Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

terça-feira, outubro 31, 2006

Não Sejamos Gulosos


Do livro "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, a obra mais vezes citada em powerpoints idiotas de gestores não menos idiotas: Se chegares à quinta jornada da Liga dos Campeões a um ponto do segundo classificado, se fores jogar a casa dele e se ainda tiveres um último jogo em casa, não sejas guloso, rapaz, e come primeiro o que tens no prato. Um empatezinho em Milão serve perfeitamente as tuas aspirações, assumindo que os camafeus dos alemães não vão fazer panelinha com os mafiosos dos italianos.

É ridículo citar Sun Tzé? Mesmo com dois mil e quinhentos anos, parece-me bem mais actualizado do que o António Tadeia.
Parabéns, rapazes. Foi a primeira vez que o Bayern não sovou uma equipa de Lisboa naquele estádio.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Ohrwurms ou Vermes nos Ouvidos

Uma boa definição para insanidade é fazer hoje a mesma coisa que ontem e esperar um resultado completamente diferente. Em semana de FC Porto-Benfica, o espaço público tornou-se irrespirável, a exemplo de outros «clássicos» entre os mesmos protagonistas. A falta de decoro é tão grave que até um carroceiro ruborizaria de vergonha, mas, sejamos francos, da polémica exala sobretudo o enorme medo de qualquer uma das partes em sair vencida.
Multiplicam-se os editoriais de indignação, verdadeiros testemunhos de hipocrisia jornalística, publicados três páginas depois da manchete incendiária. Cronistas persignam-se receando o dia em que uma faúlha como esta provocará combustão no mar de gasolina criado pelos presidentes do segundo e terceiro maiores clubes portugueses. Apela-se à calma, essa arte tão portuguesa de exigir dos outros a disciplina que não sentimos em nós. E exige-se o protagonismo dos artistas, como se os artistas não fossem as animálias regurgigantes por todos reconhecidas, incapazes de articular mais do que quatro palavras monossilábicas.
“Pinóquios”, “ex-associados”, “engavetados”, “café com leite”, “fruta da época”, “cavalgadura”… Os alemães chamam “verme no ouvido” a uma canção ou som que não nos sai da cabeça. Desconheço se na virtuosa língua alemã existe alguma expressão para qualificar o “ouvido transbordante de sons”. Mas, em rigor, os alemães também não sofrem com estes filmes.
Perante o espectáculo, eu, que não tenho o menor sentido de estado, sorrio. Antigamente, metiam-se os microcéfalos nos asilos ou, no mínimo, escondiam-se-lhe os defeitos do público. Hoje, os microcéfalos são dirigentes do Benfica e do FC Porto. Parece-me apropriado. Sugiro até que, à porta das respectivas sedes, se escreva, como antigamente nas tabernas, cautela com estes animais! E que se fardem os accionistas de domadores, não vá o Diabo tecê-las.
Madail, Laurentino, Hermínio e demais figurantes vieram a público lembrar que se estão «talvez a cometer excessos verbais». A cautela dos órgãos de soberania em qualificar, sem reservas, a semana como um festival de tabernas envergonha governantes e governados. Nesta situação, caríssimos, impõe-se clarificação urgente: são taberneiros ou não são?
Na minha terra, diz-se apropriadamente, embora com um ponta de boçalidade que em nada destoa do chinfrim da época, que uma mulher não pode estar só ligeiramente grávida. Ou está grávida ou não está.

segunda-feira, outubro 23, 2006

José Aragão Pinto


Por cada leão que cair, outro se levantará.

Conheci-o há mais de dez anos, em período conturbado da história do Sporting. Por contingências da vida, estivemos pontualmente em trincheiras diferentes, mas, dele, realçarei sempre o cavalheiro, o eterno lutador, o defensor intransigente do fair-play e o abnegado sportinguista.
Ganhou todas as batalhas em que se envolveu.
Perdeu esta, logo ele, que não perdia uma.
Ficou mais pobre o Sporting.

Agora a sério, senhores portistas, quantas encomendaram?



