewalls e o firewire eram equipamentos que o ministro Rui Pereira tinha dado às corporações de bombeiros. Sem mais delongas, eis os ecos liliputianos.
Leão de Alvalade Ao anunciar a sua saída FSF colocou a fasquia alta e assim o Meneses pode passá-la por baixo...
JPC Tão grande como o dos maiores presidentes da Europa...
Leão de Alvalade O relacionamento com os sócios será melhor. Quando o Meneses pedir alguma coisa aos sócios parecerá que o faz de joelhos...
Visigordo O candidato, que nunca será um candidato altifalante, poderá usar como ninguém os habituais chavões como “não sou homem para me pôr em bicos de pés”
Este vosso criado Para usar quando tiver de deixar o palanque dos discursos:
“Se calhar, para os senhores, era um pequeno passo. Para mim, é um salto gigantesco"
Visigordo Para os discursos mais complexos "Pois do alto da minha sabedoria vos digo..."
O 7 Maldito
O grupo de trabalho agradece esta candidatura. No caso de ganharem um título será muito mais fácil lançar o Presidente ao ar.
Visigordo Em qualquer situação corrente em que se pretenda definir prazos imediatos: "Está na altura..."
Este vosso criado Não chores, Menezes. A vida tem altos e baixos...
Visigordo O grupo de trabalho, todo o staff, nós, os sócios e adeptos, agradecemos um presidente que nunca nos falará em voz alta.
Visigordo Assim com'assim, conhecerá melhor do que ninguém o que é andar por baixo.
Visigordo A expressão "abaixo de cão" poderá ganhar um novo sentido, a não ser que se esteja a falar de um chihuahua.
Este vosso criado Menezes em discurso correctivo para o futebol de formação: "Não tentem crescer para mim. Ficam a saber que de pequenino se torce o pepino."
Visigordo Nem tudo serão virtudes, uma vez que é natural que venha muitas vezes a ser acusado de rasteirinho.
Este vosso criado Por uma vez, os benfiquistas terão razão: o presidente do Sporting não chegará aos calcanhares do do Benfica.
Visigordo No entanto, poderá ter uma visão mais democrática de gerir, ou seja, olhando as coisas na perspectiva de baixo para cima.
Visigordo Se sair igual a Filipe Soares Franco, poderá, pela primeira vez a sério, falar-se na redução do passivo.
Este vosso criado Se perder outra vez com o Bayern: "Faltaram-nos centímetros"
JPC "Faltam pequenos pormenores para finalizar a preparação da próxima época"
Este vosso criado Será verdadeiro o rumor que garante que a próxima pré-época será realizada em Palma de... Minorca?
Visigordo Agrada-me sobremaneira ter um presidente que já saberemos de antemão que perante os grandes desafios não se poderá encolher.
Visigordo Finalmente um presidente de ideias compactas.
Visigordo Ao Menezes é que ninguém mandava baixar a bola!
RR Menezes, todas as grandes caminhadas começam com pequenos passos!
Este vosso criado "A Bola" tem uma secção muito mázinha para o nosso candidato. Chama-se "À lupa".
Este vosso criado Será seguramente um presidente com "p" minúsculo...
Visigordo Tudo isso me parece uma questão menor.
Este vosso criado Até estou de acordo porque há vantagens palpáveis: com Menezes Rodrigues, teremos seguramente acesso ao micro-crédito bancário.
Tite Lembrem-se que os homens não se medem aos palmos. Se assim fosse nós temos tido o MAIOR Presidente de sempre.
Leão de Alvalade A avaliar pela blogosfera parece-me líquido (não é referência ao presidente cessante...) que a eleição de Menezes representaria, para muitos Sportinguistas, um golpe.. baixo.
Este vosso criado Reconheçamos, senhores, que esta polémica é de facto microscópica. A vida de um grande clube não pode ser feita de minudências.
Virgílio Bernardino Agora percebo porque é que o pessoal do núcleo de Castelo Branco adiou vária vezes, a inauguração da nova sede: diziam eles que não aparecia ninguém...
O 7 Maldito Menezes tem tudo para escrever uma bela página da História do Sporting. Um belo rodapé, para ser mais correcto.
O 7 Maldito No dia da sua tomada de posse, o jornal Sporting publicará uma edição especial, toda ela impressa em caixa baixa.
O 7 Maldito Slogan da candidatura de Menezes: "Para grandes males, pequenos remédios".
Leão de Alvalade Mais um argumento a favor das eleições antecipadas: a sua eleição encurtaria distâncias.
Leão de Alvalade O ditado da Tite peca pelo exagero. O homem não deve ser medido ao palmo, seria mais correcto.
Gnitrops Menezes para Abrantes: “Olhar para ti faz-me vertigens.”
Gnitrops Não tínhamos de ver o presidente do clube sentado ao lado de Pinto da Costa. Passava despercebido.
Gnitrops Pelo menos se referisse que o passivo é enorme a malta não se assustava tanto!
Férenc Meszaros Penso que pode ter um papel importante na política de contenção de custos do clube. Nas viagens de avião, por exemplo, só paga meio bilhete...
Anjo exterminador Será ele a minoria de bloqueio?
Visigordo E para contenção de custos, nada como uma gestão minimalista.
Visigordo Fará de todos nós homens mais atentos. Um dias destes, enquanto passeava nos corredores de Alvalade, num passo mais distraído, ouvi um "CRACK". Julgava ter sido uma batata frita...
Visigordo Uma coisa, estou certo, nunca iremos ouvir: alguém mandá-lo reduzir à sua insignificância.
Visigordo Acredito também na redução da luxuosa frota automóvel ao serviço da direcção. O homem parece-me mais de rente-a-car.
JVL Com o Menezes a presidente nunca teríamos um presidente a crescer para a Comunicação Social.
JVL Positivo é que poderá negociar as taxas de juro em baixa.
JVL E pode lançar desde já a nova modalidade do SCP: dança do limbo.
O 7 Maldito Como primeira medida de contenção de custos, o catering do camarote presidencial passará a servir apenas meias-doses, acompanhadas de meias-garrafas, seguidas de bicas curtas. Para finalizar, meio-whisky.
Joaquim Agostinho Será que o João Moutinho o levará pela mão, quando entrar em campo?
Joaquim Agostinho E quem levará o banquinho, quando for entregar cachecóis e camisolas no relvado?
Férenc Meszaros E minis. O catering também terá minis.
Visigordo O que mais custa é que, por mais méritos que a sua gestão venha a ter, iremos sempre vê-lo sair pela porta baixa.

