Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Discípulo de José António Saraiva???

Adriano Afonso, "A Bola", 29/09/2006.
«Valentim Loureiro é quem mais manda na Liga.
Sabe, isso até podia ser bom, mas acaba por ser mau.»

quarta-feira, setembro 27, 2006

É Muita Amabilidade


Haveria muito a dizer sobre o jogo de Moscovo, mas prefiro reproduzir o comentário do site oficial do Spartak Moscovo. Cá vai ele:
«СПАРТАК» СЫГРАЛ ВНИЧЬЮ СО «СПОРТИНГОМ»
Во втором матче группового этапа Лиги чемпионов «Спартак» сыграл вничью с лиссабонским «Спортингом» 1:1. У красно-белых гол на свой счет записал Денис Бояринцев.»

E está tudo dito! Para aqueles de vós menos letrados no cirílico (baixem a cabeça em sinal de vergonha, ó ignaros!), eis a prosa em português. Alerto para o facto de a narrativa russa ser pontualmente rude e vernacular, como a aridez das estepes ou a simplicidade dos kolkhozes. Sem mais delongas, cá vai a tradução da crónica.

«Leões de Lisboa Esmagam o Nosso Velho Spartak.
Como Aquiles, recolhidos na sua tenda, forjando as armas para a batalha, os leões lançaram-se destemidamente contra a muralha russa, em réplicas das fantásticas batalhas gregas. Com a mesma volúpia criadora com que Pigmalião modelou a sua estátua, o Sporting ridicularizou a equipa russa, encantando a multidão como Orfeu o fazia, quando tirava da lira uma ou duas notas.
Cedo se percebeu que a missão do Spartak era impossível, como uma espécie de suplício de Sísifo. O rolo compressor português esmagou todas as ambições, lembrando ao digno povo russo que, para o derrotar, teria sido necessário empenhar o cu e oito tostões. Os oito tostões ainda vá que não vá, reconheceram os jogadores russos. Agora, o resto, senhores, custa bastante!»
Do nosso repórter em Moscovo.

E O Pior É Que Ele Tem Razão...


Eduardo Henriques, em entrevista a "A Bola" (27-09-2006)
«Sou simpatizante do Sporting. Era sócio na altura em que saí, mas como o clube não reagiu da melhor maneira, resolvi deixar de pagar as quotas. Ao Alvalade XXI fui uma vez. O Sporting era um clube eclético e agora nem pavilhão tem para basquetebol, voleibol ou hóquei em patins, por exemplo. Assim, o clube vai perdendo mística.
Entristece-me. Já agora, gostava de aproveitar para dizer a grande diferença que existe entre Sporting e Benfica. Tenho um filho que joga hóquei em patins no Sporting. Quando fui à Luz, fiquei encantado com aquele mundo. O Benfica está a trabalhar muito bem as modalidades. E a aposta no ciclismo vai ter um grande sucesso.»

E o pior, repito, é que ele tem razão!

terça-feira, setembro 26, 2006

Não Resisto



Retirado da págna oficial do Manchester United: «As was the case in last year's disappointing defeat in Lisbon, the hosts aimed to take advantage of the referee by going to ground a touch easily.
Any budding thespians would do well to request a DVD of the game and take note of the hosts' masterclass in leaping, rolling and clutching.»


«Tal como sucedera na decepcionante derrota do ano passado em Lisboa, os donos da casa procuraram enganar o árbitro, lançando-se para o chão ao primeiro toque. Qualquer aspirante a actor dramático faria bem em requisitar o DVD do jogo e tomar nota do enorme talento dos anfitriões para saltar, rolar e ficar deitado.»