Do quadrante mais imprevisível, republico uma crónica com a qual genericamente concordo. «Aqui»

É por atitudes decentes como esta que não sou capaz de odiar o FC Porto. O FC Porto é como aquele amigo cinquentão que todos nós temos, para o qual guardamos a pior garrafa de whisky porque ele não nota a diferença, que ainda nos pede 50 euros para ir às meninas e que confunde roaming com serviço de quartos . Quem é que tem ódio por um tipo bonacheirão como este?

quinta-feira, outubro 19, 2006

Tão Perto

Reconheço: ESTOU DESAPONTADO [ler aos berros, alheio(a) ao olhar de reprovação dos seus colegas de repartição ou do seu agente de liberdade condicional]. Esperava mais. Queria ganhar aos «boches». Tinha, até, imaginado que marcharia para casa em passo de ganso em jeito de comemoração.
Como qualquer outro sportinguista, escrutinei cautelosamente o vídeo do jogo à procura de um caso polémico a que me pudesse agarrar. Com jeitinho, talvez tenha sido penalty sobre o Tonel e agressão sobre o Liedson. Mas não chega. Desta vez, nem com boné e cachecol da sorte, a coisa lá foi. Os gajos são mais fortes, mais altos, dão mais pancada e perdem mais tempo do que o departamento médico do Benfica.
É verdade: nós temos o talento, a arte, o génio criativo. Mas de que serve isso se os alemães passam o meio-campo e rematam à bruta, como se fossem snipers em Sarajevo? Não foi o célebre Otto Glória que disse: “Entre o poder de fogo da espingarda e a fome que um pedaço de manteiga mata, eu prefiro a espingarda. A espingarda torna-me poderoso; a manteiga só me torna gordo”? Esperem. Não foi o Otto Glória. Foi o Herman Goering. Ups. *

Valha-nos o consolo de aquele de quem não se pode dizer o nome ter perdido em Glasgow. Dizem que Deus inventou o whisky para evitar que os escoceses dominassem o mundo. Aparentemente, para contrabalançar, Deus inventou também o Fernando Santos. Quem disse que Deus era compassivo e misericordioso?
Definhando num grupo que, tenham paciência, não era propriamente terrível, o presidente daquele de quem não se deve falar pediu agora aos sócios forte apoio para o jogo de Lisboa. Depois de contratar Fernando Santos contra todos os desejos dos associados, Luís Filipe Vieira solicita agora apoio aos mesmos associados, reproduzindo em linguagem futebolística o equivalente à chamada telefónica, das duas horas de madrugada, que todos os pais temem: “Mãe, eu não estou a dizer que espatifei o caro, mas preciso de boleia para casa!”

* Faço notar ao advogado dos herdeiros de Otto Glória que isto é o que se chama uma sátira. A mesma advertência vale para os descendentes de Herman Göering, não vão as gerações futuras tomá-lo por velhaco.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Sai Uma Para a Mesa do Fundo...



E que os alemães se lembrem sempre da noite em que vieram jogar a Lisboa!

segunda-feira, outubro 16, 2006

Isto Faz-se Muito na Suécia!

Há muitos anos que defendo que existem duas coisas genuinamente perversas no futebol português: os dirigentes que usam o blazer sobre os ombros, sem preencher as mangas; e a arbitragem. Há quem diga que o primeiro problema que identifico é uma palermice, mas isso são leitores sem sentido estético. Recordo que foi mais ou menos assim que começou a Alemanha nazi.
Ocupemo-nos hoje, porém, da arbitragem, uma área que eu, na minha ingenuidade, cuidei ter remédio com a instrução do Apito Dourado.
Há genericamente duas formas de apreciar a arbitragem em Portugal: um núcleo de pessoas considera que os árbitros deveriam ser deixados em paz, que são seres humanos como os outros, que erram como qualquer um de nós, que têm todo o direito de se divertirem com as prostitutas que quiserem, de jantarem com os dirigentes que entenderem ou de participarem em orgias nas ilhas que preferirem. Esse núcleo de pessoas é constituído genericamente… por árbitros. Há depois outro grupo, um pouco mais vasto, que entende que a nossa arbitragem está para o futebol como as fístulas estão para o pus: são canais que permitem a progressão da inflamação. E, nas infecções como no futebol, há que ter a certeza de que o pus escorre, viscoso mas alegre, na direcção desejada.
Na semana passada, no Tribunal de Gondomar, um dos arguidos do processo Apito Dourado – José Luís Oliveira – teve uma intervenção memorável que, só por malícia, não foi ainda incluída nos anais da retórica jurídica. Disse o senhor que as ofertas com que o SC Gondomar semanalmente contemplava os trios de arbitragem não faziam parte de uma estratégia de aliciamento dos juízes. Segundo ele, os relógios, as orgias, os jantares, as orgias, as pulseiras e as orgias não serviam para ganhar os favores dos árbitros. Cruzes, credo, que sugestão! Destinavam-se, pura e simplesmente, a garantir que árbitro e auxiliares não prejudicariam o clube.
Da mesma forma que, ao estacionarmos o carro, damos dois euros ao arrumador, não para pagar o serviço de estacionamento, mas para garantirmos que o carro não será riscado, com os árbitros paga-se antecipadamente, por prevenção, para impedir a viciação dos resultados desportivos.
A argumentação é promissora e raramente foi ensaiada por um arguido. Abre-se, aliás, um novo campo de defesa: o construtor imobiliário paga uma comissão antecipada à câmara municipal para garantir que não será prejudicado no futuro concurso público, o violador avança para a moça para garantir que não será por ela desflorado, o presidente do Benfica telefona ao major para receber garantias de que o árbitro nomeado não o vai burlar e, porque não?, o assassino perpre… prepretr… pertetra… errr… mata a vítima para evitar que esta o golpeie.
Neste estado de coisas, para lá da gargalhada sonora reservada ao arguido Oliveira, impõe-se uma pergunta decisiva aos dirigentes do Sporting: não estará na altura de providenciar uma orgia aos Olegários e companhia? Não para solicitar auxílio, alarves!
Para prevenção.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Isidoro Rodrigues Arbitro Cantor