segunda-feira, março 16, 2009

Digam-me que é uma brincadeira


Segundo o “Record”, Menezes Rodrigues perfila-se como candidato da continuidade nas futuras eleições do Sporting Clube de Portugal. Para quem não sabe quem é, vale a pena dizer que é o senhor pequenino que vai aos núcleos descerrar os letreiros. À excepção dessa nobre tarefa, ora desempenhada sem apoio, ora com o apoio de um banquinho para chegar às placas mais elevadas, Menezes Rodrigues não tem mais nenhuma qualificação que o torne válido para o cargo. Excepto talvez aquela clarividência, que lhe permite dizer na mesma sessão que se opõe à antecipação das eleições, mas que, se elas forem antecipadas, também está bem.
Com o efeito de uma pedrada no charco, a proto-candidatura despertou intenso debate aqui no Mãos ao Ar. Por um lado, como sportinguistas, ficámos aterrados; por outro, como aprendizes de humoristas, ficámos encantados. Com Menezes Rodrigues, teremos material com fartura. E, como não somos egoístas, cedemos gratuitamente várias ideias à sua campanha:

Para usar antes das eleições:
“Rodrigues, o candidato com estatura para o Sporting”

Para usar depois de escandaleiras como a de Munique:
“Ainda somos muito pequeninos na Europa”

Para usar na tomada de posse.
"Aqui estou, como Newton, apoiado sobre os ombros de gigantes. Verdade seja dita, os senhores parecem-me todos gigantes.”

domingo, março 15, 2009

É aqui que morava o defunto?


Os obituários de Paulo Bento e do Sporting publicados hoje no "Record" e "A Bola" e ontem no "Público" eram formidáveis.
Fizeram-se balanços, publicaram-se estatísticas, resumiram-se as medalhas. Que pena, escreveu-se no Record, que um mau resultado com o Rio Ave estrague um percurso tão brilhante. Faltaram talvez uns versos para colorir o velório.
Afinal, os obituários até estavam certos. Só que o óbito ocorreu no outro lado da rua...

sábado, março 14, 2009

A Cerelac faz mesmo efeito

Este comunicado parece tonto e leviano até vermos as fotos. Livra!
(Cortesia: Academia-de-talentos.com)