Das Hienas e dos Gnus

A natureza tem um sentido de humor cruel. Só assim se explica que a desgraçada hiena, senhora de discutíveis performances sexuais, tenha sido colocada na mesma savana que os promíscuos gnus para quem qualquer gramínea serve de colchão. Naturalmente, quando se é gnu, a coisa até tem alguma graça. Mas admitamos que, da perspectiva da hiena, a vida poderia ser mais alegre. Bem pode ela tomar uns pozes caros com’à fortuna que isto da selecção natural só vai à conta de cunhas e o gnu, está bem de ver, tem melhores conhecimentos.
Porque vos conto isto? Porque, na minha douta opinião, o futebol tem injustiças semelhantes. Há jogadores que deixam praticamente a pele em campo, que lutam bravamente por cada centímetro quadrado, que se empenham até à exaustão. Outros há, mais ligeiros, que confiam na capacidade de adaptação sem esforço, no instinto e não no treino, no golpe de oportunidade e não nos movimentos já rotinados. Pontualmente, a sorte sorri a estes últimos. Uma vergonha? Já lá dizia a minha comadre que, nisto da vergonha, cada qual toma da que gosta!
Anderson Polga é um defesa esforçado. Se eu mandasse (e é certamente por isso que eu não mando!), ele teria sido dispensado pelo menos duas vezes: quando se recusou a jogar no último jogo do campeonato 2004/2005 e quando deliberadamente optou por facilitar o despedimento de Peseiro (vide Halmstad; ou Paços de Ferreira!). Infelizmente, Polga ficou.
No futebol do Sporting, há hoje duas verdades absolutas:
1) Um dia, o Ricardo vai acertar o tempo de saída a um cruzamento.
2) O Anderson Polga nunca marcará um golo na vida!
Admito que a primeira lei pode merecer algum debate, mas a segunda é inapelável. Polga é a hiena do futebol mundial. Nunca vai f... perdão… Nunca vai picar o ponto (controlemo-nos, que isto dos blogues também tem público infantil!).
O próprio Polga já terá reconhecido a inquestionável lei da natureza. Gradualmente, terá até aceite a impossibilidade. Mas a natureza, repito, pode ser particularmente cruel. E, gozona, colocou ao lado do Polga um defesa que marca golos mesmo quando não quer. No ano passado, o Tonel marcou um dos golos mais incríveis que vi: no Restelo, depois de oferta do Marco Aurélio (obrigado, Marco. Aquele abraço!), lançou-se, desengonçado e, num improvável pontapé de escorpião, marcou golo. Pouco depois, frente ao Boavista, marcou também de calcanhar, em lance de discutível intenção.
Este fim de semana, o Tonel nem estava para se chatear. Estava frio, chovia a cântaros. Fizeram-no sair do banco, os estupores! Entrou em campo, pouco convicto e encharcado até aos ossos. Participou sem convicção no primeiro lance de bola parada e viu o destino premiá-lo com uma bola saltitona mesmo à sua frente, depois de oferta do guarda-redes (aquele abraço, Paulo!).
Marcou golo.
Não posso jurar, mas quase garanto que o primeiro sorriso do Tonel foi na direcção do Polga.

sábado, setembro 23, 2006

Roam-se de Inveja!


É com prazer que divulgo a boa nova: José António Saraiva, um dos grandes pensadores da nossa era, aceitou colaborar com o Mãos ao Ar e escreveu para os nossos leitores uma crónica tão ao seu jeito. Fundador do “Sol”, director inesquecível do “Expresso” e futuro galardoado com o Nobel da Literatura, José António Saraiva (JAS) tem seguramente veia para a escrita – no caso, creio, é a safena interna. A ele cabe a paternidade de algumas das ideias mais arrojadas do nosso século: a fundação de uma nova capital, entre Lisboa e Porto, sensivelmente onde hoje fica o povoado de Merdelim de Alcanena; a fusão compulsiva das candidaturas rivais de Cavaco Silva nas presidenciais para poupar tempo; a elaborada teoria genética segundo a qual os Saraivas (avô, pai e o próprio) seriam particularmente peludos e, como tal, mais aptos para a exibição de comportamentos masculinos.
Quando JAS acusa, os tiranos tremem. Quando JAS ataca, as instituições colapsam com estrondo. Quando JAS escreve, a literatura sofre terrível ataque e esconde-se, angustiada.
Sem mais introduções, eis JAS num rigoroso exclusivo da blogosfera.