Agora sim, com excepcional qualidade sonora. Chamo a atenção da estimada audiência para a mãozinha marota do artista-cantor. Será isto a doença das mãozinhas?

Isidoro Superstar

Tem má qualidade, tem sim senhor. Mal se vê a imagem, mas que querem? Os primeiros clips dos Beatles também estavam desfocados...
Tentarei trabalhar durante o dia de hoje na reprodução das lyrics. Dará mais trabalho do que a reconstituição dos manuscritos do mar Vermelho, mas creio que vos devo isso.
(Cortesia – outra vez – MSI)

quarta-feira, outubro 11, 2006

O Gafanhoto... Outra Vez



As semelhanças são assustadoras. Há 14 anos, o Sporting ganhou ao Grashoppers (1-2) na primeira mão da primeira eliminatória da Taça UEFA. A contenda parecia resolvida já na Suíça. À chegada a Lisboa, Leo Beenhakker, velha raposa, reconheceu que o Sporting era favorito, tinha estrelas de classe mundial (Figo, Balakov...) e, na melhor das hipóteses, o seu clube poderia aspirar à qualificação se beneficiasse de toda a sorte do mundo.
Avisado, Bobby Robson recusou a euforia e as facilidades previstas pelo adversário. Ninguém o escutou quando o treinador do Sporting avisou que um empate serviria e seria positivo. O resto é história: o Sporting perdeu (1-3) no jogo que "A Bola", com raro génio, descreveu como a noite em que a praga de gafanhotos atemorizou o rei da selva. Nunca me esqueci do «banho de bola» que os suíços desajeitados deram ao Sporting, que Beenhakker deu a Robson, que o avançado Élber deu a toda a defesa portuguesa.
Beenhakker treina agora a selecção polaca e não mudou nada. À entrada para este jogo - decisivo sobretudo para a sua selecção - reconheceu que pouco poderia fazer perante as estrelas portuguesas. Que, na melhor das hipóteses, se marcasse um golito nos primeiros minutos, poderia tentar resistir. Que Portugal era da elite e a Polónia não.
Avisado, Scolari lembrou durante a semana que um empate seria positivo. Ninguém o levou a sério - dos jogadores ao presidente da Federação. Nós, os semifinalistas do Mundial, vamos recear a Polónia? Foi para isso que fizemos Aljubarrota?
Afinal, o gafanhoto está velho, mas lúcido. A primeira parte da Polónia foi uma réplica da de Alvalade em 1992: os polacos pareciam mais fortes, mais rápidos, mais inteligentes. Um gafanhoto hiperactivo emergia em cada metro quadrado de relvado. Smolarek tinha o diabo no corpo.
Parabéns, Leo. Ainda não perdeste o jeito.

terça-feira, outubro 10, 2006

Rabo e Orelha

Ah! Ganda Ronaldo!
(cortesia MSI)

domingo, outubro 08, 2006

Erro de Simpatia


«Afastem-se, afastem-se! Deixem-me chegar ao pé do Rui», grita o médico, esbaforido, depois de uma corrida de 30 metros.
- O que tens, “maestro”? Onde dói?
- Ai! Ai! Ai!
- É a perna? É a perna?
- SIM, caramba! Parece que tenho mil facas espetadas na coxa.
-Hmmm! Isso, creio, pode ser mau! Deixa lá ver o edema, menino. Olá lá lá! É graaaande!
João Paulo Almeida cofia o cabelo ralo e olha, assustado, para Rudolfo Moura.
- Isto só lá vai com trepanação!
- Trepanação, doutor? Que exagero!
- Trepanação, “maestro”.
- Mas eu nunca vi optarem pela trepanação para tratar roturas na coxa. E eu estive no AC Milan, doutor.
- Prrrfftt, o Milan! Menino, a trepanação é a solução.
- Se o doutor o diz, que seja. Afinal, o seu departamento clínico é o melhor de Portugal.