sexta-feira, março 13, 2009

Voto de silêncio

Numa curta passagem de “A Viagem do Elefante”, José Saramago presta um maçador tributo a uma tribo da Amazónia tão familiarizada com o seu habitat que dispõe, no vocabulário colectivo, de 27 palavras diferentes para descrever tons de verde.
Não terá ocorrido ao escritor que a tribo em causa poderá ter investido erradamente na semântica. Na verdade, eu sou um adepto fervoroso do lirismo e da poética tola. Também gosto muito do mito do bom selvagem e, se tivesse dinheiro, até comprava um índio destes para pôr no quintal. Só tenho pena que os antecessores destes índios não tivessem posto em prático essa eloquência linguística há 500 anos. Poderiam tê-la usado para cunhar as importantes frases: “Lá vêm os barbudos portugueses no barco outra vez, mais o frade careca que, no ano passado, nos deu missangas e nos pespegou água benta na moleirinha. Que estranho: eles estão a apontar o pau que cospe fogo nesta direcção. O que será que isso significaaaaaaaaaai! Irra! Já levei uma chumbada na padiola.” Não é tão idílico como passar os dias a contemplar os tons verdes dos caules e das folhas, lá isso não é, mas antes vivo e embrutecido do que poético e cadavérico, já lá diz o Dalai Lama. Ou o Schwarzenegger. Um dos dois, pronto.
Não sei quantas pessoas estarão amanhã em Alvalade, nem em que disposição se vão apresentar. Só sei que ouvi o presidente do Sporting defender que o resultado de Munique foi “muito mau”, mas não foi uma “vergonha” nem uma “humilhação”. Esses sentimentos, presume-se, ficam guardados para a próxima ocasião.
Ao contrário do que o bom senso recomenda, irei ao estádio. Sentar-me-ei no meu lugar de sempre, junto a um corrimão amarelo que, mesmo impávido e mudo (afinal de contas, ele é de metal e a maioria dos corrimões amarelos de metal não se mexem, nem falam), percebe mais de futebol do que a cúpula directiva do clube. Prometo assistir ao jogo do princípio ao fim. Não sairei mais cedo, qualquer que seja o resultado. Mas também não soltarei um som – nem um aplauso, nem um assobio; nem um festejo, nem um apupo. Eventualmente, se a mostarda me subir ao nariz, espirrarei, até porque o espirro é como o bilhete do Euromilhões: não se pode guardar para domingo. Como também li algures que ninguém consegue espirrar e manter as pálpebras abertas, nem mesmo o Nélson Évora, talvez aproveite a ocasião para colocar a teste esse preconceito. Tirando isso, nem um pio.
Amanhã, farei um voto de silêncio pelo que (não) fizeram em Munique. O verde do Sporting, um dos 27 tons à disposição dos índios pobrezinhos do Saramago, embranqueceu, como se tivesse passado por um banho de lixívia.
E não merece palavras.

quinta-feira, março 12, 2009

Nojo

Tão ou mais vergonhoso quanto a paupérrima actuação do Sporting em Munique, é o mau jornalismo. É ignóbil a chamada de capa do Record de hoje, 12 de Março: "Miguel Veloso entra a rir no treino".
Há quem goste e quem não goste de Veloso mas, para com o jornalismo vergonhoso, há unanimidade.
Mas uma coisa tem o Record assegurado para os próximos dias: manchetes do tipo "Miguel Veloso arrotou hoje no treino", "Miguel Veloso cuspiu para a relva à entrada do campo de treinos", "Miguel Veloso palitou os dentes dentro da Academia" - e menos um leitor.

quarta-feira, março 11, 2009

A quem apresento a conta?

Não há uma maneira decente, nem uma maneira fácil, nem uma maneira competente de dizer isto. Mas eu só digo se os senhores prometerem que não se riem. Prometido? Então, cá vai.
Eu estampei o carro por causa da merda do Sporting.
Ai o crl: ou param de rir ou não conto a história. Vamos lá ver.
Desde manhã, já debitei mais de trezentos palavrões. Pode parecer um exagero, mas já tive de limpar duas vezes do pára-brisas o cuspo que para lá projectei com os meus perdigotos. É razoável dizer que não ando muito calmo hoje.
Pois, cheguei ao local de trabalho e entrei na garagem. Quer-se dizer, esperei que o portão subisse e avancei. No outro sentido, vinha outro carro. Não passávamos os dois, está bom de ver.
E eu pensei para os meus botões: "Já me foram ao pacote sete vezes ontem, pois já chega, senhores." E ele deve ter pensado o mesmo.
E eu apitei intensamente, no que fui prontamente imitado por ele, até o senhor Alfredo, aqui da portaria, olhar com manifesto repúdio e nos fazer parar. Com a queratina da unha amarelecida pela experiência e pelo betão do terceiro anel, o senhor Alfredo fez-me ver que era eu que deveria retroceder.
E eu fiz como o Polga e recuei.
Só me esqueci que o crl do portão já estava a descer.
Alguém quer comprar um compacto?