Eu gosto muito de futebol. Já o meu pai gostava, mas eu parece que gosto mais. O meu pai era muito peludo, e eu também sou. Mas não sei se isso estará relacionado com o nosso gosto por futebol.
A maior parte das pessoas consegue construir frases com mais do que uma oração. Eu não. Por isso, argumento assim. Verbo a verbo. Mesmo assim, não me queixo. Vão-me lendo. E há muita gente que me elogia. Eu gosto muito quando me elogiam.
Por influência do meu pai, sou benfiquista. Os Saraivas sempre gostaram muito de futebol. E, um dia, eu gostava de provar que foi um Saraiva que inventou o futebol. Isso pode ser impossível? Pois pode. Mas eu gostava de tentar.
O Benfica não começou bem a temporada. Ora, isso é mau.
O Futebol Clube do Porto começou bem. Isso também é mau.
O Sporting começou bem, mas está a piorar. Ora, isso parece-me que já é bom.
Há duas verdades que os portugueses têm de perceber rapidamente: uma delas é que o país não merece uma figura tão genial como eu. A outra é que, quando o Benfica ganha, a economia avança.
Frequentemente, pedem-me números para corroborar as afirmações bombásticas que faço. Era o que me faltava! Eu não presto contas aos leitores. Quanto muito, são os leitores que me prestam contas a mim. Saberão eles a sorte que têm por eu perder tempo a escrever para eles?
Eu costumo tomar o pequeno-almoço na Versalhes. E, como brilhante observador do quotidiano que sou, já notei que, depois das vitórias do Benfica, vendem-se mais rissóis e croquetes. Se extrapolarmos este indicador para outros sectores-chave da economia (como os mercados de automóveis, comunicações, detergentes e panos de louça), verificamos que as vitórias do Benfica são muito positivas para Portugal. E isso é bom!
Não percebo por que motivo os dirigentes desportivos não me pedem opinião mais vezes. Comigo a mandar, o Apito Dourado resolvia-se em quinze minutos. Eu tenho olho para ver quem é culpado e quem é inocente. Mandava prender toda aquela gente ordinária com bigodes e barbas mal arranjadas. Mais aqueles dirigentes saloios de clubes do país rural. Tenho pavor àqueles apelidos de escriturários – ele é o Pinto, o Loureiro, o Machado, o Vieira, o Veiga. Faz falta a gente asseada e culta que eu invento para os meus romances. Não imaginam esta confusão se no futebol mandassem os meus Jacinto e Diogo, pois não? Já vos disse que sou muito peludo?
Não tenho muito mais a acrescentar. Portugal não me merece, mas eu continuo por cá. Tento educar este povo de trogloditas. Sou como o padre António Vieira. Figura ímpar da nossa cultura. Notável narrador da vida social. Pensador sem paralelo. Conselheiro de reis e governantes. Mas basta de falar de mim. O padre António Vieira também foi importante.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Caso de Polícia

Acabou o jogo. No túnel de acesso aos balneários, os jogadores das duas equipas trocam impressões sobre os 90 minutos. Dois deles têm uma discussão mais acalorada:
- Ó pá, não era preciso teres entrado daquela maneira…
- O que foi, meu cabrão da merda?
- Estava a dizer que podias teres-te feito à jogada de outra forma.
- Olha-me este! Tens muita sorte, se eu cá quisesse, tinha-te partido a perna e depois partia-te os cornos todos!
- Desculpa, eu sei que podias ter feito isso, só estava a defender a ideia de que podias ter sido mais brando na forma como tentaste interceptar o esférico…
- És mas é um “ganda” palhaço, já “tou” arrependido de não te ter partido todo.
- Mas, senhor Petit, não é necessário enveredar por esse tipo de linguagem, só estava a chamar a atenção porque acho que…
Neste entretém, passa o trio de arbitragem, mais quarto árbitro, e tentam apaziguar as coisas: “O que se passa? O jogo já acabou, deixem lá essas coisas”.
- O que foi, pá? Também queres barulho? Não te bastou a bela merda “d’arbitage” que fizeste e ainda andas aqui? “Vaitembora”, carago!
- Ó Petit, desculpa lá os modos, mas escusava de levar com os perdigotos…
- Olha outro! Devias era levar com uma langonha verde nas trombas!
O outro jogador intervém:
- Verde? Isso é comigo? Lá por jogar no Sporting não quer dizer que estejas a ser menos correcto comigo.
- Ò que car****! Vão-se os dois f****! Vão levar na bilha, montes de esterco! Puta que pariu!
- Tens razão, Petit, não me devia ter metido na conversa. Mas podes descansar que vou pôr esta agressão no relatório e a Liga vai tramar o gajo.
- Mas eu não fiz nada…
- Cala-te, car****! Ès “mêmo” um #&%$!*»#, filho da puta, paneleiro!
O árbitro resolve pôr cobro à situação. Olha à volta e vê vários polícias: “senhor guarda, faz favor de identificar este sujeito”. Os agentes, meio atónitos, não têm capacidade de reacção.
- Não ouviram o árbitro, f***-**! “Fáxavor de “indenticarem” este “gaje”!
- Mas eu sou o João Alves, não é preciso identificarem-me, jogo no Sporting…
Os polícias acercam-se do jogador e pedem-lhe o bilhete de identidade, o cartão de contribuinte, o boletim de vacinas, o imposto sobre veículos automóveis, conferes duas fotografias tipo-passe e dizem para o árbitro: “Já está identificado. Chama-se João Alves e a modos que joga no Sporting”.
Petit e o árbitro, mais serenos, dirigem-se lado a lado para as cabinas. Ouvem-se risos descontrolados entre os dois e um grito em uníssono: “Já os f****** outra vez!” Até à próxima, “xôr” Juõe Ferrêra! Ah, e “dxeculpe” lá “aquile” dos “predigotos”…