E assim se fez. Dias depois, Rudolfo Moura troca impressões com João Paulo Almeida.
- Nunca tinha visto uma coroa de trépano daquele tamanho.
- É verdade, menino, foi uma intervenção e pêras.
- O “maestro” ainda não acordou, mas já deve estar melhorzinho.
- Claro, menino, claro. Não foi à toa que eu me decidi pela… infiltração. Bolas, era isso!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Um Fardo de Palha, Por Gentileza

O facto da semana foi inegavelmente produzido pelo presidente do Nacional da Madeira, que se comparou a Jesus Cristo, também ele perseguido por ousar ver luz onde outros pressentiam a escuridão. É evidente o exagero! Cristo não chega aos calcanhares de Rui Alves. Admitamos que salvar leprosos anima o espírito e até está muito bem para quem tem tempo em mãos. Mas Rui Alves bate-se destemidamente com os maiorais da Liga de Clubes. Dele diria talvez Fialho que os pézinhos sempre a mexer na Assembleia Geral da Liga, sempre activo e nervoso, levam a supor que sua excelência teria um relógio a trabalhar nos intestinos. Oh lá amigo, faça aos seus colegas o favor de não dar as horas!
Os seus apoiantes (que os há!) chamaram-lhe uma espécie de Rocinante sem Dom Quixote (ou seria o contrário?), em justa homenagem ao olhar inexpressivo de equídeo, treinado com veneno para os momentos em que o debate se torna palavroso. Pois Rui Alves é um homem de acção. Sente-se em casa quando o estrume substitui a alcatifa e o prato de porcelana dá lugar à manjedoura. Visto de cima, bem de cima, é um belo cabouco de homem! Que pena não ter miolos lá dentro.
Mas afastamo-nos do essencial. Amanhã, cumprem-se quatro anos sobre «este momento dourado de outro madeirense.». Para aqueles que não têm placa de vídeo no computador – e só para esses – descodifico. Aquela linha sublinhada esconde o vídeo do primeiro golo de Cristiano Ronaldo no campeonato português. Um golo de génio marcado por um génio (não há pleonasmo, não senhor. O Tello, o Manu ou o Sokota também podem potencialmente marcar golos de génio sem efectivamente o serem… Ahem… O Sokota talvez só quando recuperar o controlo sobre todas as componentes do joelho, mas, enfim, em teoria, é possível. Ou talvez seja possível. Já não sei).
Daqui a uns dias, mais precisamente no dia 30, cumpre-se um ano sobre o primeiro golo de Nani no campeonato. «Aqui.» (assumindo que há reflexos de Pavlov em si, leitor amigo, o sublinhado volta a querer dizer que há mais um vídeo lá longe, na outra ponta da Internet). E os motivos pelos quais lhe digo isto estão aqui. Desta vez, enganei-o. O sublinhado não queria dizer nada! Arf, arf, arf! (Riso alarve)
Continuemos. Há três anos, quando Ronaldo partiu abruptamente para Manchester, não faltaram as vozes trocistas que qualificaram a transferência como o maior barrete da carreira de Alex Ferguson (sim, Delgado, estou a falar de ti). O processo volta a repetir-se agora, quando se escrevem manchetes sobre o inevitável futuro de Nani. Que lhe falta maturidade. Que lhe falta talento. Que lhe falta atitude. Digo hoje o que sempre disse: não é preciso ser Átila, o Huno, para perceber que Nani vai singrar (não confundir com sangrar) no clube para onde o destino o levar. Leu bem: Átila, o Huno. Que eu saiba, pode-se ser torcionário e gostar de pétalas. É olhar para o exemplo do Mantorras e da sua recente paixão…
O post vai longo, pelo que resumo o sermão confuso que me lancei a pregar: Nani pertence ao mesmo molde de onde se partiram os Ronaldos e os Quaresmas (o minúsculo molde do Simão está em obras de requalificação). Em Itália, Espanha ou Inglaterra, o menino vai dar que falar. Mesmo que os Rocinantes não apreciem.

terça-feira, outubro 03, 2006

Não se arranja...



... um Prémio Stromp ou um Dragão de Ouro para o Departamento Clínico do Benfica?

Faço notar que o Vaticano, bem mais exigente nestas coisas, só pede três milagres para beatificações. Os médicos do Benfica têm, pelas minhas contas, pelo menos seis. Ele é o Mantorras, o Miccoli, o Simão, o Moreira, o Manuel Fernandes e agora o Rui Costa. Já se deram prémios por muito menos.