Provocação



Há algum motivo para a Esfera dos Livros me enviar hoje, logo hoje, este convite?

terça-feira, março 10, 2009

Demasiado humilhado para mexer os dedos e escrever insultos, excepto isto:



Polga, desejo fortemente que contraias lepra e te caia o p*** antes de tudo o resto.
Pronto, já me sinto melhor!
(se daqui a umas horas estiver melhorzinho, ainda dou um salto ao aeroporto com uma rebarbadora para aparar o cabelo do Veloso... Desculpem. Do Miguel)

terça-feira, março 03, 2009

O lorde do Benfica



Para mim, que sempre defendi um sistema de castas no futebol português, foi um rude golpe. Custa-me dizê-lo, mas há um lorde no Benfica. Ao contrário do pequeno lorde de Frances Burnett, este não parece ter pedigree, nem consta que saiba portar-se à mesa sem colar excrescências do nariz em forma de couve-flor no tampo, mas um lorde é um lorde e, com a crise que para aí anda, justificou naturalmente duas páginas panegíricas do jornal “A Bola”.
Para calar os críticos, à boa maneira da prática objectiva da casa, o jornal preocupou-se em ouvir teses favoráveis e o respectivo contraditório. Temos assim no artigo sobre o novo projecto de metodologia do treino do futebol do Benfica os técnicos envolvidos, que acham o projecto bestial, e gente ouvida por acaso no Caixa Futebol Coiso, que acha o projecto ainda melhor do que bestial, defendendo que, se existisse uma expressão ainda mais forte do que bestial, ou se existisse uma palavra que combinasse a sensação de “bestial” com “óptimo” não hesitariam em usá-la. Bóptimo, por exemplo.
Tomem lá, ó críticos dos media, que é para não dizerem que “A Bola” é parcial!
O lorde, na verdade, é só LORD, acrónimo de Laboratório de Optimização do Rendimento Desportivo. E, garante também o jornal, é bestial. Segundo “A Bola”, o AC Milan tem uma coisa parecida desde 2000, o que permite que “Maldini jogue aos 40 anos. Inzaghi marque golos aos 35 e Seedorf mover-se no meio-campo como se tivesse 22 anos”. Não diz o jornal, mas sublinho eu: felizmente que no Milan não se enganaram na programação desta bimby do treino, não fosse o Maldini teimar que só jogava até aos 22 anos e o Seedorf desatar a mover-se no meio-campo como se tivesse 40. Enfim, os italianos lá sabem mexer nos botões e programar a coisa.
Como nas boas demonstrações de detergentes e produtos capilares, o jornal apresenta dois estudos de caso, mostrando o “Antes” e o “Depois” da integração dos atletas no LORD. No primeiro caso (clicar nas imagens para obter maior definição), mostra-se Di Maria “antes” e “depois”. Eu reconheço que sou um leigo, mas, na verdade, comparei longamente as duas imagens e só detecto que, depois de treinar no LORD, os jogadores do Benfica aparentemente passam a vestir malhas da Colecção Outono. É verdade que o casaco é bonito e combina muito bem com o calção preto, mas cuido que é pouco. A não ser, claro, que a malha seja italiana, como a do Milan.
No segundo caso, ilustra-se David Luiz em Março de 2007 e na actualidade. Aqui, a mudança é mais radical: depois de um ano e nove meses de treino no LORD, David Luiz adoptou o penteado da Tonicha no final dos anos 1970! Eu não percebo muito de metodologia do treino. Ou de futebol. Ou de marketing. Sejamos francos, eu não percebo muito de quase nada. Mas, pelo menos comigo, a propaganda não resulta por aí além. Se me dissessem que, graças ao LORD, eu ganhava aquele hair styling, desatava a correr e só me apanhavam se chamassem o Pereirinha.
***
O jornal resume, em caixa lateral, os três resultados imediatos da aplicação do LORD. Número 1: “Segundo a UEFA, o Benfica é a equipa com menos lesões da Europa”. Enfim, é o folclore do costume, mas admita-se que sim e vamos fingir que a UEFA não sabe do Suazo, do Aimar, do Martins, do Suazo, do Amorim, do Moretto, do Suazo...
Número 2: “Suazo recuperou de uma rotura muscular em 18 dias, quando o tempo normal de recuperação ronda as quatro a cinco semanas”. Tiro o meu chapéu. Sim, senhor. Bravo. E se o Suazo não estivesse outra vez na enfermaria com uma rotura, também tiraria o chapéu dele.
Número 3: “Di Maria ganhou oito quilos em dois anos e David Luiz mais 10 quilos num ano e meio”. Eu não quero ser desmancha-prazeres, sobretudo agora que Sporting e Benfica já se dão bem outra vez, mas não me parece uma proeza tão espectacular. É que nós, em Alcochete, temos o Rochemback, que pesa mais vinte quilos do que em Agosto, e não andamos a fazer esta algazarra.