Nota – Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Embora baseada em factos da vida real, o autor adverte que a história é pura ficção e que não se responsabiliza pela coincidência de nomes e lugares. São apenas fruto da sua imaginação. Só assim se explica que um dos personagens responda pelo nome de Petit – vê-se logo que é irracional.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Falar de Formação para Desenjoar

Apesar de tudo, trabalha-se bem na formação dos “grandes” clubes. Por “grandes”, neste caso concreto da formação, entenda-se o Sporting, o FC Porto, o Braga, o Boavista, o Belenenses, o E. Amadora e o Vitória de Setúbal. Posso estar enganado, mas não me ocorre mais nenhum.
Identifico duas formas de lidar com os futebolistas da formação: o modelo do FC Porto, realista ao extremo, considera que praticamente nenhum júnior merece ascender directamente ao escalão principal sem penar um ou mais anos num clube a título de empréstimo. Recordo que mesmo os consagrados Fernando Couto, Jorge Costa, Sérgio Conceição (não era bem da formação) ou até Rui Barros foram forçados a partir pedra em clubes de objectivos mais modestos antes de merecerem a chamada ao plantel principal. Vítor Baía foi a excepção. Mesmo agora, com o exemplo do Sporting, o FC Porto não parece querer abdicar da fórmula. E se é verdade que Vierinha (veremos com que utilização) ficou na equipa principal, Paulo Machado e Bruno Vale já vão na segunda cedência, e Ivanildo e Hélder Barbosa na primeira. Nos quatro casos, falamos de jogadores que admiro e que seguramente farão parte do futuro do clube.
Em contraponto, há o modelo do Sporting. Com a extinção da equipa B, acelerou-se o programa que visa queimar a última etapa da formação, possibilitando ao jogador a ascensão ao plantel sénior depois do último ano de júnior. No passado, recordo que Figo, Peixe, Paulo Torres, Nuno Valente, Poejo, Porfírio, Beto, o anão nojento, Quaresma, Hugo Viana e Ronaldo seguiram este trajecto, com resultados ambíguos. Na actual equipa profissional, estão Custódio, Moutinho, Rui Patrício, Miguel Garcia e Nani que ascenderam directamente aos seniores, e Veloso, Djaló e Carlos Martins, que tiveram de rodar antes de merecerem a chamada definitiva.
Não há fórmulas absolutas para avaliar o sucesso da formação. É evidente que, ao apostar imediatamente em ex-juniores, o Sporting corre o risco de o foguete lhe rebentar nas mãos. É até argumentável que a Custodio e Garcia teria feito bem um ano de empréstimo “noutras realidades”, a célebre expressão que Carlos Queiroz utilizou quando despachou o Porfírio para os campos de treino pelados do Tirsense, para o menino meter juízo na cabeça.
A prática revelou, porém, uma lei perniciosa. Um jogador emprestado pela segunda vez raramente regressa a casa. Que me lembre, no caso do Sporting, só o Carlos Martins rompeu a tendência depois de dois empréstimos (Académica e Campomaiorense). Mas o Carlos é diferente em tudo. A começar pelo cérebro, que ferve em pouca água e não parece ser utilizado com a regularidade que merecia, passando pela hipocondria e pelo talento inimitável para jogar futebol.
Este Verão, o Sporting emprestou o Silvestre Varela pela segunda vez. Receio francamente que a cedência implique o desinteresse progressivo no jogador. E tenho pena. O Varela tem tudo para ser útil ao Sporting e não é seguramente inferior ao Bueno (e talvez ao Alecsandro). A ver vamos se a lei do segundo empréstimo será fatal.
E o Benfica? A politica de formação do Benfica faz-me sempre lembrar o proverbial bêbedo que procura a chave debaixo do bem iluminado candeeiro em vez do sítio onde a deixou cair. Afinal, ali é que há luz!
O Benfica vê o FC Porto e o Sporting com centros de estágio e não hesita em fazer um. Não sabe bem porquê, mas faz. Vê o Sporting e o FC Porto com modelos de recrutamento invejáveis e decide que também terá olheiros. Não estabelece critérios nem necessidades. Tem olheiros porque os outros têm. Observa o Sporting e o FC Porto com jogadores da formação no plantel e selecciona também dois marmanjos para o plantel principal. Não sabe porquê, mas age porque viu o que os outros fizeram.
Afinal, ali é que há luz!

Importa-se de Repetir?

"Já tenho 50 anos de sócio e já vi o Benfica a atravessar grandes crises. E nesses momentos apareceu sempre alguém credível."

Manuel Damásio, "A Bola", 20 de Setembro de 2006

segunda-feira, setembro 18, 2006

Sporting VS Paços de Ferreira 0-1 | Golo com a mão! 2006

Decidido como no tempo em que ainda não havia televisão.

domingo, setembro 17, 2006

Pssst... Ó João Ferreira!



Fiquei com uma dúvida depois do jogo de hoje: «isto» foi a troco de dinheiro ou de prostitutas? Dizes-me agora ou tenho de esperar três anos para ler no "Público"?

sábado, setembro 16, 2006

O Elo Mais Fraco

Conheci o Hélio há mais de dez anos. É daquelas pessoas de que se gosta ao fim de cinco minutos: é directo, objectivo (brutalmente objectivo, diria mesmo) e move-se por paixões. A dele - vá lá compreender-se porquê - é o Vitória. Não é do Sporting, do Benfica ou do FC Porto. É do Vitória.
Um dia, o Hélio contou que tinha alguma pena de não ter aceite os convites do Benfica (no último ano de júnior) e do Sporting (no segundo ano profissional). Não viajara para Lisboa, onde seguramente consolidaria a carreira e a carteira, porque o pai não suportaria vê-lo jogar com outra camisola. Em Setúbal, nascera. Em Setúbal, morreria desportivamente.
No Vitória, tornou-se rapidamente capitão. Subiu e desceu de divisão sempre de verde e branco. Ganhou uma Taça de Portugal que, perdoem os benfiquistas, mereceu mais do que ninguém. Acabou a carreira como a maior figura do futebol do Vitória depois do JJ.
No ano passado, convidaram-no para o lugar do morto deixado vago por Norton de Matos em face da vergonhosa crise financeira do clube. Cego, aceitou de pronto e sem condições prévias. "Ao Vitória não se diz não", disse.
Este ano começou mal. O plantel é limitado, a tesouraria está vazia, a direcção do clube está de mãos atadas depois da demissão do presidente da Câmara, que segurou o barco nos últimos tempos.
Em face de duas derrotas e um empate, o Vitória prescindiu rapidamente do Hélio. Dizem os jornais que ele escutou a notícia, juntou os objectos pessoais num saco de plástico e voltou para casa em lágrimas. A carreira do Hélio como treinador acabou ontem, estou certo.
Acreditem os setubalenses, porque vem de um adepto de um clube que trata tão mal ou pior as suas lendas: o Vitória não podia ter sido mais ingrato!

quinta-feira, setembro 14, 2006

Isso, Tenham paciência, Mas Não!


Expliquem-me por favor, porque eu não entendo: qual é o limite para a humilhação tolerável pelos sportinguistas?
Na segunda-feira à noite, vi um grupo de sportinguistas entretidos a ver o Leiria-Beira-Mar. Abra-se um parêntese para dar conta, a bem da narrativa, que se notava que eram sportinguistas pelo uso judicioso dos talheres. E pela utilização dos guardanapos de acordo com o fim sonhado pelos projectistas. E pelo odor, ou pela ausência dele. E por não usarem as chaves de casa para se coçarem, mesmo sofrendo da doença de Addison, que aliás tem nome de jogador brasileiro dispensado do Gil Vicente.
Divagamos. Admitamos que sim, que eram sportinguistas, excepto talvez o que sofria da doença de Addison. Esse devia ser do FC Porto. Diz que é coisa que se apanha por falar muito ao telemóvel.
Há duas coisas que, por muitas cambalhotas que o mundo dê, nunca se alteram: uma é o penteado do José Veiga, alapado ao cerebelo por uma camada inamovível de laca; a outra é, lamento reconhecê-lo, a capacidade inata dos adeptos do meu clube para se colocarem a jeito de novo pontapé por parte de quem já (n)os enganou.
Enquanto o jogo em causa se desenrolava, aquela gente só queria ver sofregamente uma coisa: um golo do Jardel. Expliquem-me por favor, porque eu não entendo: PORQUÊ?
Pessoalmente, preferia oferecer à ciência três dos meus rins [tenho quatro] a saber que o Jardel marcaria mais um golo. Preferia comprar casa num cruzamento entre uma fábrica da Portucel e um matadouro sem certificação [os benfiquistas sabem bem do que falo] se isso garantisse que ele não marcaria mais nenhum golo. Preferia… enfim… já têm uma ideia.
Caso não se recordem, Jardel foi o primeiro funcionário da história do Sporting a alegar baixa psiquiátrica para não trabalhar. Foi Jardel que forçou até ao limite uma transferência que só ele, e o cabelo de José Veiga, teimavam ser possível. Foi Jardel que mais tarde contou ter usado drogas, ter bebido abundantemente e ter tido vontade de jogar no Benfica. A droga e o álcool ainda vá, que um homem não é de ferro e uma vez não são vezes. Agora o resto?
Tenho acordado com suores frios à noite. Na maior parte das vezes, são as dinamarquesas (são quatro, uma para cada rim) que me fazem cócegas, mas uma vez por outra preocupa-me que o Jardel seja recebido em Alvalade com indiferença. Ou pior: com aplausos, porque “nós, os sportinguistas, somos diferentes!” Mas quais diferentes, qual carapuça? Até sugeria que o recebessem com frascos de ácido sulfúrico não fosse o risco de o homem os beber em duas golfadas.
Lei Feng disse uma vez: “Devemos tratar nossos inimigos sem misericôrdia, sêndo tão frios como o rigoroso inverno.” Quem é Lei Feng? – perguntam vocês. E, mais pertinente ainda, por que diabo fala Lei Fen em brasileiro? São questões que, por ora, deixo em aberto. Julgo que temos já muito material para reflectir.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Parabéns, Benfica

Para provar que não guardo rancores, quero deixar as minhas felicitações sinceras – e sem reservas – ao Sport Lisboa e Benfica pelo 98.º aniversário que a Instituição hoje completa. Parece que foi ontem, mas foi no já distante dia 13 de Setembro de 1908 que nasceu o Sport Lisboa e Benfica.
Não me sentiria bem se, enquanto irmão mais velho, não felicitasse hoje a jovem agremiação da Luz. Que o centenário de 2008 traga tudo de bom.

(a pedido de várias famílias, recuperamos um trecho da prosa que, há meses, dedicámos à fundação do Benfica):
Imaginem a cena:
Cosme Damião vai à farmácia Franco e trava histórico diálogo com o farmacêutico Pedro Augusto Franco.
- Ó sôr Pedro. Como vai passando?. A modos que os meus vasos sanguíneos da região anal se dilataram e me causam dor, desconforto e prurido..
- Ó diabo, sôr Cosme. O senhor não tem tino. Aquela bicicleta é para ser montada com selim.
- Bem sei, bem sei. Mas de maneiras que me faço esquecido.
- Pois é, mas a hemorróida é mais levada da breca do que sua alteza, o rei D. Carlos. A modos que o meu amigo deve lavar a região anal com água, após a evacuação, e deve enxaguar com toalha felpuda. Além disso, se o meu bom e viril amigo utilizasse roupas íntimas de algodão em vez dessa tanga de pele de leopardo, talvez lhe doesse menos.
- Essa da toalha felpuda fez-me lembrar que há muito tempo que não fundo um clube.
- Ora, ora. Estando o meu amigo em Belém, como vai chamar ao seu clube?
- Pode ser... Benfica. Faz todo o sentido.
É evidente que o diálogo é ficcional, até porque não são muitos os farmacêuticos com conhecimentos de proctologia. E o único indício que temos de que Cosme Damião poderia sofrer de hemorróidas é o seu bigode voluptuoso. Indício ténue, é certo, mas revelador.

terça-feira, setembro 12, 2006

Feito!

Há muito que já escrevi o livro. Vou amanhã plantar uma nespereira. E já vi, por fim, o Sporting marcar um golo ao Inter. Creio que não falta mais nada!

sexta-feira, setembro 08, 2006

Hoje Não Escrevo. Só Copio

Do "Público", 8 de Setembro de 2006.

Partes das escutas telefónicas onde é interveniente Luís Filipe Vieira. Os seus interlocutores são Valentim Loureiro e Pinto de Sousa

Luís Filipe Vieira (LFV) - Eu não quero entrar mais em esquemas nem falar muito...(...)
Valentim Loureiro (VL) - Eu penso que ou o Lucílio... o António Costa, esse Costa não lhe dá... não lhe dá nenhuma garantia?
LFV - A mim?! F.., o António Costa? F... Isso é tudo Porto!
VL - Exacto, pronto! (...) E o Lucílio?
LPV - Não, não me dá garantia nenhuma o Lucílio!
VL - E o Duarte?
LPV - Nada, zero! Ninguém me dá!... Ouça lá, eu, neste momento, é tudo para nos roubar! Ó pá, mas é evidente! Mas isso é demasiado evidente, carago! Ó major, eu não quero nem me tenho chateado com isto, porque eu estou a fazer isto por outro lado.(...)
VL - Talvez o Lucílio, pá!
LPV - Não, não quero Lucílio nenhum!(...)
VL - E o Proença?
LPV - O Proença também não quero! Ouça, é tudo para nos f...!
VL - E o João Ferreira?
LPV - O João... Pode vir o João. Agora o que eu queria... (...) Disseram que era o Paulo Paraty o árbitro... O Paulo Paraty! Agora, dizem-me a mim, que não tenho preferência de ninguém (...) à última hora, vêm-me dizer que já não pode ser o Paulo Paraty, por causa do Belenenses.
Pinto de Sousa - A única coisa que eu tinha dito ao João Rodrigues é o seguinte... É pá, há quinze [dias] ou três semanas, ele perguntou-me: "Quem é que você está a pensar para a Taça?"... Eu disse: "Estou a pensar no Paraty"...
VL - Bem, o gajo está f... (...) O Paraty então não consegues, não é?
PS - O Paraty não pode ser. (...) Até para os árbitros restantes, diziam assim: "É pá, que diabo, este gajo tem tantos internacionais e não tem mais nenhum livre, pá?!".(...)
VL - Eu nem dá para falar muito ao telefone, que ele começa para lá a desancar. (...) Mas qual é o gajo que o Porto não quer?! O Porto quere-os todos, pá! Qualquer um lhe serve!
PS - É... Por acaso é verdade...
VL - O Porto quer lá saber disso!
PS - Se é o Lucílio... Se fosse o Lucílio, era o Lucílio, se fosse o António Costa, era o António Costa...
VL - Ao Porto qualquer um serve!

quinta-feira, setembro 07, 2006

Eu escolho o florete. Que é como quem diz: “Aceito o repto do Guitarrista”

(resposta à crónica inflamada, porque repleta de pus, do meu rival)

Uma das virtudes da blogosfera é a disponibilização da arena ideal para combates intelectuais lendários. Felizmente, esse combate ideológico raramente interfere com a discussão javarda de balneário, da qual este blogue é notável paladino [a modéstia em excesso é a vaidade dos tolos]. E ainda bem. Retirar o chavascal da blogosfera seria reduzi-la a meia dúzia de contributos tontos de antigos-comentadores-que-perderam-a-sua-coluna-de-jornal e de aspirantes-a-colunistas-demasiado-patetas-para-merecerem-uma-coluna-de-jornal.
Naturalmente, como já dizia o Homem-Aranha, ter grande poder traz também grandes responsabilidades. Sinto-o na pele diariamente: quando me trazem fedelhos ranhosos para eu abençoar; quando me pedem para eu curar com o tacto os doentes carregados de beribéri (tarefa, aliás, muito mais difícil de realizar quando mo pedem por computador); e, sobretudo, quando aparecem das esquinas mais esconsas os pretendentes a duelista, a maioria dos quais de duvidosa proveniência, qualidade ou odor. Se não me ponho a pau, qualquer dia estou a esgrimir argumentos com o Emplastro. Não pode ser!
A minha cruz, receio, é penar por estes amontoados de zeros e uns em busca de um Otto Octavius. De um rival benfiquista capaz [há aqui, lamento, uma contradição insolúvel de termos]. De alguém que, sem me salpicar o ecrã de perdigotos, tente fazer ruir o edifício do sportinguismo com a força da pena. Parecendo que não, atacar-me com uma crónica de escárnio é um tudo-nada diferente de me oferecer lambadas na tromba. E atenção: gosto tanto de lambadas como outro qualquer. Mas tem de ser em doses muito pequenas.
O Guitarrista, para quem não conhece, é um miúdo com algum jeito. Articula quase sempre o sujeito com o predicado e tem dias em que consegue chegar ao fim das crónicas sem perder todos os leitores. Não o censuro, acreditem. Na maior parte das vezes, até tolero a sua presença na mesma caixa de comentários onde também estou, o que diz bem da minha infinita bondade.
Ao longo do ataque que me dirige, vê-se que o tocador de banjo sabe bem qual é a questão essencial da polémica. Nunca nos diz qual é, mas vê-se que sabe.
Acusa-me, a dado passo, de ter ido à Luz para tratar um problema mal resolvido de culpa. É bem achado! O recalcamento freudiano é assim usado pela milésima vez na Internet para justificar uma questiúncula desportiva. Pode ser que dê prémio, Guitarrista.
Fazendo jus dos chistes que justamente o celebrizaram, o ás do cavaquinho ensaia uma relação estafada entre os patos e as águias, sem passar pela indispensável galinha. Talvez a novidade não tenha ainda chegado ao Dianabol, mas conheço um grande número de tubos rígidos de policloreto de vinilo que esboçariam um raciocínio mais elaborado. Aliás, chamo a atenção dos leitores para o facto de a maioria dos tubos rígidos de policloreto de vinilo que conheço não terem completado sequer a instrução primária.
Proponho portanto que os leitores coloquem as mãos na consciência [um de cada vez e, de preferência, pegando apenas na sua], exercício não só perigoso como peganhento. É o tocador de uquelele que dá pelo nome de Guitarrista o arqui-rival por que tenho esperado? Decidam os senhores.

P.S.: O Sancho ficou particularmente sentido por não ter sido visado. Nem uma piada sobre as varizes das pernas dele foste capaz de fazer.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Borracha Traquina

Com vénia ao Luciano Rodrigues, reproduzimos uma passagem do Blog do Belenenses. Antes, porém, uma curta linha de contexto:
No dia 30 de Agosto, o presidente do Belenenses denunciou na televisão que o regulamento das competições para a época 2005/2006 tinha sido propositadamente modificado. Mais concretamente, no site da Liga de Clube, um parágrafo do ponto 4 do artigo 87 foi propositadamente obliterado. Mais curioso ainda: na quinta-feira, já não se conseguia aceder aos regulamentos attravés da página da Liga. A página foi entretanto afixada novamente, com um espaço grosseiro entre o ponto 4 e o ponto 5.
Já agora, o parágrafo apagado dizia o seguinte:
§ Único – Se um clube da Primeira Liga for punido, por sanção disciplinar, com as penas de desclassificação, baixa de divisão e exclusão, a vaga será preenchida nos termos do número anterior.

«Procura-se
Parágrafo Único pertencente ao Artº 87 do Regulamento das Competições da Época 2005/06, que fugiu para parte incerta. Mais se informa que hoje mesmo desapareceu de sua casa, no Site da LPFP, o link para os Regulamentos das Competições.
Na última vez que foram vistos, fugiam a sete pés, com medo do Major Batatinhas que ia atrás deles aos gritos "Quantos são, quantos são?" e do Rei do Soquete, que pensava que eles fossem animais do Parque Jardim "Zoológicos"...»

sexta-feira, setembro 01, 2006

Explicado!

Mão amiga ofereceu o indício que faltava para desmontar o complexo caso Mateus. Não sabia, mas fiquei a saber, que o Gil Vicente é a filial número 1 do Benfica.
Está tudo explicado! Os tiques de oratória, as alarvidades intelectuais, o genuíno menosprezo pela gramática e... pelo sabonete. António Fiúza é, se mo permitem, Luís Filipe Vieira em versão não censurada.